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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VIRGÍNIA VITORINO

 

(Alcobaça, 13 de Agosto de 1895 — 1967) foi uma poetisa e dramaturga portuguesa.

Cursou Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, e frequentou o Conservatório Nacional de Música, onde estudou piano, canto, harmonia e italiano. Professora de liceu, trabalhou também na Emissora Nacional onde dirigia teatro radiofónico. Autora de três livros de poesia e de seis peças de teatro, todas representadas pela Companhia de Amélia Rey Colaço, Virgínia Vitorino foi agraciada pelo Governo Português com o grau de Oficial da Ordem de Cristo, em 1929, e com a Comenda da Ordem de Santiago, em 1932.

Do governo espanhol recebeu a Cruz de D. Afonso XII, em 1930. Também foi retratada, entre outros, por Eduardo Malta e Teixeira Lopes, e mais recentemente por José Paulo Ferro e Manuela Pinheiro. Almada Negreiros foi autor de algumas das capas dos seus livros. Recebeu o prémio Gil Vicente do Secretariado Nacional de Informação pela peça Camaradas. A sua obra, Namorados (1918) foi editada catorze vezes. Teve vasta colaboração em jornais e revistas portuguesas e brasileiras. Esteve no Brasil a convite de Getúlio Vargas, por volta de 1937.  Fonte: wikipedia

 

 

Eu que cheguei a ter essa alegria

Eu que cheguei a ter essa alegria

de junto ao meu possuir teu coração!

Eu que julgava eterna a duração

do voluptuoso amor que nos unia,

 

sou ‒  apagada a última ilusão,

morto o deslumbramento em que vivia,

—  um cego que ao lembrar a luz do dia

sente mais negra ainda a escuridão.

 

Tu me deste a ventura mais perfeita,

perdi-a e dei-te a chama insatisfeita

dessa imensa paixão com que te quis…

 

Hoje, o que eu sinto, inútil, revoltada,

não é mágoa de ser desgraçada,

—  é pena de  ter sido tão feliz.

 

 

Ouve o grande silêncio destas horas!


Ouve o grande silêncio destas horas!

Há quanto tempo não dizemos nada…

Tens no sorriso uma expressão magoada,

tens lágrimas nos olhos, e não choras!

 

As tuas mãos nas minhas mãos demoras

numa eloqüência muda, apaixonada…

Se o meu sombrio olhar de amargurada

procura o teu, sucumbes e descoras…

 

O momento mais triste de uma vida

é o momento fatal da despedida,

— Vê como o medo cresce em mim, latente…

 

Que assustadora, enorme sombra escura!

Eis afinal, amor, toda a tortura:

— vejo-te ainda, e já te sinto ausente!

 

 

Apaixonadamente

 

Fui compondo estes versos, absorvida

no ritmo da minh´alma, sempre ansiosa,

para neles ficar, triste ou gloriosa,

uma existência inteira resumida.

 

Assim os fiz, pela paixão vencida,

— e, porque fui vencida, vitoriosa... —

nesta febre constante de ambiciosa,

mágoa e prazer de toda a minha vida!

 

Cada verso é uma pedra mais que eu ponho

Na catedral imensa do meu sonho,

... ria embora do Sonho toda a gente!

 

A vida humana, seja ou não tranquila,

profunda ou não, — só poderá senti-la

quem a sentir apaixonadamente.

 

 

Outrora

 

E tudo está na mesma, tudo igual.

Tudo fala de ti a cada passo.

— Caminhos que eu andei pelo teu braço,

andorinhas a rir sobre o beiral...

 

O que eu gostei de ti? Era um cristal

a minh´alma. Depois um embaraço.

Amargura mudada num cansaço,

e o nosso amor findou, triste e banal.

 

Faz-me saudades tudo o que dissemos.

É sempre bom aquilo em que nós cremos.

Eu cri numa mentira. Sou mulher...

 

Ai o que nós dissemos! Que ansiedades!

Mas sobretudo, amor, tantas saudades

do que nunca chegamos a dizer!

 

 

Renúncia

 

Fui nova, mas fui triste... Só eu sei

Como passou por mim a mocidade...

Cantar era o dever da minha idade,

Devia ter cantado e não cantei...

 

Fui bela... Fui amada e desprezei...

Não quis beber o filtro da ansiedade.

Amar era o destino, a claridade...

Devia ter amado e não amei...

 

Ai de mim!... Nem saudades, nem desejos...

Nem cinzas mortas... Nem calor de beijos...

Eu nada soube, eu nada quis prender...

 

E o que me resta?! Uma amargura infinda...

Ver que é, para morrer, tão cedo ainda...

E que é tão tarde já, para viver!...

 

 

Contradições

 

Não há culpa no mundo sem razão

e entretanto, bem visto, é tudo errado.

Quanto inocente a gente vê culpado,

e quantos criminosos têm perdão!

 

Tudo na vida é uma contradição.

Quantas vezes perpassa ao nosso lado

um riso todo em lágrimas gerado,

um riso que é um mundo de aflição?

 

Nada vale o que vale. Tudo mente.

Quem mais sofre é talvez quem menos sente.

Nem é verdade aquilo que já vimos.

 

A vida é de tal forma enganadora!

Talvez a gente ria quando chora...

Choraremos talvez crendo que rimos!

 

 

Página publicada em outubro de 2015


 

 

 
 
 
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