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A NOVÍSSIMA POESIA DO BRASIL EM ANTOLOGIA

Resenha, por Antonio Miranda, da obra



TODO COMEÇO É INVOLUNTÁRIO - a poesia brasileira no início do século 21.  Org.  de Claudio  Daniel.  São Paulo: Lumme Editor, 2010.   328 p.   ISBN 978-85-6244-139-4

 

O poeta, tradutor  Claudio Daniel, pseudônimo de Claudio Alexandre de Barros Teixeira  (São Paulo (SP), em 1962) é um dos mais ativos antologista da nova poesia brasileira. Pós-graduado da USP, vem fazendo desde o final do século XX e início do novo milênio, o que fez (e continua fazendo) a ensaísta Heloisa Buarque de Hollanda. Claudio Daniel dedicou-se aos poetas do neobarroco e das novas tendência de nossa poesia contemporâneo, em sua maioria habitantes de São Paulo e estados limítrofes. Nada de errado. De um antologista se espera que faça sua seleção, que manifeste exatamente suas preferências. Estejamos ou não de acordo com ele.

 Há outras "vozes" na seleção como a do poeta visual Marcelo Sahea.  Os nomes são exatamente daqueles autores que hoje aparecem com frequência nas revistas impressas e digitais do sudeste e sul do Brasil, que têm blogues e participam de festivais e saraus nas capitais da região.  Autores jovens, talentosos, construindo uma obra poética importante. Citamos alguns exemplos, sem desmerecer os demais: Adriana Versiani,  Micheliny Verunschk  e Virna Teixeira. E o caso muito particular de Douglas Diegues, que se notabilizou por suas versões em portunhol.

 O prefácio do antologista focaliza três "atos" na evolução recente de nossa poesia, desde o concretismo, os poetas da contracultura, da poesia visual até os nossos dias. Vamos reproduzir um trecho, a seguir, em que orienta sobre a poesia dos nossos dias:



ATO III
(Autor: Cláudio Daniel)


A poesia brasileira, na passagem para o novo século, buscou outros repertórios e manifestações simbólicas e culturais, além dos territórios conquistados pelas gerações anteriores. Os novos poetas leram João Cabral e a Poesia Concreta, mas também autores como o cubano Lezama Lima, o português Herberto Helder, o norte-americano Robert Creeley e o romeno Paul Celan, em busca de novas possibilidades criativas. Além das referências literárias, eles foram seduzidos por aspectos da cultura pop, pêlos recursos da internei, pelo compact disc, buscando novas fronteiras para a palavra. Em contraponto a essa busca de paradigmas e meios tecnológicos, houve um ressurgimento do interesse pelas culturas tradicionais, como as sociedades indígenas e africanas, e também pelas formas de pensamento filosófico e religioso do Oriente. Há uma pulsão de conhecer, integrar, digerir o que se fez de mais inventivo em matéria de linguagem, em outros climas e latitudes, superando as noções estreitas de certo deslocado nativismo. Todos esses elementos, ainda que parciais e precários, são pistas iniciais para caracterizarmos a poesia brasileira dos anos 80 e 90 como uma arte mestiça, impura; não há lugar, aqui, para uma única linha de força, mas para uma pluralidade de poéticas possíveis. Vamos analisar agora, de maneira sucinta, algumas dessas linhas criativas.

Recusando a poesia coloquial centrada no cotidiano, praticada nos anos 70, mas desejando outros caminhos além da visualidade da Poesia Concreta, alguns poetas buscaram a saturação de imagens em linhas de elaborada construção sintática, não raro dissolvendo as fronteiras entre prosa e poesia. Estes autores são densos e não temem a aproximação com o hermético e o barroco pela riqueza de léxico e mescla de referências culturais. Podemos incluir, nesta saudável nau de insensatos, poetas como Horácio Costa, autor de livros como Satori e O Menino e o Travesseiro;Claudia Roquette-Pinto, autora de Saxífraga e Zona de Sombra; Wilson Bueno, com sua notável novela poética  Mar Paraguayo; e, com algum discernimento, Josely Vianna Baptista, que publicou Ar e Corpografia, e Frederico Barbosa, nos livros Rarefato e Nada Feito Nada (sendo que, nesses últimos, a visualidade da Poesia Concreta comparece, no uso da espacialização e na estética do fragmento). Um outro poeta que a princípio poderia ser incluído nesse grupo é o Carlito Azevedo de Collapsus Linguae e As Banhistas (embora posteriormente seguisse outra concepção de poesia, mais domesticada). Todos estes autores têm dicções pessoais bem delimitadas; o que possuem em comum é o ideal de invenção da linguagem no campo da poesia verbal, investindo no arranjo inusitado das palavras, dialogando inclusive com experiências similares no âmbito europeu e latino-americano. Esta linhagem barroquizante ou hermética, enraizada na construção da linguagem (e antecedida pelo Haroldo de Campos de Galáxias e dos estudos sobre o barroco e a obra de arte aberta) representa talvez o caminho mais consistente de pesquisa e experimentação em nossa poesia hoje, e tem manifestado ressonâncias, inclusive, em autores jovens, como o cearense Eduardo Jorge e a paulista Adriana Zapparoli.

 

 

Página publicada em janeiro de 2011


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