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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

AL BERTO [RAPOSO PIDWELL TAVARES]

(1948-1997) 

 

 

Nasceu em Coimbra e morreu em Lisboa. Poeta e editor. Nome civil: Alberto Raposo Pidwell Tavares. Embora tenha começado a publicar em livro em 1977 (À Procura do Vento num Jardim de Agosto), já é considerado em Portugal um poeta importante.Teve juventude deambulatória através de Bruxelas, Paris, Barcelona e seus "bas-fonds". Sua poesia reflete uma visão de mundo marginal que espelha, com lucidez, ternura e paixão, a experiência da transgressão sexual e a solidão de uma vertigem autodestrutiva. Situa-se ela "entre a subjetividade romântica e a impessoalidade modernista" no dizer de Helder Moura Pereira. Na sua vasta bibliografia destaca-se a reunião de toda a sua obra, no volume O Medo (Assírio e Alvim, 1998).

 

Poeta y editor. Nació en Coimbra y murió en Lisboa. Nombre civil: Alberto Raposo Pidwell Tavares. A pesar de haber empezado a publicar en libro em 1977 (À Procura do Vento num Jardim de Agosto), ya es considerado en Portugal un poeta importante. Tuvo una juventud ambulante y conoció los "bas-fonds" de Bruselas, París y Barcelona. Su poesía refleja una visión del mundo marginal, que refleja con lucidez, ternura y pasión la experiencia de la trasgresión sexual y la soledad de un vértigo autodestructivo. Lo sitúan "entre la subjetividad romántica y la despersonalización modernista” (Helder Moura Pereira). En su vasta bibliografía sobresale el volumen póstumo O Medo (Assírio e Alvim, 1998), reunión de toda su obra.

 

 

 

REGRESSO À FUGA

 

a noite de escuros voos apanhou-me

com a cabeça acesa numa teia de tinta

é sempre uma mentira existir

fora daquilo que está no fundo de mim

abro

o livro das visões

e uma cidade são todas as cidades trituradas

na memória calcinada do homem nómada

 

canto

ó resplandecentes águas ó murmúrio quieto

das areias

um pulso que se abre e estremece violento

ó dor da árvore ó surdo ruído do coração

onde a seiva das bocas brilha derramando-se

sobre o corpo

que na asa do migrante pássaro navega

ávido de mundo e desolação.   

 

REGRESO A LA FUGA

 

Fernando Mendes Vianna

 

noche de oscuros vuelos me cogió

con la cabeza encendida en una red de tinta

es siempre una mentira existir

afuera de lo que está en mi fondo

abro

el libro de las visiones

y una ciudad son todas las ciudades trituradas

en la memoria calcinada del hombre nómada

 

canto

oh resplandecientes aguas oh murmurio quieto

de las arenas

un pulso que se abre y estremece violento

oh dolor del árbol oh sordo ruido del corazón

donde la savia de las bocas brilla derramándose

sobre el cuerpo

que en el ala del migrante pájaro navega

ávido de mundo y desolación.

 

 

 

Extraído de

 

 

POESIA SEMPRE.  Ano 1 – Número 2 – Julho 1993.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro.   ISSN 0104-0626m   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Ofício da fala

 

da suave fala das abelhas conhecíamos

o híbrido ouro dos abdómenes, a transparência irreal das asas  
        carregadas de pólenes e desconhecidas tarefas
conhecíamos o murmúrio majestoso do mel
e de como à proximidade dos dedos em pleno voo se solidifica a luz... 

 

os corpos em cera clamam pelo vagaroso olhar das melíferas despojadas

e no rumorejar do místico alimento surge, armazenada nos favos da língua, a fala...

...no fundo, eu atravessava-te sem me deter
nada sabia ou sei acerca da morte

nem das ruínas deste outro corpo que o mel é capaz de ressuscitar...

 

 

 

Ofício de viajante

 

procurei dentro de ti o repercutido som do mar

a voz exacta das plantas e um naufrágio

o deslizar das aves, o amor obsessivo pelos espelhos

o rumor latejante dos sonhos, as cores dum astro explodindo

o cume nevado de cada montanha...

...difíceis rios, os dias...

 

 

vivi talvez em Roma

no tempo em que ali chegavam os trigos da Sicília e os vinhos raros
                                                                                    das ilhas
a fama remota dos ladrões de Nuoro...

 

...todo o meu corpo estremeceu ao mudar de voz
cresci com o rapaz, embora nunca tivéssemos sido irmãos
e quando ficámos adultos para sempre
alguém lhe ofereceu o ofício de viajante

 

eu morri perto de Veneza

e quando atirava pedras aos pássaros sempre me ia lembrando de ti

 

 

 

 

BERTO, AL.   Muerte de Rimbaud dicha em voz alta... Monterrey, México: Ediciones  Intempestivas, 2207.  32 p. ilus.   14 x 20 cm.  Edición de 150 ejemplares.  Ex, bibl. Antonio Miranda


        

Um fragmento do poema: 

 

         todos OS pássaros sossegaram,
         as crianças desceram das árvores, guardaram os
jogos, recolheram a casa.

a noite está próxima.

         levanto a cabeça e deixo a voz deambular por dentro
deste silêncio de água e de estrelas.

         a noite está próxima.

         deixo o corpo escorregar na poeira luminosa,
         acendo um cigarro, ponho-me a falar com o meu
fantasma.

         longe daqui, a cidade enfeitou-se como seus crimes de
néon, com suas traições.
         ouço hélices de barcos, motores, quando um rosto
esvoaça ao alcance da mão.
         a verdade é que passei a vida a fugir, de cidade em
cidade, com um sussurro cortante nos lábios.

 

         e atravessei cidades e ruas sem nome, estradas, pontes
que ligam una treva a outra treva.
         caminho como sempre caminhei, dentro de mim
—rasgando paisagens, sulcando mares, devorando imagens.

         o absinto, esse álcool que me permitiu medir o
tempo no movimento dos astros.
         e vi a vida como um barco à deriva, vi esse barco
tentar regressar ao porto —mas os portos são olhos enormes
que vigiam os oceanos, servem para levarmos o corpo até um deles e morrer.

 

 

 

Página ampliada e republicada em novembro de 2018 ;ampliada e republicada em jun. 2019



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