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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ARMANDO VENTURA FERREIRA

 

nasceu em Olhão em 1920 e apenas com um ano de idade foi para Santiago de Cacém. É autodidacta. Vive em Lisboa desde 1913. Publicou poemas em jornais e revistas como «Sol Nascente», «Pensamento», «Mundo Literário», «Diário Ilustrado», «Antologia de Contos e Poemas», «Cadernos de Poesia», etc. Fez crítica literária em «Seara Nova», durante vários anos, assim como em «Mundo Literário», «Árvore», etc. Publicou o seu primeiro artigo de ensaio literário no jornal «O Diabo». Publicou o livro de contos «Nocturno», editado pela Sociedade de Expansão Cultural em 1956. Pronto para publicação, tem o livro de novelas «História sem Retrato». Prepara o romance «A Primeira Pessoa» e o livro de poemas «A Astronave». Prepara ainda uma antologia, precedida de ensaio crítico, do conto neorealismo português.

Poemas extraídos de:

 

 

MÁKUA ANTOLOGIA POÉTICA 2.  Sá da Bandeira, Angola:   Publicações Imbodeiro,  1963.    61 p.   Direção de Garibaldino de Andrade e Leonel Cosme.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

QUATRO POEMAS

DE

«A ASTRONAVE»

 

II

 

Não mais palavras,
di-las no espaço
para as estrelas.
Tua loucura é doce
mas não quero ouvi-las.
Quando estiveres
no planeta que te convém,
não fales,

escuta a minha voz
filtrada

pela rádio da astronave.
Então,

estarei muito longe,

não haverá tempo material

para me encontrares.

Direi o meu adeus

só para ti.

Não mais palavras,

di-las na noite

para os espaços.

Estaremos longe,

separados

por milhões de quilómetros-luz.
Adeus.

Vogo entre planetas desconhecidos
não tenho tempo para te encontrar.
Ouçamo-nos só pela rádio
desesperados,
tristes.

 

 

III

Tenho saudades da Terra

mas não voltarei mais.

Tinha vontade de te apertar nos braços

mas não voltarei mais.

Agora, sigo

pelos espaços,

lembro-me dos banhos de mar e do sol na praia, mas se voltasse,

chegaria velho de mais para isso, e para ti,

a quem a morte talvez já te toque nesta hora.

Tenho saudades de tudo,

da natureza e da saúde

mas também dos vícios,

das coisas incríveis que se fazem na Terra,

sinto a maré do Atlântico encher-me,

enquanto espreito Urano

já distante no pó das horas.

As horas que passam breves,

aqui.

Recordo

uma flor que me ofereceste

e quase choro.

Mas para quê a angústia

ante o anseio maravilhoso de atingir

o planeta n.° 2, da Galáxia 4?

Que importa isso?

Monólogo,

enquanto Urano já está distante,
monologo e vejo-te

num dia de raiva

herméticos os olhos

e transparentes as mãos.

Monologo.

Estou sempre a recordar-me de ti
mas do que me lembra mais
é das flores
e da água da fonte

onde se bebia com as mãos em concha.

 

 

IV

Vim à descoberta
mas não encontro Deus.
O espaço é infinito
pois   que finito
onde não se sabe.
Só encontro astros
e entre eles, ninguém.
Tu na minha memória
e um raio de sol.

Sempre que se parte à descoberta

é para ter espaço,

mas que mais espaço?

Espaço geométrico

ou espaço da alma?

E tu, sempre,

na minha memória.

 

 

V
Ficaram na terra a chamar-me herói
mas eu sigo pelo espaço, angustiado,
procuro um refúgio onde não o há,
pois onde for dar, serei sempre eu.
Coroas de louros me cantam nos jornais,
rei do espaço me chamam,

ah, mas quem me dera o tanque onde me banhava,

quem me dera agarrar os seios da moça,

quem me dera a praia onde, nu,

me torrava ao sol o dia inteiro!

Sim, quem me dera o sol e o corpo negro

no fim do verão!

Mas cá vou indo,

desmentindo os mitos do céu finito,

para quê, sei lá bem,

mas vou e os planetas passam

por mim, enquanto os sóis da memória me abrazam.

Estou agora muito quieto

à espera do choque,

sei que vencerei e que direi à Terra

onde está o ponto transitório

com que sonha.

Mas entretanto,

ah, entretanto,

sinto falta dum corpo

ao lado do meu,

sinto falta de laranjas e de sol,

sinto falta de flores

de cravos e de rosas,

sinto falta do meu espasmo violento

derramando o meu ser dentro do teu.

Mas não me lamento, cá vou, é preciso ir,
é preciso conquistar mais céu e mais espaço e entrar, tremendo de medo, em planetas ávidos.

Ah, mas a saudade de um pouco de água,

uma água de fonte fresca,

a saudade dum amor ardente

que me detenha, um pouco, longinquamente,

na subida gloriosa e amarga

do infinito.

 

 

Página publicada em setembro de 2017

 

 

 
 
 
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