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                   EZECHIAS DA ROCHA 
                   
                   
                  Ezechias Jerônimo da Rocha nasceu a 8 de dezembro de 1898, em Sertãozinho  (hoje Major Isidoro — homenagem que os alagoanos prestaram ao velho patriarca  fundador daquelas brenhas e avô do poeta).  
                  Fez os preparatórios no «Colégio II de Janeiro» e o curso de Medicina na  Bahia. Clinicou em Maceió durante trinta anos. Foi diretor da Saúde Pública,  deputado estadual e catedrático de História Natural do Colégio Estadual.  
                  Foi  senador federal pelo Estado de  Alagoas. Publicou: «Musa Antiga» Maceió, 1947, coletânea de versos condoreu»; com  que ganhou o «Prêmio Otton Bezerra de Melo», conferido pela Academia Alagoana  de Letras, de que é sócio e ocupante da cadeira de Cassiano de Albuquerque; «A  Vida dos Cristais», tese para a cadeira de Histôria Natural, do Liceu Alagoano.  
                    
                  MOMENTO  
                    
                  Tudo acaba, meu filho, nesta vida!  
                  O poder, a fortuna, a sorte dura,  
                  A mesma glória, ainda a mais subida  
                  E o próprio pó da fria sepultura.  
                   
                  Que seja sempre nobre e comedida  
                  Tua ânsia de progresso e de ventura:  
                  Raro palmilha a Terra Prometida  
                  O tolo visionário que a procura.  
                   
                  Tudo acaba, meu filho. Resta apenas,  
                  O espírito a boiar nas trevas plenas,  
                  Ou no abismo de luz da Divindade.  
                   
                  Os teus problemas, pois, enquadra-os nisto;  
                  Não te afastes jamais da lei de Cristo  
                  E trabalha fitando a Eternidade!  
                    
                    
                    
                  CONSELHO PATERNO  
                   
                   
                  Ao prêto velho, trôpego, alquebrado,  
                  Aos pobres anciãos de mão tremente,  
                  Atende-os tu, meu filho, paciente,  
                  E nunca lhes recuses um bocado. 
                    
                  Além de te prostares cristãmente,  
                  Presta um preito ao lidador cansado,  
                  Um herói, bem possível, do passado,  
                  Nas lutas pela glória do presente.  
                   
                  Atende-os. São a própria experiência,  
                  Que, justa e sábia, quase sempre  iguala  
                  Ao mesmo verbo, à luz da Providência.  
                    
                  Meu filho: Deus, que fala no  Evangelho,  
                  Muitas vezes ao mundo também fala  
                  Pela boca de um pobre negro velho. 
                    
                    
                  Extraídos de: 
                    AVELAR, Romeu de.  Coletânea  de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro:  Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.   15,5x23 cm. 
                  Página  publicada em novembro de 2015 
                    
 
                  
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