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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESÍA ESPAÑOLA / POESIA ESPANHOLA

Coordinación/coordenacão de AURORA CUEVAS CERVERÓ

 

RAFAEL CAMARASA


Rafael Camarasa Bravo, poeta espanhol, nasceu em Valência em 1963. Tem como principal característica o fato de ter uma escrita muito narrativa, próxima das micronarrativas. É um escritor que procura o lado subtil do quotidiano, e os seus poemas terminam sempre com uma conclusão, explícita ou implícita, que é uma mensagem adaptável à realidade social. Apresenta-se como alguém que não tem complexos temáticos e a diversidade da sua escrita o reflete bem.

Publicou os livros:

 

Irreverentes goces menores (1987), La ciudad sin mar (1990), Algunos corazones solitarios (1992), Cabos sueltos (2003), Feos (2006 - obra ganhadora do Prêmio Otoño Villa de Chiva), Cromos (2007 - ganhador do VI Prémio Paiporta de creación poética) ou em Portugal com a obra O sítio justo, traduzida pelo poeta português Tiago Nené, vencedora do Prémio Palavra Ibérica.

 

CAMARASA, Rafael.  O sítio justo. El sitio justo. Traducción: Thiago Tomé.  Punta Umbría, Huelva, España: Ayuntaminiento de Punta Umbría, 2008.  93 p.  (Collección Palabra Ibérica)  ISBN 978-84-935845-35   Premio Internacional de Poesía Palabra Ibérica 2008.

TEXTOS EN ESPAÑOL   -   TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

LAS NUBES

 

Hasta ahora era un rumor. Algo que le ocurría a otros. Un hombre que apaga la luz y, de pronto, tiene miedo a la oscuridad. "Es como

en la infancia", nos decimos, pero sabemos que no es así. Entonces nos asustaba lo oscuro. Hoy, además, su cercanía. Temerosos extendemos las manos y en ellas reconocemos el tránsito: si esto fuera un viaje se diría que estamos a medio camino. Bajo nubes que parecían distantes —como siempre, como cada vez que el jardín se cubre de hojarasca—, albergamos la esperanza del viento. Y la  certeza de que cuando las barra no estará el cielo que ocultaron.

 

 

AS NUVENS

Até agora era um rumor. Algo que só acontecia aos outros. Um homem que apaga a luz e que, de imediato, tem medo do escuro, "É como na infância", dizemos, mesmo sabendo que não é assim. E então temíamos o escuro. Hoje, além disso, a sua proximidade, Temerosos estendemos as mãos e nelas reconhecemos o trânsito; se fosse uma viagem, dir-se-ia que estamos a meio caminho. Debaixo das nuvens que pareciam distantes -como sempre, como de cada vez que o jardim se cobre de folhagem- hospedamos a esperança do vento. E a certeza de que quando forem varridas, desaparecerá o céu que ocultaram.

 

 

 

EN NEGRO

 

Quién no ha cerrado los ojos ante una trágica noticia y deseado que al abrirlos el tiempo se hubiera replegado justo al momento de antes, a la última fortaleza posible. Quién no ha cerrado sus ojos y, destrozado por el dolor, ha implorado que la escena se cierre con ese fundido y, como sucede en el cine, apenas en unos segundos, pasen los años con su olvido en la vida de los personajes.

 

 

NO ESCURO

 

Quem não fechou os olhos perante uma trágica notícia e não desejou que ao abri-los o tempo retrocedesse ao momento anterior, à última fortaleza possível. Quem não fechou os seus olhos e, destroçado pela dor, não implorou que a cena se fechasse com esse fundido e, como acontece no cinema, em segundos apenas, passassem os anos com o seu esquecimento na vida das personagens.

 

 

EN NEGRO

 

Quién no ha cerrado los ojos ante una trágica noticia y deseado que al abrirlos el tiempo se hubiera replegado justo al momento de antes, a la última fortaleza posible. Quién no ha cerrado sus ojos y, destrozado por el dolor, ha implorado que la escena se cierre con ese fundido y, como sucede en el cine, apenas en unos segundos, pasen los años con su olvido en la vida de los personajes.

 

 

 

PROPÓSITOS DE UN PEZ

 

No deseo otra pecera ni rocas nuevas en el fondo. Quiero aprender la demora, la pausada armonía de los actos. Fijar mis ojos sin párpados en las cosas y filtrar la luz muy despacio. En las sombras y las estelas de las imágenes borrosas, ver lo que está pero no hay: el agua donde mejor me muevo.

 

DESEJOS DE UM PEIXE

 

Não desejo outro aquário nem pedras novas no fundo. Quero aprender a esperar, conhecer a pausada harmonia dos gestos. Fixar os meus olhos sem pálpebras nas coisas e filtrar a luz devagarinho. Nas sombras e no rasto das imagens manchadas, ver o que há mas não vejo: a água onde melhor me movo.

 

 

Página publicada em junho de 2014

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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