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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA ESPAÑOLA
Coordinación de AURORA CUEVAS CERVERÓ
Universidad Complutense de Madrid

 

 

 

JOSÉ MARÍA VALVERDE

 

José María Valverde Pacheco (Valencia de Alcántara, 26 de enero de 1926-Barcelona, 6 de junio de 1996) fue un poeta, ensayista, crítico literario, historiador de las ideas, traductor y catedrático español.

Ver biografía completa en https://es.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Mar%C3%ADa_Valverde

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

         ELEGÍA DE MI NIÑEZ

 

        Aquí está mi infantil fotografia
clavándome mis ojos, más profundos que nunca,
con uma vaga cosa
posada entre las manos, distraídas y leves.
Es de banco de piedra
— los pies lejos del suelo todavía —
del parque de mis sueños infantiles
donde el sol era amigo
y la arena tomaba
taco de conocida madre vieja.

 

         Cuando la imagen turbia
de un niño que, de pronto, se distrae
em medio de los juegos
y al ocaso se queda pensativo
escuchando el rumor lejano de las calles...

 

         El mundo iba naciendo poco a poco
para mí solamente.
La tierra era una alegre manzana de merenda,
un balón de colores no esperado.
Los pájaros cantaban porque yo estaba oyéndoles,
los árboles nacían cuando abría los ojos.

 

         Y los miedos, después...
Todo podia ser en lo oscuro del cuarto.
Al fondo del pasillo
latía todo el negro de este mundo,
todas las vagas fuerzas enemigas,
todas las negaciones...

 

         ¡Ay alma de mi infância!
Sólo vivo del todo cuando vuelvo a ser niño.
¿Qué otra revelación mayor que aquella
del mundo y de la vida entre las manos
?  
(...cuando todas las cosas eran como palabras...)
¿Qué ensueño como aquél
de pressentir desde el umbral del alma
los días esperándome
?


         ¡Oh Señor, aquel niño que yo era
quiere pedirte, muerto,
que le dejes vivir en mi presente un poco!
Que siga en mí, Dios mío — como tú nos decías
—,
y viviré del todo,
y sentiré la vida plenamente,
y tú serás mi asombro virgen cada mañana...

 

                   (De Hombre de Diós, 1945)

 

        SALMO DE LAS ROSAS

 

        Ó rosas, fieles rosas de mi jardín en mayo:
ya venís, como siempre, a reposar mi angustia
con vuestro testimonio de que Dios no me olvida.
Hubo un tiempo en que yo creí perdido todo.
Pero vuestra constancia no se enteró siquiera
y seguisteis viniendo a acariciar mi frente
y a decirme que el mundo seguia estando intacto.
Surgís dificilmente lentas, de dentro a fuera
como torres de nubes que, imitando dragones,
se alzan en el ocaso, saliendo de sí mismas;
o como un sentimento, tan nuestro y tan profundo,
que al subirlo a la boca va espesso del esfuerzo,
arrastrando en su parto los más hondos aromas.
¿Qué decis, qué decis, bocas de Dios infantes?
¡Cuánto trabajo os cuesta pronunciar la palabra
oliente y no etendida!  Os morís, fatigadas
cuando acaba, al decirla, vuestro oficio en la tierra.
Vuestra belleza es eso: morir, pasar al vuelo.
Vuestro aroma es la muerte. Y por eso enlouquece.
Mas, ¿qué importa morir cuando se há sido, y tanto!
Yo os doy la eternidad que os quitaba de ser bellas.
Os tengo en mi recuerdo lo mismo que en un libro,
evocándome mayos, muchachas y ciudades,
al hallaros de pronto, cuando paso las hojas.
Voy contando mis años por relevos de rosas.
De rosas repetidas, de eternidade de rosas
que me animan, diciéndome que el Señor sigue en pie.

 

                            (De Hombre de Diós, 1945)

 

        

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA

 

 

         ELEGIA DA INFÂNCIA

 

         Aqui está minha fotografia da infância
cravando meus olhos, mais profundos que nunca,
com uma coisa vaga
pousada entre as mãos, distraídas e leves.
É o banco de pedra
— os pés ainda longe do chão  —
do parque de meus sonhos infantis
onde o sol era amigo
e a areia sentia
o tato de conhecida mãe anciã.

 

         Quando a imagem turva
de um menino, de repente, se distrai
no meio dos jogos
e no ocaso fica pensativo
escutando o rumor distante das ruas...

 

         O mundo ia nascendo pouco a pouco
para mim apenas.
A terra era uma alegre maçã de merenda,
um balão de coares não esperado.
Os pássaros cantavam porque eu estava ouvindo-os,
as árvores nasciam quando eu abria os olhos.

 

         E os medos, depois...
Tudo podia ser no escuro do quarto.
No fundo do corredor
pulsava todo o negro deste mundo,
todas as vagas forças inimigas,
todas as negações...

 

         Ai alma de minha infância!
Só vivo inteiramente quando volto a ser menino.
Que outra revelação maior que aquela do mundo
e da vida entre as mãos?
(...) como todas as coisas eram como palavras...)

         Que sonho era aquele
de pressentir desde o um

bral da alma
os dias esperando-me?

         Ó Senhor, aquele menino que eu era
quer pedir-te, morto,
que o deixes viver em meu presente um pouco!#
Que continue em mim. Deus meu
— como tu nos dizias —,
e viverei do todo,
e sentirei a vida plenamente,
e tu serás meu assombro virgem
cada manhã...

                            (De Hombre de diós, 1945)

 

         SALMO DAS ROSAS

 

        Ó rosas, fiéis de meu jardim de maio,
já vens, como sempre, a repousar minha angústia
com vosso testemunho de que Deus não me esquece.
Houve um tempo em que eu acreditei ter perdido tudo.
Mas vossa constância não se inteirou sequer
e seguisteis vindo a acariciar minha fronte
e a dizer-me que o mundo seguia estando intacto.
Surgis dificilmente lentas, de dento para fora
como torres de nuvens que, imitando dragões,
se elevam no ocaso, saindo de si mesmas,
ou como o sentimento, tão nosso e tão profundo,
que ao subir à boca vai espesso pelo esforço,
arrastando em seu peito os mais profundos aromas.
Que dizeis, que dizeis, bocas de Deus infantes?
Quando trabalho vos custa pronunciar a palavra
mal cheirosa e mal entendida! Morreis, fatigadas
quando acaba, ao dizê-la, vosso ofício na terra.
Vossa beleza é isso: morrer, voar.
Vosso aroma é a morte. E por isso enlouquece.
Mas, que importa morrer quando já fomos, e tanto!
Eu vos dou a eternidade que os negava o ser belas.
Tenho-os em minha lembrança o mesmo que um livro,
evocando-me maios, moças e cidades,
ao achar-vos de repente, quando passo as folhas.
Vou contando meus anos pelo relevos das rosas.
De rosas repetidas, de eternidade de rosas
que me animam, dizendo-me que o Senhor segue em pé.

 

                            (De Hombre de Diós, 1945)

 

 


Página publicada em dezembro de 2018


 

        



 

 

 
 
 
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