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JUAN CALZADILLA


 

Conheço e admiro a obra do poeta venezuelano Juan Calzadilla desde os tempos em que vivi na Venezuela (de 1966-1972). Conservo livros dele daquela época em que nos víamos no café do antigo prédio do Ateneo de Caracas e em outras atividades culturais de uma cidade que fervilhava de criatividade. Ele já era um dos melhores. Hoje está quase que solitário na constelação dos célebres poetas do país vizinho.

 

Voltei a encontrar-me com Calzadilla, em 1984, já no novo edifício do Ateneo, quando o Grupo Rajatabla fez uma nova montagem de minha peça lírico-musical Tu País está Feliz. Na oportunidade, fui obsequiado com um exemplar autografado de seu livro Tácticas de Vigia: “al poeta Antonio Miranda com cálido entusiasmo y con solidaridad” de Juan Calzadilla 84” .

 

Agora recebo, enviado por um amigo de Caracas, seu novo livro: Aforemas (Caracas: Monte Ávila, 2004). Se Calzadilla era bom, agora está ainda melhor!!! Mais reflexivo, mais incisivo, mais cáustico, mais irônico, sempre criativo e até cruel consigo e com o mundo que o cerca. Como ele nasceu em 1931 (em Altagracia de Orituco), deve estar com seus 74 gloriosos anos neste conflituoso 2005. Uma vida inteira dedicada a uma criação extraordinária, que deveria ser mais conhecida dos brasileiros e de outros países. Daí a razão dos poemas traduzidos nesta página e de outros que faremos mais adiante.

 

Vea también POEMAS VISUALES de JUAN CALZADILLA.

 

TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS




HAIKÚ A PROPÓSITO DEL BAUTIZO

DE UN LIBRO DE VERSOS EN CARACAS

 

Los libros que

a los vasos con whisky

servían de pedestales.

 

 

 

 

 

HAI-KAI A PROPÓSITO DO LANÇAMENTO
DE UM LIVRO DE VERSOS EM CARACAS  

Trad. de Antonio Miranda

 

Os livros que

aos copos de uísque

serviam como descanso.

 

 

 



 



POESÍA POR ASALTO

 

Como el asaltante que se hace de una bella rehén

y sin dar el frente se escuda con su cuerpo,

pistola en mano, marchando hacia atrás,

así por la fuerza, para escapar del cerco

y para robarte la voz y sentirla

como si fuera la nuestra,

así Poesia te he tomado por asalto.

 

(1996)

 


 

 

 

 






POESIA POR ASSALTO

 

Trad. de Antonio Miranda

 

Como o assaltante que faz uma bela refém

e sem dar a frente se escuda com seu corpo,

pistola na mão, retrocedendo,

assim pela força, para escapar do cerco

e para roubar-lhe a voz e senti-la

como se fosse a nossa,

assim Poesia eu te tomei por assalto.

 

(1996) 



 

 

 

 

 



 

 

MALA CONVIVÊNCIA

 

1

Luego de tres décadas de convivir con ella,

yo no entiendo a esta ciudad. Mi origen rural vuelve

demasiado frágiles los lazos que me atan a ella,

quizá a fuerza de constatar que mientras nuestra ciudad

crece y crece, yo me desmantelo más y más.

Y esto no me da chance siquiera para pensarme

como un hombre de la ciudad.

Y menos para serlo.

 

2

Todo está dispuesto en la ciudad para que

se comprenda que es uno el que está de sobra.

El orden urbano puede pasárselas sin mí.

 

3

- Buitre infame – le grito a la ciudad -,

creyendo que con esto la exorcizo,

cuando en realidad sólo la conjuro.

Y ella tuerce de rumbo.

Se devuelve y hace acto de presencia,

como si hubiese sido convocada

no para entregarme la calma,

sino para devolverme las entrañas.

 

(1999)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




MÁ CONVIVÊNCIA

 

Trad. de Antonio Miranda

 

1

Depois de três décadas de viver com ela,

não entendo esta cidade. Minha origem rural torna

demasiado frágeis os laços que me atam a ela,

quiçá à força de constatar que enquanto nossa cidade

cresce e cresce, eu me desmantelo mais e mais.

E que não me dá chance sequer para pensar-me

como um homem da cidade.

E menos para sê-lo.

 

2

Tudo está disposto na cidade para que

se entenda que é a gente que está de mais.

A ordem urbana pode passar sem mim.

 

3

- Abutre infame – xingo a cidade-,

crendo que assim a exorcizo,

quando em realidade só a conjuro.

E ela muda de sentido.

Volta atrás e faz ato de presença,

como se tivesse sido convocada

não para entregar-me a calma,

senão para devolver-me as entranhas.

 

(1999)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 













 

 

FINAL CON REVÓLVER

 

Informa la Oficina de Prensa de la Policía

Metropolitana que fue localizado muerto,

en circunstancias extrañas, un joven de 25 años,

presentando una herida de bala a la altura

del femoral derecho, con orificio de salida.

 

A su lado, en el suelo, fue hallado un

revólver de juguete.

 

El Universal , Caracas, 10/10/89

 

 

FINAL COM REVÓLVER

 

Trad. de Antonio Miranda

 

Informa a Delegacia de Imprensa da Polícia

Metropolitana que foi localizado morto,

em circunstâncias estranhas, um jovem de 25 anos,

apresentando uma ferida de bala na altura

do femoral direito, com orifício de saída.

 

Ao seu lado, no chão, foi encontrado um

revólver de brinquedo.

 

El Universal , Caracas, 10/10/89

 

 

 

 









 

 

LISTO PARA ATRAVESAR
EL NUEVO MILENIO

 

Quiero protagonizar grandes sucesos,

así sea una catástrofe mayúscula

y salir airoso en primera plana en los medios,

en los canales, en la radio, en los periódicos.

Claro está sin que en la tragedia mi rol se reduzca

a ser mero testigo de los hechos,

camillero, jefe de brigada o socorrista

en las tareas de salvamento.

Tampoco quiero terminar haciendo

el ridículo papel de víctima

mecida y flotando en el oleaje revuelto

al final del guión.

Ni sufrir rasguñadura alguna

ni estar expuesto a investigación policial

por los errores en que haya podido incurrir

el director de la película.

 

(1999)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PRONTO PARA ATRAVESSAR
O NOVO MILÊNIO

 

Trad. de Antonio Miranda

 

Quero protagonizar grandes acontecimentos,

assim seja uma catástrofe maiúscula

e sair airoso na primeira página da mídia,

na televisão, no rádio, nos jornais.

Lógico que na tragédia meu papel se reduza

a ser mero testemunho dos fatos,

padioleiro, chefe de brigada ou socorrista

nas tarefas de salvamento.

Tampouco quero terminar fazendo

o ridículo papel de vítima

mexida y flutuando no marulho revolto

ao final do roteiro.

Nem sofrer rasgadura alguma

nem estar exposto a investigação policial

pelos erros que tenha incorrido

o diretor do filme.

 

(1999)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 









 

 

EL DESENLACE

 

Se hubiera podido evitar el desenlace

de no haber estado presente la víctima.

O si ésta hubiese muerto mucho antes.

O, con más seguridad, si no hubiera nacido.

 

¡Impidamos que nuevos crímenes se cometan!

Borremos inmediatamente el mapa

para que no haya sitio donde perpetrarlos.

El remedio debe comenzar por la geografía.

 

Es así como razona el gendarme.

O también: si el hecho no ha sido registrado,

no es historia. O sea que no ocurrió.

 

(1990)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O DESENLACE

 

Trad. de Antonio Miranda

 

Ter-se-ia podido evitar o desenlace

se não tivesse estado presente a vítima.

Ou se esta tivesse morrido muito antes.

Ou, com mais segurança, se não tivesse nascido.

 

Impeçamos que novos crimes sejam cometidos!

Apaguemos imediatamente o mapa

para que não haja lugar onde perpetrá-los.

O remédio deve começar pela geografia.

 

É assim como raciocina o gendarme.

Ou também: se o fato não foi registrado,

não é história. Ou seja, não ocorreu.

 

(1990)

 

 

 

 

 

 

 

 









 

 

 

HISTORIA DE LA CRISIS

 

Dios dispuso de bastante tiempo

para constatar que mi país estaba torcido

y, pese a todo, no pudo enderezarlo

o no se molestó en hacerlo

cuando hubiera podido,

quizás convencido de que era ya tarde

y dejó que siguiera como estaba.

Ahora es difícil hacer algo.

Dios también está torcido

y aquí nadie cree en milagros.

 

(1986)

 

 

 

 

 

 

 

 

HISTÓRIA DA CRISE 

Trad. de Antonio Miranda

 

Deus teve bastante tempo

para constatar que meu país estava torto

e, apesar disso, não pôde endireitá-lo

ou não se molestou em fazê-lo

quando teria podido,

quiçá convencido de que era já tarde

e deixou que continuasse como estava.

Agora é difícil fazer alguma coisa.

Deus também está torto

e aqui ninguém acredita em milagre.

 

(1986)

 

 

 

 

 

 

 







 

 

EPITÁFIO

 

En mi entierro iba yo hablando mal de mí mismo

y me moría de la risa.

Enumeraba con los dedos de las manos

cada uno de mis defectos

 

y hasta me permití delante de la gente

sacar a relucir algunos de mis vícios

como si me confesara en voz alta

y en la vía pública.

 

Comprendo que esto no es usual en un entierro

ni signo de buen comportamiento.

Un ciudadano cabal, aun estando muerto

 

- cuando es él el centro de la atención –

debe guardar las apariencias

y cuidar de no exponerse al ridículo.

 

(1986)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EPITÁFIO 

Trad. de Antonio Miranda

 

Em meu enterro ia eu falando mal de mim mesmo

e morria de rir.

Enumerava com os dedos das mãos

cada um de meus defeitos

 

e até me permiti diante das pessoas

expor a reluzir alguns de meus vícios

como se me confessasse em voz alta

e na via pública.

 

Compreendo que isto não é usual em um enterro

nem sinal de bom comportamento.

Um perfeito cidadão, mesmo estando morto

 

- quando é ele o centro de atenção –

deve manter as aparências

e tentar não expor-se ao ridículo.

 

(1986)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 










 


DE

A CONDIÇÃO URBANA

edição bilíngüe

tradução de Floriano Martins

Florianópolis:

LETRAS CONTEMPORÂNEAS, 2005

Coleção Poesia traduzida, v. 5

ISBN 85-7662-008-1

 

 

CUESTIÓN DE RANGO

 

La autoridad de sentido que hoy se atribuye a cualquier cosa ha hecho que uma piedra llegue a tener importancia.  Que en la agenda de los asuntos diarios sea ella ola que ahora pase a ocuparse de solicitar del poeta ser reconocida y tomada más en cuenta, es una cuestión de rango. Razonando de este modo se hace inevitable que se justifique — y hasta se considere normal — el hecho de que se la convide a la mesa donde están los agasajados principales: la rosa, el arcángel, el albatros y la lámpara.

 

 

QUESTÃO DE CLASSE

 

A autoridade de sentido que hoje se atribui a qualquer coisa fez com que uma pedra chegasse a ter importância. Que na agenda dos assuntos diários seja ela que agora passe a ocupar-se de solicitar do poeta ser reconhecida e levada mais em conta, é uma questão de classe. Raciocinando deste modo se torna inevitável que se justifique — e até se considere normal — o fato de que seja convidada a sentar-se à mesa onde estão os hóspedes principais: a rosa, o arcanjo, o albatroz e a lâmpada.

 

*******

 

 

LA BOLSA O LA VIDA

 

Eso es lo sque no se cansan de pedirnos

como si la alternativa fuera ineludible

y el tranco de decidir más importante

que el resultado de la acción.

Lo que no está bien es la forma de plantearlo

y que justamente la solicitud se pronuncie

con urgencia de revólver, impunente,

por una u otra opción,

sabiendo que la bolsa y la vida nos han sido

confiadas en préstamo

como quien dice por una temporada

y que igual daría pedirlo todo de último.

Que usen navaja, arma de fuego o que

nos pasen sencillamente la cuenta

no modifica en forma alguna

el mapa de la situación

ni dice nada en contra de las reglas del juego.

 

Lo que nos disgusta es lo tajante de la fórmula

o tal vez el hecho de que para responder

no podamos disponer ni de la vida ni de la bolsa.

 

 

A BOLSA OU A VIDA

 

Isto é o que não se cansam de nos pedir

como se a alternativa fosse iniludível

e o impasse da decisão mais importante

que o resultado da ação.

O que não está bem é a forma de propô-lo

e que justamente a solicitude se pronuncie

com urgência de revólver, impunemente,

por uma ou outra opção,

sabendo que a bolsa e a vida nos foram

confiadas por empréstimo

como quem diz por uma temporada

e que daria igual pedir tudo ao final.

Que usam navalha, arma de fogo ou que

nos passem simplesmente a conta

não modifica em forma alguma

o mapa da situação

nem diz nada contra as regras do jogo.

 

O que nos desgosta é o cortante da fórmula

ou talvez o fato de que para responder

não possamos dispor nem da vida nem da bolsa.

 

*****

                  

 

EL AUTOMATISMO

 

                   Breton hubiera hecho mejor diciendo que el

automatismo es una de las vías posibles de la

realización auténtica del ser por la escritura. Pero no

que es exclusivamente la única via. Al fin y al cabo

 el automatismo es un medio,

como lo es todo método, como lo es toda

la parte instrumental de la escritura.

 

Automatista es alguien que no está pensando

tanto en cómo decir las cosas. Puesto que las dice

sin que tenga antes necesidad de pensarlas.

Y que las piensa después que las dice.l

O, mejor, mientras las dice.

 

 

 

O AUTOMATISMO

 

Breton teria feito melhor dizendo que o

automatismo é uma das vias possíveis da

realização autêntica do ser pela escritura. Mas não

que é exclusivamente a via única. Ao fim e ao cabo

o automatismo é um meio,

como o é todo método, como o é toda

a parte instrumental da escritura.

 

Automatista é alguém que não está pensando

tanto em como dizer as coisas. Posto que as diz

sem que tenha antes necessidade de pensá-las.

E que pensa nelas depois de dizê-las.

Ou, melhor, enquanto está a dizê-las.

 

 

Juan Calzadila e Antonio Miranda encontram-se durante
o VI FESTIVAL MUNDIAL DE POESIA DA VENEZUELA, julho 2009 

 

 

 


De
Juan Calzadilla
Antología paralela
Introducción y Selección de Antonio Lopez Ortega. 
Caracas:  Fundarte, 1988.  87 p.

 

 

 

TODOS UNA SOLA PERSONA

 

Si el pensamiento avanza la sombra traiciona

pues sin saberlo cada indivíduo está formado

por multitud de seres que le precedieron y le siguen

La suma de mi cuerpo es la resta de todos

         los demás cuerpos que me acompanan

Cada uno de ellos contiene multitud de personas

semejantes a sí mismas que saludan y dan en cada uno

los buenos días las buenas tardes

a la misma hora en que nacen crecen hacen el amor

sonríen y por supuesto mueren

coincidiendo siempre sus cuerpos

en el mismo molde en que han sido hechos

y de donde salen en interminable fila

formada por una sola
             e
             r
             s
             o
             n
             a

 

 

(1970)

 

TODOS UMA ÚNICA PERSONA

Se o pensamento avança a sombra trai
pois sem sabe-lo cada indivíduo está formado
pela multidão de seres que o antecederam e o seguem
                   os demais corpos que me acompanham
Cada um deles contém multidão de pessoas
semelhantes a si mesmas que saúdam e dão uma a uma
o bom dia a boa tarde
à mesma hora que nascem crescem fazem o amor
sorriem e por suposto morrem
coincidindo sempre seus corpos
no mesmo molde em que foram feitos
e de onde saem em fila interminável
                   formada por uma única
                                e
                                s
                                s
                                o
                                a


(1970)
----------------------------------------------------------------------

LA FUENTE

 

A cada lado las estatuas fingen que hablan

mientras, inmóviles, de frente al público reciben del sol

esas largas hebras de espuma dorada.

 

Arde un sólido resplandor del que no se hace cómplice

el pedestal. Es difícil no comprender que saben cambiar

de sitio más rápido que la mirada de una muchacha.

 

Sólo adivinamos lo que dicen por la onda que arranca

un grito al chorro. Conversación.

 

Pero nosotros, guardamos silencio.

 

Una amazona echada en la orilla escruta en su mano

la dura crineja que ha estado torciendo. Cede el alto

podio a ese atleta embebido en su triunfo,

tan inútil como nuestro perdido gesto de ir a su encuentro.

 

Roto el aire de família,

queda la fuente.

 

Pero nosotros, guardamos silencio.

 

(1959)

 

 

A FONTE

De cada lado as estátuas fingem que falam
enquanto, imóveis, diante do público recebem o sol
essas longas linhas de espuma dourada.

Arde um sólido esplendor do que não se torna cúmplice
o pedestal.  É difícil não entender que saber mudar
de lugar mais depressa que o olhar de uma jovem.

Adivinhamos apenas o que dizem pela onda que arranca
o grito do jorro. Conversa.

Mas nós ficamos em silêncio.

Uma amazona posta à margem escrutar em sua mão
a dura trança que esteve torcendo. Cede o alto
pódio a esse atleta embriagado em seu triunfo,
tão inútil como o nosso perdido gesto de ir ao seu encontro.

Rompido o ar de família,
resta a fonte.

Mas nos ficamos em silêncio.

(1959)

 

 

 

POÉTICA

 

Las plantas crecen de su cuenta.

Nadie ve como ni en que momento.

Su crecimiento es una acción pasada.

Al menor descuido tuyo, madura

un tomate. Volteas, y abre la flor

violeta del durazno.

Y crees que tu mirada contribuye

a ese pequeno milagre.

¡Cuán equivocado!

Todo pasa sin que te enteres. ¡Y tienes

todavia el coraje de creerte dueno dei jardín!

 

 

 

POÉTICA

As plantas crescem de sua conta.
Ninguém vê como nem em que momento.
Seu crescimento é uma ação passada.
Qualquer descuido teu e abre a flor
violenta do pêssego.
E crês que teu olhar contribui
para esse pequeno milagre.
Engano teu!
Tudo acontece sem que percebas. E teus
todavia pretensão de acreditar que és dono do jardim!

(1986)

 

 


De
Juan Calzadilla
Oh, smog  seguido de
Uma cáscara de cierto espesor.
 
Caracas: El Perro y la Rana, 2010.   118 p.  
ISBN  978-980-14-1297-7


  

 

 

UN NUEVO PAPEL

 

A veces doy la impresión de haber sido empujado a ser otro

Y no reniego de este nuevo papel

a cuyas medidas mi porte sabe aclimatarse

con escandalosa paciencia

 

Es un momento que me define por la falta de sujeto

por una especie de deuda con la primera persona

dei singular

que en mi mismo me empuja a ser otro

y a reconocerme en mi nuevo papel

 

 

UM NOVO PAPEL

Às vezes dou a impressão de ter sido levado a ser outro
E não renego este novo papel
em cuja medida meu porte sabe adaptar-se
com escandalosa paciência

É um instante que me define por falta de sujeito
por uma espécie de dívida com a primeira pessoa
do singular
que em mim mesmo me leva a ser outro
e a reconhecer-me em meu novo papel

 

 

 

DE LA FORMA DE LA POESÍA

En general, se puede llegar a decir lo mismo
diciéndolo de outra manera.
¡ Pero ahí está la cuestión!
En encontrar el rodeo.


DA FORMA EM POESIA


Em geral, pode-se chegar a dizer o mesmo
dizendo de outra maneira.

Mas esta é a questão!
Em saber contornar.

 

 

 

 

CALZADILLA, Juan. Epigramas y otras irreverencias. Caracas: Casa Nacional de las Letras Andrés Bello, 2009.  138 p.  11x14 cm.   isbn 978-980-214-230-9  Textos, ilustraciones y portada de Juan Calzadilla.  Tiraje: 20.000 ejemplares. 

 

 

De rerum natura

 

Estamos de acuerdo en que
el sexo como el verbo tiene varios usos:
excreta y expele pero también procrea
y con él se disfruta.
Con el verbo igual te prostituyes,
engendras, tienes hijos y negocios
conservas la calma y te llega la ira.
Conoces el éxtasis y matas.

 

 

          De rerum natura

 

          Estamos de acordo com que
          o sexo como o verbo tem muitos usos:
          excreta e expele mas também procria
          e com ele disfrutamos.
          Com o verbo também te prostituis,
          engendras a calma e te leva à ira.
          Conheces o êxtase e matas.

 

                      (Trad. Antonio Miranda)
           


Antonio Miranda e Juan Calzadilla: encontro no  Festival del Libro en Caracas! Marzo 2011 Teatro Teresa Carreño. Foto: Trina Quiñones

 

 

Página ampliada e republicada em abril de 2008. republicada em julho 2009; ampliada e republicada em abril de 2011. ampliada em julho 2016.

 

 

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