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Piccatto por J. Martín

 

PEDRO PICCATO

1908-1944

 

Poeta nacido en Montevideo, Uruguay; tan solo publicó un libro de poesía, Poemas del ángel amargo (1937).  En 1944, se editó el volumen Las anticipaciones, se recogieron, junto con los poemas de su único libro, los inéditos que había dejado el poeta tras su temprana muerte a los treinta y seis años.

Biografia: http://bazardemisavenidas.blogspot.com

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

         FESTEJO

Enhebrando dulzuras,
fino rumor de dicha,
cruza um pájaro.
Después outro.
Y outro.
Bandada cantarina,
festejando quién sabe qué esperanza en el vuelo,
festejando quién sabe qué íntimos acontecimentos.
¡ Intimidad de pájaro!
Locura voladora
que no sabremos nunca
lo que quiere.
Y seguirán volando,
sensibles...
luminosos...
hasta el amanhecer!
Y pararán su límpido festejo
recién cuando l aluna
sea en el cielo
como es dentro del pecho de mi madre
su corazón de lirio.

 

         EN LA NOCHE, REDES DE AROMAS

        Detenida,
encantada,
la luz de la azucena
nos convida a callar.

         Y la estrela,
asesina del temor a la sombra,
siente que se abre un fino coro de vocês
misteriosas
en la luz olvidada de las flores...
En la distancia que va de flor a flor
hay la sonrisa de un ángel hecho niño.
Y la luna,
desvanecido aire de paloma
sostenida
en el cielo,
sólo por esperanza
de que algún día
pueda
la locura inocente de los niños
jugar con ella...
...Se siente que las flores
se ayudan
y se aman,
se aman
y se vierten
y entregan a la noche lo más puro de sí!
        ¡Y ya no pertenecen al dominio del hombre!
Son
lo que sólo en forma de acendrada dulzura
no es posible asir...
Detenida,
encantada,
la luz de la azucena
nos convida a callar.      

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda

 

 

         FESTEJO

 

        Enfiando ternuras,
fino rumor de alegria,
cruza um pássaro.
E outro.
Mais outro.
Girassóis do ar!
Bando cantante,
festejando quem sabe que esperança no voo,
festejando quem sabe que íntimos acontecimentos.
Intimidade de pássaro!
Loucura voadora
que jamais saberemos
o que querem.
E seguirão voando,
sensíveis...
luminosos...
até o amanhecer!
E cessarão seu límpido festejo
logo quando a lua
seja no céu
como é dentro do peito de minha mãe
seu coração de lírio.

 

         NA NOITE, REDES DE AROMAS

 

        Detida,
encantada,
a luz da açucena
nos convida a calar.

         E a estrela,
assassina do temor à sombra,
sente que se acontece um fino coro vozes
misteriosas
na luz esquecida das flores...
Na distância que vai de flor a flor
há o sorriso de um anjo feito criança.
E a lua,
sumido ar de pomba
suspensa
no céu,
apenas pela esperança
de que algum dia
possa
a loucura inocente das crianças
brincar com ela...
...Sente-se que as flores
se apoiam
e se amam,
se amam
e se convertem
e entregam à noite o mais puro de si!#
E já não pertencem ao domínio do homem!
São
o que apenas em forma de intensa doçura
não é possível
aceitar...
Detida,
encantada,
a luz da açucena
nos convida a calar.

 

 

Página publicada em maio de 2019

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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