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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SILVIA JACINTHO

 

Nasceu em Barretos, São Paulo.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS -  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

JACINTHO, Silvia.  Dança do fogo: estudo sobre o desejo.  La danza del fuego: estudio  sobre el deseo.  Tradução de Helena Ferreira.  Rio de Janeiro^: Imago Ed., 2004.  196 p.   14x21 cm.   Edição bilingüe portugués e espanhol.  Col. A.M. 

 

AS GARRAS

 

Graciosa, rodando para o alto as mãos,

apresenta-se na sala dançando,

as ancas, alaúdes, requebram

pernas abrem o godé da saia

e guitarras enchem o ar de langor

e músicas. Sobrancelhas agrestes

olhar cálido e úmido

unhas esmaltadas furam como garras

assim, ela baila cravando-as em mim

enterrando a fúria de sua paixão

na fatalidade de ser apenas um indefeso

homem.

 

 

GITANA

 

Gitana, a pele qual folha pisada,

morena-mate: ela vem a meu encontro

com o roçar dos babados da saia no chão

e o lamento soa da guitarra mourisca

baila a aflição guardada no peito,

a dançarina marca o ritmo

penteia tacos do sapato na tábua

e sapateia e sapateia e sapateia

assim, com força em seus passos

de si mesma ela se distancia,

e possuída pela dança, esquecida

do mundo, Carmem baila.

 

 

GITANERIA

 

Nas vielas sinuosas e nos limites

da gitanería, a céu aberto,

baila Carmem

seu tablado, a rua calçada de pedras

de cada casa descem vizinhos

que a rodeiam com palmas e cantorias

ai, um grito de aflição sai das cordas

da guitarra, apaixonada,

a dançarina alteia os braços, girando-os,

e possuída pelo tom da música

lá fora ela sapateia,

dançar é o abrigo de seu espírito

— a verdadeira casa.

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL
Tradução de Helena Ferreira

 

LAS GARRAS

 

Con gracia/ mueve las manos hada lo alto,

bailando, se presenta en la sala,

las caderas laúdes menean,

las piernas ensanchan el pliegue de la falda

y guitarras rellenan el aire de langor

y música. Cejas agrestes,

mirada cálida y húmeda,

uñas con esmalte horadan cual garras

es así como baila clavándolas en mí,

enterrando la furia de su pasión

en la fatalidad de no ser yo más

que un hombre indefenso.

 

 

GITANA

 

Gitana, la piel cual hoja pisada,

morena trigueña: ella viene

a mi encuentro

 

rozando los volantes de la falda

en el suelo       

y suena el lamento en la guitarra morisca

baila la ansiedad guardada en el pecho,

la danzarina acompaña al ritmo

hincando los tacones en el tarimado

y zapatea y zapatea y zapatea

así, con fuerza en los pasos,

de sí misma se aleja,

y poseída de la danza, olvidándose

del mundo. Carmen baila.

 

 

LA GITANERÍA

 

En las callejuelas sinuosas y cercanas

a la gitanería, a cielo abierto

baila Carmen

su tablao, la calle hecha de piedra,

de cada casa salen los vecinos

que la rodean con palmadas y canturías

ay, suena un grito afligido de las cuerdas

de la guitarra, apasionada,

ella altea los brazos, dándoles vueltas,

y llevada por el son de la música

allá fuera ella zapatea,

porque danzar es el abrigo de su espíritu

— la verdadera casa.

 

 

JACINTHO, SilviaLavoura de infinito.  São Paulo: Massao Ohno Editor, 1990.  77 p.  ilus.  15x21 cm. Ilustrações: Livio Abramo, linóleos e xilogravuras, 1927.  Capa: Joan Miró, óleo s/tela.  Tiragem: 500 exs.  Col. A.M. 


 

LAVOURA DE ARROZ

 

Para onde vou, não sei.

Sei que passo por esse caminho

no meio dessa lavoura.

Dezembro nesta baixada

à beira do rio

inundado. Moitas, tufos

de cabelos verdes despenteados.

Moitas, tufos

e pés e pés de gente colhendo

esse arroz, de maio.

Campo sem casa campo de arroz

pó de arroz e essa

planície extensa baixa

dourada

enchendo meus olhos

de água e cachos e cachos e cachos

maduros

dessa luz - nosso alimento.


 

LAVOURA DE TIJOLOS

 

A agulha enfiada.

A fragrância das flores na cambraia.

As cores sólidas das linhas.

O avô apenas uma fotografia na parede,

me olhando.   

Dentro da casa. Lia bate os pés no pedal

da máquina de costura.

Aqui fora, nos canteiros do jardim

Carlos e eu amassamos o barro.

E o colocamos nas caixas de fósforos, vazias.

Esses tijolos de barro sem cozer

montam minha olaria.

Vou deixar aqui meus sonhos

ressecando ao sol.

Quando crescer e voltar um dia

e um dia não encontrar ninguém

tocarei com minhas mãos sujas de sonho

o barro dessa olaria.

 

 

LAVOURA DE NOIVAS AOS SÁBADOS

 

Eu vim aqui.

Saí da escola e estou aqui.

Para te ver passar.

Longa e branca, ondas de cetim e sereia.

O véu de tule subindo a escada.

E tiaras saindo de dentro dos olhos.

O bojo das pétalas caídas.

Mordo meus lábios e não entendo.

Essas coisas dentro de mim, aos sábados.

A música e essas cores pálidas.

A igreja.

Os passos.

No fim da tarde atravessando o átrio.

O noivo, a noiva e esse vestido de cauda.

Tão lindo!

O interior aos sábados são cabos de rosas.

E coisas partindo.

 

  

 

 

Página publicada em fevereiro de 2013

 

 

 
 
 
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