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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MIRANDA, Antonio. A Senhora Diretora e outros contos.  Ilustrações de Zenilton de Jesus Gayoso Miranda.  Brasília: Thesaurus, 2003.   150 p. ilus.  Apresentação de Elmira Simeão.  ISBN 978-85-7062-383-6  

 

APRESENTAÇÃO

Por Elmira Simeão

Lendo as peripécias de uma Senhora Diretora, ponho-me, de novo, a decifrar as variadas interfaces de 'Antonio Miranda. Em cada um dos contos deste novo livro, eu o encontro. Seja nos personagens que narra com total imparcialidade, ou nas palavras espalhadas entre páginas, histórias e descrições bucólicas que ecoam um discurso pessoal.

Logo de início, na implacável sombra da Senhora Diretora, lá está ele. Na reunião burocrática do serviço público, divertindo-se por recolher do cotidiano, fábulas para o livro. A ironia do autor com a diretora é perversa, mas também confortadora. Vê na bruxa as inúmeras faces do ser humano. Ele também está no terremoto de Caracas, trepidante. Dentro da biblioteca, bisbilhotando a Senhora Diretora no banheiro. Entro com ele invasivamente para entender o mistério da velha senhora em sua ultima inspeção. Há um trágico e cómico desfecho.

Depois sou apresentada a Michaux. Apesar de parecer o personagem principal, o francês é apenas um pré-texto. A vingança das professorinhas é implacável, colocando-o como mero objeto de lazer. Yara sim, é perfeita. Com uma continental missão redentorista, se sobrepõe às Nações Unidas do amante, e o experimenta, reprovando-o. Novamente testada pelo imprevisto, a diretora se mostra inabalável, mesmo diante de um inconveniente relatório de reformas. Sua solidão é seu prémio.

Ao encontrar Pérola, outra Senhora Diretora, aprendo que só os burros não mudam de atitude. José Luiz, entre cruzes e espadas, saiu-se bem. Vejo-o no conto onde a paixão incita e é capaz de motivar uma vingança, inspirada em anos e anos de recolhimento. Em alguns momentos do livro, somos enfebrecidos por personagens mais simples, como Manoel, atrás de sua virilidade. Também perde a vida para entrar na história. Em Gracinda o velho homem encontra a morte. Como bom patrão e narrador, Miranda parte para outra, deixa o embaraço do acaso para o tempo resolver.

Surpreendo-me quando me mostra Afonso. Sei que é apenas uma página do diário do autor e a morte do amigo virá como suas escrituras, efusivamente e sem pósfacio. Em André, bigodes felinos, o mais solidário dos amigos, um fanático por bichos, um amante da sinceridade e da fidelidade canina. O professor Leocádio Gusmão, funcionário aposentado antes de Lula, também está lá. Continua critico com o poder cínico dos semideuses que encontra, mas também apronta as suas. Confiante que é nas promessas que vez por outra aceita ingenuamente, o professor é desconcertado pelos fatos que o autor tira do cotidiano, das notícias de jornal e cenas de tv. Resta uma paixão do tamanho de um elefante, uma cor especial para dias cinzentos. Resta o zombar das convenções comezinhas.

A realidade do escritor chega com palavras atemporais e a La Bamba do disco de Trini Lopez. São recordações, talvez, de um jovem a aindar vigorosamente

nele. As invenções retratam o tédio que sente, às vezes, com a vida, repetida, nas cenas descritas e escritas. Os personagens grotescos são derivações de amigos, parentes, aderentes. Quem é Mário? E Geraldo? Contrários? São a mesma pessoa? E Dagmar? Por que vampira, se mastigava chicletes tão bem?

No enigma deprimente do Edifício Renascença, um casal se debate com a vida passada a limpo nos últimos instantes. Hipólito e Hemengarda sobrevivem aos atropelos de São Paulo, mas estão em fase terminal. A cidade os expulsa e Miranda os observa. Eu também.

Enxerga a cumplicidade de um carteiro que assistiu curioso sua mais antiga paixão: o amor cartófilo e a missão fatídica de um amigo que queria colecionar o mundo. Entre um milhão de postais se curva paciente ante as indagações do personagem e entende sua indiscrição. Vê impiedoso o triste fim de Nando e Jaciara, uma história comum, de personagens comuns, se confessa descritor da bestialidade humana.

Poeta diante do espelho. Enfrentando os versos que anunciam vidas e mortes, denunciam sua vida, a rotina do mundo, as saudades de casa. Um coração imenso. As paixões, secretas, intensas. Aquelas não reconhecidas e tão presentes. Não é obvio, não costuma ser. Não se constrange. O inusitado é sua inspiração. Brinca até com Deus, com o tamanho de um pênis. E lúdico, demolidor. Mesmo no final, happy end, quando reúne os personagens em um grande abraço fraternal, imediatamente rompe. A cena carinhosa é desfeita com a sequência eloquente de um conto erótico e "fantasmorgásmico" numa noite de verão.

 

 

“ORELHA”DO LIVRO

 

Os três primeiras histórias de A Senhora Diretora desenrolam-se no âmbito de repartições ligadas ao livro- bibliotecas, fundações de fins culturais- e suas personagens são bibliotecários, professores, assessores.

Mas o livro não é monocórdio. Variam os ambientes. O mais belo dos contos será, talvez, Atemporal - resgate de situação feliz perdida nos idos da juventude. Rivaliza com ele Memórias de Adolescente ou As Confissões do Absurdo, sobre as incertezas e os descobrimentos da iniciação sexual, com destaque para as variações biolingúísticas do Autor a partir do verbo -de sua invenção- aindar. O penúltimo, Happy Hour, Happy End, é um mélange curioso e fantástico das histórias anteriores. Funciona como fecho, pois o último conto, Memória da Pele, é, embora isso não se explicite, reclame do próximo livro, que se prefigura da qualidade deste -forte e ressumante de vida.

 

Anderson Braga Horta

 

 


 

 

 
 
 
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