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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



RICARDO JAIMES FREYRE
(1868-1933)

Integrante do movimento modernista, a exemplo de Rubén Darío e Leopoldo Lugones, tem como livros principais Castalia Bárbara (1899), Los sueños son Vida (1917) e Las Leyes de la Versificación Castellana (tratado sobre a estrutura técnica da poesia).

TEXTOS EN ESPAÑOL  /  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

LAS VOCES TRISTES

 

Por las blancas estepas

se desliza el trineo;

los lejanos aullidos de los lobos

se unen al jadeante resoplar de los perros.

 

Nieva.

Parece que el espacio se envolviera en un velo,

tachonado de lirios

por las olas del cierzo.

 

El infinito blanco...

sobre el vasto desierto

flota una vaga sensación de angustia,

de supremo abandono, de profundo y sombrío desaliento.

 

Un pino solitario

dibújase a lo lejos,

en un fondo de brumas y de nieve,

como un largo esqueleto.

 

Entre los dos sudarios

de la tierra y el cielo

avanza en el Naciente

el helado crepúsculo de invierno...

 

 

AETERNUM VALE

 

Un dios misterioso y extraño visita la selva.

Es un dios silencioso que tiene los brazos abiertos.

Cuando la hija de Thor espoleaba su negro caballo,

le vio erguirse, de pronto, a la sombra de un añoso fresno.

Y sintió que se helaba su sangre

ante el dios silencioso que tiene los brazos abiertos.

 

De la fuente de Imer, en los bordes sagrados, más tarde,

la Noche a los dioses absortos reveló el secreto;

El Águila negra y los Cuervos de Odín escuchaban,

y los Cisnes que esperan la hora del canto postrero;

y a los dioses mordía el espanto

de ese dios silencioso que tiene los brazos abiertos.

 

En la selva agitada se oían extrañas salmodias;

mecía la encina y el sauce quejumbroso viento;

el bisonte y el alce rompían las ramas espesas,

y a través de las ramas espesas huían mugiendo.

En la lengua sagrada de Orga

despertaban del canto divino los divinos versos.

 

Thor, el rudo, terrible guerrero que blande la maza,

-en sus manos es arma la negra montaña de hierro,-

va a aplastar, en la selva, a la sombra del árbol sagrado,

a ese Dios silencioso que tiene los brazos abiertos.

Y los Dioses contemplan la maza rugiente,

que gira en los aires y nubla la lumbre del cielo.

 

Ya en la selva sagrada no se oyen las viejas salmodias,

ni la voz amorosa de Freya cantando a lo lejos;

agonizan los Dioses que pueblan la selva sagrada,

y en la lengua de Orga se extinguen los divinos versos.

 

Solo, erguido a la sombra de un árbol,

hay un Dios silencioso que tiene los brazos abiertos.

 

 

 

SIEMPRE


Peregrina paloma imaginaria
que entardeces los últimos amores;
alma de luz, de música y de flores
peregrina paloma imaginaria

Vuela sobre la roca solitaria
que baña el mar glacial de tus dolores;
haya, a tu paso un jaz de resplandores,
sobre la adusta roca solitaria...

Vuela sobre la roca solitaria,
peregrina paloma, alma de nieve
como una divina hostia, ala tan leve

Como un copo de nieve ala divina,
copo de nieve, lirio, hostia, neblina,
peregrina paloma imaginaria...



(De Castallia Bárbara)

SEMPRE
Tradução de José Jeronymo Rivera

Peregrina paloma imaginária
que incendeias os últimos amores;
alma de luz, de música e de flores,
peregrina paloma imaginária.

Adeja sobre a rocha solitária
banhada pelo mar glacial das dores;
haja, a teu passo, um feixe de esplendores,
por sobre a adusta rocha solitária...

Adeja sobre a rocha solitária,
peregrina paloma, asa de neve,
como uma hóstia divina, asa tão leve.

Como um floco de neve, asa divina,
floco de neve, lírio, hóstia e neblina,
peregrina paloma imaginária...


(De Castália Bárbara)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LO FUGAZ

         La rosa temblorosa
         se desprendió del tallo,
         y la arrastro la brisa
         sobre las aguas turbias del pantano.

         Una onda fugitiva
         le abrió su seno amargo,
         y estrechando a la rosa temblorosa
         la deshizo en sus brazos.

         Flotaron sobre el agua
         las hojas como miembros mutilados,
         y confundidas con el lodo negro,
         negras, aun más que el lodo, se tornaron.

         Pero en las noches puras y serenas
         se sentía vagar en el espacio
         un leve olor de rosa
         sobre las aguas turbias del pântano.

 

         PEREGRINA PALOMA IMAGINARIA

         Peregrina paloma imaginaria
         que enardeces los últimos amores;
         alma de luz, de música y de flores,
         peregrina paloma imaginaria.

         Vuela sobre la roca solitaria
         que baña el mar glacial de los Dolores,
         haya, a tu passo, un haz de resplendores
         sobre la adusta roca solitária.

         Vuela sobre la roca solitária,
         peregrina paloma, ala de nieve
         como divina hóstia, ala tan leve

         como un copo de nieve: ala divina
         copo de nieve, lirio, hóstia, neblina,
         peregrina paloma imaginaria.

 

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TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Solon Borges dos Reis

 

AS VOZES TRISTES

 

Pelas brancas estepes

o trenó desliza:

o longínquo uivar dos lobos

une-se ao cansado arfar dos cães.

 

Neva.

Parece que o espaço

se envolveu num véu,

salpicado de lírios

pelas asas do vento.

 

O infinito branco...

Sobre o vasto deserto

dança uma vaga sensação de angústia,

de supremo abandono,

de profundo e sombrio desalento.

 

Um pinheiro solitário

recorta-se na distância

num fundo embaçado de bruma e de neve,

como um esqueleto grande.

Entre os dois sudários

da terra e o céu,

avança no Nascente

o gelado crepúsculo do inverno...

 

 

 

AETERNUM VALE

 

                   Um Deus misterioso e estranho visita a floresta.

É um Deus silencioso que tem os braços abertos.

Quando a filha de Thor esporeava seu cavalo negro,

o viu erguer-se, de repente, à sombra de um grande freixo idoso.

E sentiu que seu sangue gelava

ante o Deus silencioso que tem os braços abertos.

 

Mais tarde, nas bordas sagradas da fonte de Imer,

a Noite revelou o segredo aos deus concentrados;

e Águia negra e os Corvos de Odin escutavam,

e os cisnes que esperavam a hora do canto derradeiro:

e aos deuses mordia o espanto

desse Deus silencioso que tem os braços abertos.

 

Na selva agitada ouviam-se estranhas salmodias;

balançava o carvalho e o salgueiro, vento lamurioso;

o bisonte e o alce moviam as ramagens espessas,

e através das ramas espessas fugiam mugindo.

Na língua sagrada de Orga

despertavam do canto divino os divinos versos.

 

Thor, o rude e terrível guerreiro que brande a maça,

— a negra montanha de ferro, em suas mãos é uma arma —

vai atacar na selva, à sombra da árvore sagrada,

a esse Deus silencioso que tem os braços abertos.

E os deus contemplam a maça que vibra

que gira nos ares, escurecendo a luz do céu.

 

.............................................................................

 

Já na selva sagrada não se ouvem as velhas salmodias,

nem a voz amorosa de Freya cantando à distância.

Agonizam os deuses que povoam a selva sagrada,

e na língua de Orga os versos divinos se extinguem.

Somente, erguido à sombra de uma árvore,

há um Deus silencioso que tem os braços abertos.

 

Ó PEREGRINA POMBA IMAGINÁRIA

  •                            
  • Tradução de
                                AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA
  •                      Ó peregrina pomba imaginária
                         que reacendes os últimos amores;
                         alma de luz, de música e de flores,
                         ó peregrina pomba imaginária.
  •                      Revoa sobre a roca solitária
                         que banha o oceano glacial das dores;
                         e, ao passares, um feixe de esplendores
                         brilhe na adusta roca solitária.
  •                      Revoa sobre a roca solitária,
                         ó peregrina pomba, asa de neve
                         como hóstia consagrada, asa tão leve
  •                      como um floco de neve; asa divina,
                         floco de neve, lírio, hóstia, neblina,}
                         ó peregrina pomba imaginária.
  •  
  •                      O FUGAZ
  •                             Tradução de
                                AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA
  •                      A rosa tremulosa
                         desprendeu-se do talo,
                         e de rastos a brisa
                         a levou sobre a turva água do charco.
  •                      Uma onda fugitiva
                         abriu-lhe o seio amargo,
                         e, com estreitar a rosa tremulosa,
                         desfê-la nos seus braços.
  •                      Flutuaram sobre as águas
                         as folhas como membros mutilados,
                         e, confundidas com a lama negra,
                         negras, mais do que a lama, se tornaram.
  •                      Porém nas noites puras e serenas
                         sentia-se vagar pelos espaços
                         um leve odor de rosa
                         por sobre as águas túrbidas do charco.
                      

 

Página ampliada e republicada em abril de 2008; página ampliada em maio de 2018

 

 

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