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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



SÉRGIO VIEIRA 

Poeta e político moçambicano, Sérgio Vieira nasceu em 1941, em Tete (Moçambique).Licenciado em Ciências Políticas, desde jovem se tornou activista político. Durante os estudos universitários, em Lisboa, esteve estreitamente associado às actividades culturais da Casa dos Estudantes do Império (CEI) e, depois, exilado em Dar-es-Salam (Tanzânia), dirigiu o Departamento de Educação e Cultura da FRELIMO. Após a independência do seu país, exerceu o cargo de Governador do Banco de Moçambique e o de Ministro da Administração Interna.

 

Quanto à sua actividade literária, colaborou em alguns jornais e revistas, como o Jornal de Angola e a Mensagem (CEI), publicou também Memória do Povo (1983) e está incluído em várias antologias de poesia, tal como Poetas Moçambicanos (1962), Breve Antologia da Poesia de Moçambique (1967), Poesia de Combate (1977), No Ritmo dos Tantãs (1991).

 

 In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008.

Disponível em: http://www.infopedia.pt/$sergio-vieira>.

 

TEXTO EM PORTUGUÊS  TEXTO EN ESPAÑOL

ALV ORADA

(um canto de confiança)

 

Sobre ti,

com o sangue

         e a tristeza que nasceu em nós,

desce a luz do dia que se faz.

Como morre na terra a vida,

         para que outras vidas germinem ao sol,

como se entrega crepitando ao fogo

         o ramo forte da árvore,

assim,

vida e calor,

grito novo de esperança,

chegas tu, no mistério do luto.

E ainda doloridas

         te oferecemos as nossas mãos trabalhadoras,

         vermelhos e tristes

         te entregaremos os nossos olhos vigilantes,

e as nossas vidas de combatentes

mil vezes serão tuas,

no grito novo e enorme

         como o flutuar da bandeira que içaste:

                   A luta continua

 

e sobre ti,

         com a tristeza de manhã de Fevereiro,

com a esperança do Sol que nasce,

com a força imensa da vida

que cresce no ventre da mulher,

sobre ti,

         desce a confiança do partido e do povo.

 A ti,

         reivindicamos a purificação e vingança

         que o nosso sentido de justiça exige,

         queremos um fogo ainda maior

         que ao marulhar das ondas do Índico

         respondam os canhões da esperança,

         que o limpopo transporte convulsivas

         as carcaças de pontes,

         que o Zambebe se transforme em Rovuma de Maputo

e a tua mensagem

         faça de nós ciclone devastando o inimigo.

E queremos

         no amor que te damos,

         na fé em que te envolvemos,

que nos transportes ao futuro

e faças da esperança das buganvílias

         grite alegria na pátria

         e o sangue se torne apenas recordação.

À Pátria que ele nos deixou

         deves acrescentar a revolução que a bomba

         deixou incompleta

e de nosso grito

         Independência ou morte

queremos construída

         a realidade do

                   Venceremos 

 

 

 

PORQUE SÃO COMO FLORES CAMARADAS

Porque são como flores camaradas
          as crianças que na Revolução
          descobrem o mundo.
Sobre o matope* pestilento
          da sociedade antiga
afirma-se
          frágil ainda
a planta nova de amanhã.
É no espaço duro e coletivo
          da enxada devorando a mata
que nasce a unidade
e na inteligência mobilizada
          no interesse comum        
          forja-se a consciência nova
                    camarada.
Como raízes dolorosamente
          penetrando por entre as pedras
buscando a água
          assim somos camarada
          aprendendo por cima das asperezas dos
                                       nossos erros
compreendendo
          na secura algébrica das fórmulas
 assimilando
          a seiva popular que nos faz crescer fortes.
E a ideia nova
                         camarada
como a semente
realiza se na terra.
E não são milagres
                       de deuses e espíritos
o que acontece,
apenas homens
                    pedra por pedra
levantando a represa
e na alegria da horta
          que se oferece
ecoam os cânticos da enxada.
Assim camaradas cresce a revolução
          revolucionários educando
          futuros revolucionários,
da guerra
          nascendo o homem que vence a guerra
na cooperativa
          gerando-se a indústria de amanhã
da FRELIMO
          vindo as gerações
                    do socialismo construído.

 

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TEXTO EN ESPAÑOL

Traducción de XOSÉ LOIS GARCÍA 

ALBORADA

(um canto de confianza)

 

Sobre tí,

         con la sangre

         y la tristeza que nació en nosotros,

desciende la luz del día que se hace.

Como muere en la tierra la vida,

         para que nuevas vidas germinen al sol,

como se entrega crepitando al fuego

         la rama fuerte del arbol,

si,

                   vida y calor,

         grito nuevo de esperanza,

llegas tu, en el mistério del dolor.

Y aú doloridas

te ofreceremos nuestras manos trabajadoras,

rojos y trites

         te entregaremos nuestros ojos vigilantes,

mil veces serán tuyas,

en el grito nuevo y colosal

         como el hondear de la bandera que izaste:

                  La lucha continúa

 

y sobre ti,

con la tristeza de la maña de Febrero,

         con la esperanza del Sol naciente,

         con la fuerza inmensa de la vida

         que cresce em el vientre de la mujer,

sobre ti,

         desciende la confianza del partido y del pueblo.

A ti,

         reinvidicamos la purificación y venganza

         que nuestro sentido de justicia exige,

         queremos un fuego aún mayor

         que al agitarse las olas del Índico

         respondan los cañones de la esperanza,

         que el Limpopo transporte convulsivas

         las carcasas de puentes,

         que el Zanzebe se transforme em Rovuma del Maputo

y tu mensaje

         haga de nosotros ciclón devastador del enemigo.

Y queremos

         en el amor que te damos,

         en la fe en que te envolvemos,

que nos transportes al futuro

y hagas de la esperanza realidad.

Es necesario que el rojo de las plantas

         grite alegría en la patria

         y la sangre se convierta solo en recuerdo.

 

A la Patria que él nos dejó

         debes añadir la revolución que la bomba

         dejó incompleta

y de nuestro grito

         Independencia o muerte

queremos construí

         la realidad del

         Venceremos. 

Poemas publicados originalmente en la revista HORA DE POESIA, n. 19-20, Barcelona, sin fecha. Ejemplar cedido para la Biblioteca Nacional de Brasilia por Aricy Cuvello, y la reproducción con la debida anuência del traductor.

Página publicada em março de 2008            Poesia moçambicana

 


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