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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fuente: http://www.omni-bus.com/

MANUEL ZABALA RUIZ

(Riobamba, 1928). Poeta y catedrático universitario. Formó parte del Grupo Caminos. Ha obtenido en varias ocasiones los premios nacionales de poesía del Ecuador.

Ha publicado La risa encadenada (1964), Teoría de lo simple (1970), Rumbo al otoño (1986), Obra poética completa (1998) y Poesía junta (2006).

 

TEXTO EN ESPAÑOL   -  TEXTO EM PORTUGUÊS

 

BIOGRAFÍA HUMILDE

 

Asno: príncipe bíblico, transportador de dioses...

Cargada está de aureolas tu antiquísima raza;

hueles a nacimiento, a pesebre, a establo,

a palmas de victoria y a bienaventuranzas...

 

Tenor en decadencia, tu voz se ha vuelto escándalo.

Pobre judío errante, sin usuras ni lujos,

hace miles de años que no cambias de temo

y tu elegante frac lo ha desteñido el uso...

 

Ermitaño salvaje, meditas el breviario

que el rondador del indio dice con triste dejo; ,

y, como si asumieras el dolor de su raza,

tienes el pesimista caminar de los reos...

 

Tus ojos son dos negras recetas de dulzura;

cultivas el silencio como una hierbabuena,

¡Oh, discípulo amado de Platón o Aristóteles!:

eres el proletario reloj de las aldeas...

 

Gozas como un buen sabio en espantar las moscas,

dar coces a los perros, a los diablos patadas,

arrancar con los dientes la hierba del camino

y escribir jeroglíficos de cristal en el agua...

 

Tú insultaste a Balaam en hebreo legítimo;

y, por sabio que tiene rebeldías audaces,

te castigó el Eterno, como a los niños malos,

con dos orejas grises, lanudas y gigantes...

 

Yo sé que irás al cielo con sayal franciscano

a ponerte al servicio del divino portero;

pero, óyeme: allá arriba, no entones los maitines

ni espantes con tu rabo las estrellas del cielo...

 

De Teoría de lo simple, 1964.

 

EL VALS DEL PRIMER ENCUENTRO

 

¡ Que lejana está la tarde

de nuestro primer encuentro!

Por algo que oí en tu voz

se me ha agolpado el recuerdo

y un torreón de tristeza

se me desplomó aquí adentro.

 

Han pasado tantos años,

tanto llanto, tanto duelo,

que me parece imposible

recuperarte en el tiempo.

Y me quiero regresar

donde mis ojos te vieron

para nombrarme en tu voz

como enjaula de jilgueros

y embriagarme una vez más

en el mosto de tu cuerpo.

 

¡Cómo se apagó la tarde

          en el agua de tu pelo!

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda


BIOGRAFIA HUMILDE

Asno: príncipe bíblico, transportador de deuses..
Carrega até auréolas tua antiquíssima raça;
com cheiro de nascimento, de presépio, de estábulo,
de palmas da vitória e boa aventuranças.

Temor de decadência, tua voz tornou-se escândalo...
Pobre judeu errante, sem usuras nem luxo,
há mil anos que não trocas a vestimenta
e teu elegante fraque ficou descolorido pelo uso...

Ermitão selvagem, meditas com o breviário
que o rondador* do índio diz com triste jeito;
e como se assumisses a dor de tua raça,
tens o caminhar pessimista dos réus.

Teus olhos são duas negras receitas de ternura;
cultivas o silêncio como uma folha de hortelã,
Oh, discípulo amado de Platão ou Aristóteles!:
és o relógio proletário das aldeias...

Gozas como um bom sábio ao espantar as moscas,
dar coices nos cães, nos diabos patadas,
arrancar com os dentes a relva do caminho
e escrever hieróglifos de cristal na água...

Tu insultastes Balaam em hebreu legítimo;
e, com sábio com rebeldias audazes,
te castigou o Eterno, como aos meninos maus,
com duas orelhas cinzentas, peludas e enormes...

Eu sei que vais para o céu com veste franciscana
colocando-se a serviço do divino porteiro;
mas, ouça-me: lá em cima, não entoes orações vespertinas,
não espantes com teu rabo as estrelas do céu...

De Teoría de lo simple, 1964

*instrumento musical, de sopro, fabricado com bambu fino.

 

 

 

A VALSA DO PRIMEIRO ENCONTRO

Que distante está a tarde
de nosso primeiro encontro!
Por algo que ouvi em tua voz
me golpeou a lembrança
e uma torrente de tristeza
se desmoronou aqui dentro.

Já se passaram tantos anos,
tanto pranto, tanta dor,
que me parece impossível
recuperar-te no tempo.
E desejo regressar
aonde meus olhos te viram
para nomear-me em tua voz
como em jaula de pintassilgos
e embriagar-me uma vez mais
no mosto de teu corpo.

Como se apagou a tarde
na água de teu cabelo!

 

Página publicada em março de 2014

 

 

 

 

 
 
 
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