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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



JUAN CUNHA

 

Nasceu em Sauce de Illescas (Florida, Uruguai), em 1910, numa família de onze filhos. Começou a escrever na adolescência para fugir das tarefas rurais. Saiu da zona rural com dezoito anos rumo a Montevidéu. Autoditada, escreveu sempre auxiliado por Wilda Belura, sua mulher. Sua obra está ligada ao surrealismo, onde estrofes clássicas se mesclam a outras oriundas de seu próprio estilo. Faleceu em Montividéu, em 1985. Bibliografia: El Pájaro que vino de la noche, 1929; Guardián oscuro, 1937; Cuaderno de nubes, 1945; Variación de Rosamía, 1952; Niño solo, 1956; Tierra perdida, 1959; A eso de la tarde, 1961; Pastor perdido, 1966; De cosa en cosa, 1968; Palabra cabra desmandada, 1971; Enveses y otros reveses, 1981; Plurales, 1984, e Árboles,1985. A partir de 1971, em razão da ditadura instaurada no Uruguai, seus livros tiveram que seus publicados em outros países, passando a perder seus leitores. Sua obra — muitos críticos lembram isso — merece resgate com urgência.

 

TEXTOS EM ESPAÑOL   /   TEXTOS EM PORTUGUÊS 

 

Quiero saber a qué ladera
Rueda la luz cuando te espero
Hay una brisa o mano tierna
Que quizás sepa de tu pelo

Pero decime dónde pongo
Estas palabras como gotas
No sé dónde asomar los ojos
A qué lado volver la boca

Escúchame es azul y lejos
No tengo indicios sólo piedras
Ya ni dónde buscarte tengo
Ni cómo hallarte que yo sepa

Es que nunca vi claro creo

Ni menos supe cómo eras

 

 

LEJOS LA CIUDAD LEJOS...

Lejos la ciudad lejos
Lejos su absurda rueda dura girando sin sentido

Ah la ciudad sin pájaros libres ni horizontes
Y tan sólo en lo más alto de las torres un poco de ansia del cielo
La ciudad que es una hélice vacía enloquecida de movimiento
Ah la ciudad que cierra el alma con sus frías sucias manos
Y que no oye la oscura angustia de los hombres.

Aquí sólo el campo la soledad desmesurada de los campos
La soledad extraña del campo que invade el espíritu de cosas lejanas
Y el silencio llega como un pájaro huraño al anochecer a pasar la noche en el monte del alma.

Porque aquí el recuerdo se va hacia todos los vientos en cada alborada
Y vuelve como los pájaros todos los atardeceres con un canto lejano cerrado en el pico
Y el corazón a cada latido amanece una esperanza nueva que tiene algo del cielo.
 

 

 

Para Decir Tu Primavera

 

Vine para decir tu primavera
Digo para nombrar dulce tus aves
Por abrirte las flores que tú sabes
Para hacerte de todas la primavera

 

Era hermosa la tarde y cómo era
Sí la evoco de pronto ya ni cabes
Eres tarde infinita ya sin llaves
Estás en donde esté y yo te quiera

 

Que estás en donde estoy hoy y te quiero
Ya no me importará decir me muero
Porque no será cierto de seguro

 

Pero vino no más para decirte
Que ya no podrás irte ni morirte
Por más que se haga triste y se ponga oscuro
 

 

Allá donde las lagunas son el cielo...

 

Allá donde las lagunas son el cielo
Tuve mi vacación de vacas verdes
El viento era un caballo sin escalas
Y yo me le sentaba firme al flete

El sol
Era un melón
La tarde
Una sandía
Y la vida
La vida una pura gana
De morder y morder manzanas

Pero de esto hace mucho tiempo

 

Como no estás en mis arterias

 

 

Cómo no estás en mis arterias

 

 

Si eres flor cómo no estás fija en un tallo
Apenas balanceada por este aliento que abrasa

Si eres paloma cómo zureando no huyes
Cuando se acerca el cazador rojo de furia roja

Si eres vela cómo te vas ligera
Cuando las velas que el río se lleva entre sus dedos

Si eres mi sangre cómo no estás en mis venas
Pasando y repasando mi corazón que no duerme

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  

Traduções de Salomão Sousa

 

 

Quero saber em que ladeira

Gira a luz quando te espero

Há uma brisa ou mão terna

Que talvez saiba de teu cabelo

 

Mas diz-me onde ponho

Estas palavras como gotas

Não sei onde fixar os olhos

Em que lado descer a boca

 

Escuta-me é azul e longe

Não tenho indícios só pedras

Nem onde buscar-te tenho

Nem como achar-te que eu saiba

 

É que nunca vi claro acredito

 

Nem ao menos soube como eras

 

 

LONGE A CIDADE AO LONGE

 

Longe a cidade ao longe

Longe sua absurda roda continua a girar sem sentido

 

Ah! a cidade sem pássaros livres nem horizontes

E tão só no mais alto das torres um pouco de desejo de céu

A cidade que é uma hélice vazia enlouquecida de movimento

Ah! a cidade que prende a alma com suas frias sujas mãos

E que não ouve a escura angústia dos homens

 

Aqui só o campo a solidão desmedida dos campos

A solidão estranha do campo que invade o espírito de coisas distantes

E o silêncio chega como um pássaro rebelde

         /ao anoitecer para passar a noite na montanha da alma 

 

Pois aqui a lembrança parte para todos os ventos em cada alvorada

E volta como os pássaros todos os entardeceres com um canto distante preso no bico

E o coração a cada pulsar amanhece uma esperança nova que tem algo de céu.

 

 

Ali onde as lagoas são o céu...

 

Ali onde as lagoas são o céu...

Tirei minhas férias de vacas verdes

O vento era um cavalo sem escalas

E eu me sentava firme no frete

 

O sol

Era um melão

A tarde

Uma melancia

E a vida

A vida uma pura gana

De morder e morder maçãs

 

Mas isto já faz muito tempo

 

 

COMO NÃO ESTAIS EM MINHAS ARTÉRIAS

 

Se és flor como não estás fixa num talo
Apenas balançada por este alento que abrasa

 

Se és pomba como arrulhando não foges

Quando vem o caçador roxo em roxa fúria

 

Se és vela como não vais ligeira

Como as velas que o rio eleva entre os dedos

 

Se és meu sangue como não estás em minhas veias

passando e repassando meu coração que não dorme

 

 

PARA DIZER TUA PRIMAVERA

 

Venho para dizer tua primavera
Falo para nomear doce tuas aves
Para abrir em ti as flores que conheces
Para te fazer entre todas a devera

Era formosa a tarde e como era
Se a evoco assim rápido nela nem cabes
És tarde infinita já sem chaves
Estejas onde estiveres e eu te queira

E estás onde estou e te quero
E não me importarei em dizer eu morro
Pois não estará certo com certeza

Mas venho nada mais que para dizer-te
Que já não poderás partir nem morrer
Por mais que seja triste e faça noite

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2008



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