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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NILTON RESENDE

 

o poeta, professor, ator e pesquisador alagoano, Nilton Resende, foi premiado no projeto Alagoas Em Cena (2006), na categoria poesia com o livro “O Orvalho e os Dias” (Edufal/Trajes Lunares). Ele atua na companhia teatral Ganymedes, grupo, formado em meados de 2006 que estreou com o espetáculo O Mágico (2007), baseado na obra Mário e o Mágico, de Thomas Mann. Edita o blog www.trajeslunares.wordpress.com, onde podem ser coletadas informações completas sobre o autor.

 

Página preparada por SALOMÃO SOUSA

RESENDE, Nilton. O orvalho e os dias. Maceió: EDUFAL, 2007.   84 P.  14X21 cm. ISBN 978-85-7177-3202    “Premiado no Projeto Alagoas em Cena 2006”.   Col. A.M. (EA)

 

EsPeLhO

 

Há duas irmãs mancas:

a que diz e a que é.

 

Uma clama vir a ser;

outra vive o não saber.

 

Uma quer a carne da outra,

que deseja o seu sabor.

 

Uma manca por destino.

Outra manca por fraqueza;

 

muitas vezes, por desleixo.

São duas irmãs, as mancas,

 

que dividem lar soturno:

nuvens passam adiante,

 

gritos ecoam no mundo.

Uma toma a mão da outra;

 

vem-lhe certa estranheza:

olha fundo em seus olhos,

 

vê-se neles com justeza.

Eles falam de horrores;

 

mas é desta a tristeza.

Ei-las: duas irmãs mancas:

 

se de uma jorra o sangue,

noutra vê-se a sua cor;

 

uma canta os lamentos,

outra sente a grande dor.

 

Vejo duas irmãs mancas:

uma é Frágil Gardênia.

 

Outra é Fingida Flor.

 

 

O menino bate a pedra.

 

O que fazes, ó menino?

Bato a pedra, bato a pedra.

 

Pra que bates, ó menino?

Farei nela linda flor.

 

E por que tu tão transido?

Por que choras, meu menino?

 

Sei que tudo é perdido:

ela não terá odor

 

 

O ORVALHO E OS DIAS

 

Dispo-me

Como quem quer se dar. Desvelando-se,

Expondo as faces, as dobras,

Os caminhos.

Entregando o peito, a nuca.

O calcanhar. Como quem necessita

Ser frágil no braço do outro. Desmaiado

Num colo precioso. Dispo-me

Para ser amado.

Mantendo um véu.

 

 

PARA A MATADA (E QUASE MORRIDA) AMADA

 

Mostra agora o teu rosto

E te aproxima.

Quero Candido

Achegar-me junto a ti;

Um teu cheiro,

Leve, perto aspirar.

Toda tua essência

Integra sentir.

Roça já o teu lado

Em meu lado.

Suga esse adocicado

Que exalo.

Dá-me logo esse teu veludo casto

Que tu tens, tão febril, sofrido assim.

Desses teus olhos ardentes quase brasa

Dá-me logo tuas lágrimas melhores.

E te embebas

Deste meu beijo sincero:

Ele é teu –

O meu impoluto carmim.

Vem inteira, vem materna,

Vem amável.

Dá-me, fêmea, os teus braços.

O teu corpo.

E então também me darei

Inteiro.

Minha carne,

Minha alma para ti.

 

 

PROFECIA

 

Um dia a mulher cobrará o sangue do esposo,

Escorrendo perene.

E ele vai querer saber do cálice, suspenso nas mãos da mulher.

E olhará nos olhos dos que o beberam.

E também nos

Daqueles que cuspiram em seu bojo e o chutaram.

Derramando

Seus rubis.

 

 

TEMPOS: NO TEMPO

 

Mira: à tua frente o nebuloso;

Às costas, o abismo fendido,

Na fronte carregas trouxa pesada.

Das o teu passo adiante

E sempre. O fardo te curva,

O volume recrudesce. Que massa

Imensa essa que te verga.

Não olhes atrás.

Ou o peso da trouxa te lançará

No abismo – abismo de ti.

Mergulha na nuvem

Que é sempre caminho.

Teus cornos perfuram o tecido.

São ocos teus cornos.

E recebem o fluido da trouxa.

Sois um: tu e ela.

Mergulha na nuvem.

Dá o teu passo certo.

Mesmo que duvidoso.

Dá o teu passo sempre.

Até que a boca

Imensa te sugue

Da frente a nevoa.

Abrindo o caminho

Mais claro. E certo.

 

 

O PEDIDO DO POETA

 

Deixe-me vê-la por um instante mais.

Contar-lhe ao ouvido: vai, toma teu melhor vestido.

Coloca-te a melhor seiva, perfuma-te. Calça-te

Com as sandálias guardadas (pensava que as não ia usar).

Arruma o cabelo no ato, mantem o teu pescoço nu,

E põe um sorriso na face – os olhos cercados de azul.

Toma logo a minha mão, cerra os olhos-anil.

Abraça-me

Nas longas noites (eu te aquecendo no frio). Fecha,

Fecha

As pálpebras.

Quando as abrires, será rebatizada;

Eu

Te dizendo: “Laetita”. E tu muito alegrada:

“Não me chamo eu já assim”?

“Queria apenas lembrar que Laetita não nos parecias”.

E darás três saltos de êxtase,

Extremas tuas alegrias.

Deixe-me. Deixe-me vê-la por um instante mais.

Contar-lhe ao ouvido: vai,

Apressa-te, toma teu melhor vestido. Que ao fim

Tudo será baile. Ao fim, tudo será festa, rodeios em danças

Faustosas, na sala dourada os pares, a pleniplural

Multidão

Cantando em plenos ares: é vero o gozo-canção.

 

 

 

Página publicada em setembro de 2012


 

 

 
 
 
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