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SAMUEL A. LILLO

 

SAMUEL A. LILLO

(1870-1958) 

 

Samuel Àngel Lillo (13 de fevereiro de 1870, Lota, Província de Arauco, Chile - 13 de outubro de 1958, Santiago) foi um poeta chileno. Pertenceu ao Ateneo de Santiago e exerceu grande influência na vida literária de seu tempo. Prêmio Nacional de Literatura 1947.

Obras: Canciones de Arauco é sua obra máxima. O poema a seguir faz parte da referida obra. Existem muitas edições em livros e em páginas na web deste famoso poema, mas acredita-se seja esta a primeira tradução ao nosso idioma.  

 

TEXTO EM PORTUGUÊS

Tradução de José Jeronymo Rivera

 

“A EPOPÉIA DOS CONDORES” é um dos poema da obra

CANCIONES DE ARAUCO, de Samuel A. Lilllo.

 

 

Lea el texto original en Castellano:

 

http://www.biblioteca.org.ar/libros/6772.pdf

 



 

A EPOPÉIA DOS CONDORES 

 

Era a idade antiga

de uma época heróica desta terra,

em que vibrava ainda forte o grito

de liberdade, desde o mar à serra;

em que cada labrego,

ao subir cada noite até as montanhas,

contava junto ao fogo

o poema viril de suas façanhas;

o tempo legendário

quando na solidão dos alcandores

lutavam com os pumas,

como novos Davis, nossos pastores,

e quando os aldeões,

ao despontar a aurora,

assistiam descerem para o chão,

mui ferozes e grandes,

talvez mais que as de agora,

as bandadas de condores dos Andes.

 

Em grupos buliçosos acudiram,

ao conhecer as novas da alvorada,

os robustos mancebos montanheses

a tomar seu lugar, como outras vezes,

nessa grande caçada.

 

Construíram o campo da peleja

ao pé de umas alturas

que ali fecham o vale, e o cercaram

com uma rede de troncos que amarraram

com fortes ligaduras.

Bem no centro deixaram pela noite

um touro recém-morto que atraíra,

ao clarear a alvorada,

a interminável fila

da bandada faminta.

 

desde a aurora a turba dos rapazes,

à espera do duelo,

escondida espreitava as suas presas

a baixarem serenas lá do céu.

Algumas se chegavam com presteza

e entravam resolutas no cercado;

outras, revoluteando com pausado

e airoso movimento,

ou com as grandes asas estendidas,

atravessavam o ar e se afastavam,

como naves levadas pelo vento.

 

     Ao soar a chamada

com que a herdade afastada

convocava à oração do meio-dia,

cerca de uma centena

de condores enormes

ocupavam a arena,

fazendo em torno do bezerro morto

um inquieto montão, em que atacavam

os pássaros mais fortes e temidos

a presa ensangüentada, em um concerto

de golpes, correrias e grasnidos.

 

Fartos, por fim, de carne,

um a um de seu grupo se afastaram,

e abrindo lentamente a envergadura

de suas asas gigantes,

intentaram em vão alçar o vôo:

cansados e arquejantes,

chocavam com a forte paliçada

e adejando rodavam pelo solo.

 

Quando de duras peles revestidos

penetraram os moços,

levando na cintura seus facões

e empunhando também grossos bastões,

os condores ficaram silenciosos,

nas cercas se juntando, retraídos;

houve um até que as plumas alisou

e, asas abrindo, o pescoço estirou,

tal como os medievos paladinos

que escutavam no vento

o toque distanciado dos clarins.

 

     Um velho abutre que chegou cansado

tranqüilo conservou-se: desforrava-se

dos dias de jejum em suas montanhas.

Com o bico afiado,

as garras apoiando, formidáveis,

no bezerro, rompia-lhe as entranhas.

Logo agitou as asas, surpreendido

com a brusca invasão, e enraivecido

lançou-se contra o moço dianteiro,

mas um golpe certeiro

deixou-lhe o corpo colossal caído.

 

     Foi aquele o sinal: em um instante

o bando todo se juntou na arena;

alguns condores, tontos e espantados,

trataram de escapar; outros, irados

e com os bicos e os pescoços rubros

do sangue derramado,

saltavam sobre os olhos

dos bravos aldeões, e atrevidos,

esquivando-se aos golpes de seus braços,

dando roucos grasnidos

feriam-nos com rijos golpes de asas.

 

Logo um daqueles moços, de alma fera,

entre arrancos de fúria ou de alegria,

rota em partes a pele que o cobrira

e os cabelos aos ventos espalhados,

como um novo Rolando percorria

a espessa legião que revolvia

as negras asas e os pescoços alvos.

 

Agora um dos condores mais bravios,

resguardando o costado com os troncos,

dando saltos enormes, rechaçava

daqueles moços os possantes brios;

e de súbito ao fim escapulia

para o fundo da liça, semelhante

a um jaguar se livrando da matilha.

 

Como nuvens escuras

de ervas e de poeira, torvelinhos

se elevavam do chão para as alturas,

enquanto o formidável vozerio,

com o rude golpear dos campeões,

ia levando pela serra os ecos

de um embate de abutres com leões.

 

Cessou por um momento a dura luta,

as aves vacilantes,

contemplando tristonhas suas montanhas,

no fundo do curral se refugiaram

silentes e arredias.

Os moços arquejantes

as frontes suarentas enxugaram,

alegres comentando suas façanhas,

enquanto alguns condores derrotados,

com seus sangrentos membros destroçados

buscaram um recanto em meio ao bosque

para morrer tranqüilos, resignados,

com a cabeça escondida entre os espinhos,

como, ao cair nos circos dos romanos,

em vez de pedir graça a seus senhores,

sob o escudo, ferozes, escondiam

a cabeça os vencidos gladiadores.

 

Do fundo do cercado

avançou, de improviso,

um bravo abutre de imponente altura

e alvo e largo pescoço

que contrastava com sua veste escura;

e abrindo-se caminho

em atitude irada

frente a um dos moços veio colocar-se.

 

Parecia um antigo condottiere

que lutasse por toda a companhia.

Ao vê-lo junto a si, valente o moço

saltou sobre o caudilho;

no centro do pescoço vigoroso

a faca mergulhou-lhe até o cabo.

Ergueu-se o abutre, e antes que pudesse

dar alguém qualquer passo,

abateu-o com um golpe de suas asas

e o crânio lhe rompeu com uma bicada.   

 

Uma grita de horror e de protesto

espantosa se ergueu.

Os que antes contemplavam,

sobre os troncos trepados, 

os sucessos da festa,

desceram num tropel, e aos encontrões

no centro do cercado penetraram,

ao tempo em que os ginetes

desciam pela encosta em correria

e rompiam a forte paliçada

com o impulso feroz de seus bridões.

 

     E enquanto comovidos os labregos

separavam o abutre e o rapaz

estreitamente unidos,

os condores, que estavam agrupados

e dispostos ainda a pelejar,

saíram pela brecha que se abria.

E ao se acharem lá fora,

as asas sacudiram, triunfalmente,

dando saltos por toda a pradaria.

Alçaram logo o vôo e lentamente

atravessaram o alto da esplanada;

e ao mirarem o grupo dos irmãos,

retesado o pescoço e contraídas

as garras pela sanha,

partiram, desfilando em longa esteira,             

rumo aos penhascos de sua cordilheira.

 

 

 

Poema publicado originalmente no JORNAL DA ANE – Associação Nacional de Escritores, em agostao de 2008, a partir de uma pesquisa realizada por Fontes de Alencar, quem solicitou a tradução.     Página publicada em setembro de 2008


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