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Ícone da bola une povos

 

[O futebol sob o holofote de um enigma]

 

       Por ALICE SPINDOLA

 

 

 

Qual a razão do fascínio pelo futebol?

Que complexa atração exerce o malabarismo de vinte e dois jogadores e uma bola? Deslizante, a esfera de couro seduz o torcedor ao rolar sobre o gramado, comandando o jogo e o suspense.

 

Bola, que carrega dentro de si o ar de várias terras, o fogo da paixão pelo movimento, lágrimas por derrotas, pianíssimos e sussurros quando, na cobrança de um pênalti, o silêncio ousa auscultar o próprio sibilar.

Quanta vez, dentro do silêncio, ainda, ocorre o grito de um gol. Ou uma bola, que parece certeira, bate na trave. Haja concentração! Ah, Deus!

O mundo pára diante deste silêncio, cego e vibrante.

Bola que, sob o impulso dos pés dos jogadores, traz conflitos, gera contrastes de atuação, provoca impasses, e jogadas de gênios, dribles mágicos, traduzindo um resultado de perdas e ganhos. Imensa emoção pela vitória. Coração pulsando forte. Adrenalina explodindo. Alegria desmedida. Nos trâmites do jogo, o desassossego. Vaivém da bola, o giro dos ídolos pelo campo. Deles: imaginação, técnica e perspicácia. A procura do melhor meio para manter a pelota sob seu comando a fim de conduzi-la além da pequena área. Torcedores se enchem de indignação e de raiva em contraponto com outros que não cabem, em si, de contentamento. A cada arremesso ou ao simples toque do jogador na bola, a nova oferenda de reações. 

Em campeonatos mundiais, a bola impõe celebração, convoca o patriotismo, rege o respeito às tradições, exige que se celebre a vida, mesmo que chovam lágrimas. Mímicas do corpo dizem tudo. O grito preso na garganta. O gol revive a alma do jogador.

Multidões trabalham em prol do evento.

Em comunhão com o Alto, um coro de vozes telúricas de todo o Universo pede a paz, consagrando um hino à vida. Instigando o diálogo entre os povos, o élan da Copa. Envolvimento entre indivíduos dos cinco continentes promove a fraternidade há tempos esperada. Carisma dos dribles. Cores, signos e símbolos de cada pátria saúdam o Amor, o sentimento da Amizade em toda a Terra.

Como não se emocionar?

 

 

 

 

A magia da arte

 

Cativo de um ideal de paz e almejando atuar em evento grandioso como o da Copa do Mundo de 2006, o pintor Túlio Rodrigues, do Instituto ComCiência – Brasil / Alemanha – contando com o apoio institucional da Embaixada da Alemanha, incentiva alunos e colaboradores a organizar uma exposição. Como tema, o futebol.

Juntos, optam por artes plásticas, considerando ser este o veículo menos utilizado para tal fim, até o momento.

Antes de tudo, porém, o mestre Túlio Rodrigues cria um clima de suspense: só pode participar da amostra quem se sente capaz de criar algo que não seja semelhante ao já explorado por qualquer mídia. Algo, também, que esteja à altura de representar o Brasil no exterior. Esvaziando, de inicio, toda a possibilidade de um trabalho comum ou que sugira uma cópia, ou que lembre apelos publicitários.

 Depois deste susto, outro espanto: “a obra deve apresentar três importantes características:

* Ser inédita.* Ser portadora de uma mensagem.* Ser instigante”.

 Trabalho em “forma realista, estilizada, reinventada, porém com tema reconhecido de alguma maneira”.

Após o assombro, pesquisas e mãos a obra.

Explosão de estilos vários. O sóbrio e o belo somando a audácia. Realidade não imaginada. O talento sob o crivo do próprio artista. A reserva. O pudor. O prazer. Como no futebol, o silêncio forte e ameaçador. Até os tímpanos doem, guardando o silêncio dentro do propósito criativo que, célere, viaja. Julgar, ou criar? Haverá mensageiros do Além?

Ao redor, olhos perscrutam as inúmeras abragências dos significantes, revestindo o significado do futebol.

 Ali, diante do olhar, o hálito do ar imerso na bola. O mesmo hálito pedindo um álibi para se extravasar pelos poros, sem encontrar saída.

Para o jogador ou para o artista: o doar é diferente do doar-se.

O lado monumental da Copa assusta. O extraordinário. A apoteose. O sucesso. Aventura de se expor e a de expor a Arte. Contemporaneidade desvendada cosmicamente. Exigência do público internacional: complexa, discutida, importante.          

De imediato, o excelente resultado.  E, de tal modo surpreendente, que, ao término das telas, a exposição – incomum e instigante – impõe um desafio, cobra um registro do processo criativo e do resultado pictórico.

Mas que tipo de registro?

Como explicar a urgência desse manifesto?

Há necessidade de uma visibilidade que patenteie, inclusive, uma saudade antecipada do que irá acontecer na Copa de 2006. Apontando, de modo inusitado, outros parâmetros, através de tintas e pincéis, e de tantos e diferentes aspectos da bola, “tendo como elemento o próprio jogo, sua conformação, sua hierarquia dentro do mundo dos esportes e sua importância no contexto social”, como bem observa Túlio Rodrigues.

 

Primeiramente, arma-se uma instalação.  

Obras enriquecidas por textos sobre o futebol. Lado a lado, tela e texto formam um ciclo dentro de um círculo. Une-os páginas de um livro, promulgado devido às armadilhas estéticas da amostra. Um livro aberto expondo as obras, a mensagem dos diretores do ComCiência – Brasil / Alemanha – Túlio Rodrigues e Kai Kreutzfeldt.

Dentro do périplo da instalação, olhos captam nuanças que os ídolos do futebol nunca intuíram sobre a bola. Audácia. Criatividade. Quadros que insinuam um diálogo que requer voz e ouvidos para entintar o solene respeito pela arte do futebol. Painéis fornecendo reflexões sobre ritos e gestual deste jogo que une povos. Na Copa, o lúdico espetáculo traz divisas internacionais para nações tantas. E a taça da vitória.

Lá longe, no ouvido, o rádio de pilha talvez não anuncie o lado suis generis dessas pinturas, porém existe, nesta instalação, uma tela que recorda a primeira Copa, a cores: uma TV, captando um provocativo olhar.

Instalação que deslumbra e emociona, confidenciando segredos instigantes e imprevistos, revelando espaços e transparências, como exemplo, a bola embutida no cérebro de alguém. Ou, transparente, inserida no regaço de outra esfera. Reverenciada, ao ser (e)levada a patamares divinos, ou, ainda, transformada em arte rupestre, ou em algo que lembre uma marionete, ou umlúdico brinquedo de criança. O rastro da bola no rústico do gramado, o centro da Bandeira do Brasil. Uma gaiola aberta? Ah, esses artistas!

Dentre curiosidades muitas, ao somar talentos, estes artistas promovem um ato cívico de gratidão ao País que acolhe a sua arte. Na delicadeza da oferta, a busca da fraternidade.

Inquietantes pesquisas. O sonhar a fim de conseguir propor o múltiplo desejo de conferir a idéia de paz, como se ousando transformar a instalação num périplo musical, ou num oratório onde todos possam ouvir solene sinfonia em respeito ao deslizar da bola. É possível crer-se que a magia da Arte é regida por desígnios superiores? Há limites para o sonho?

Onde estavam ocultos esses talentos?  O lastro da bola em si mesma?

Símbolos. Emblemas. Alegria incontida. A glória. Consagrando a fantasia: as regras do jogo, o gol, a trave, o motivo. Pernas e pés de homens raros tocam a bola até quando esta surge invisível. O cerne da emoção. Júbilo e lágrimas. Hino de Países. Tudo instigando a reverência, criando o fervor pela emoção, pela alegria, pela presença em espetáculo que gera vitórias, movimento e vida. O futebol sobrevive às intempéries.

O ícone da bola une povos.

 

 

 

 Livro originado da exposição de arte brasileira na Alemanha

 

Instalação em formato circular. Nas paredes do corredor, que leva à amostra, um documentário digital de fotografias de outros paralelos do passado entre Rio de Janeiro e Berlim: “Duas Culturas, Dois Destinos”, mas a mesma origem. Imagens que suscitam questionamento, pois no início do século XX, percebia-se nítida semelhança no estilo de viver, porém fadadas a ter diferentes metas. Qual a razão?

 

Livro, surgido pelo efeito instigante da amostra, sustenta obra afinada com o Universal, conduz mensagens que – lidas, entendidas, sentidas e admiradas por expectadores de diversos idiomas – lacram um enigma nos elos espirituais de seu cerne. Em suas páginas, a linguagem transfigurada da Arte tentando atingir o Fiat.

No livro, o eco deste encontro entre o esporte e o belo, ainda.

Da instalação, retida na memória, a imagem que grava o silêncio que antecede um gol e que estremece o coração, quando o ouvido adivinha a explosão de aplausos, o berro do torcedor. É gol! Go-oo-oo-ol!

 

Desempenho dos ícones do futebol irradia um caminho de luz para a união dos povos. Armadilhas da bola fazem vibrar os corações.

 

A “Intriga do Bem”, diria o eminente brasileiro Câmara Cascudo.

Alta seriedade da amostra, originando a “Intriga do Bem”, abre uma fonte de paz para o Universal, tal o ideal e as atitudes de harmonia dos artistas.  

Muitas vezes, os criadores chegam a imaginar que dedos invisíveis agem, vibram além da dimensão humana, o talento surgindo desta magia do inefável, traduzindo os dons do próprio pintor num clima de intraduzível alegria e perplexidade.

De modo transcendente, de súbito, um jogador nem pode crer na mágica de seu gol. A bola parece zombar de sua pontaria.

 

Mãos definem o que o talento delineia no cérebro. Neste campo, o drible dos pincéis; as ágeis jogadas da inspiração que o intelecto, às vezes, nem sabe captar. Neste tempo da partida, as artimanhas da Arte envolvem o artista num jogo inesperado, em que o malabarismo dos pincéis, sentindo o calor do tato do artista, quer culpar as tintas pela trama e pelo caminho estético, todavia cores e linhas não querem ser as responsáveis pelo atrevido resultado plástico. Olhar experiente do artista, desvendando as traves, abre as chaves do encantado, ao tocar a rede da sensibilidade, comprovando que a magia da Arte nunca envelhece apenas se renova, inovando o contexto lúdico que o gol contemporâneo exige.

 

Todo artista deixa, para críticos e apreciadores da Arte, algum código e novas descobertas, outras tendências, No placar dessa série de telas, será que o enigma se esconde na força de sua atração? Ou... o mistério não será para sempre?

Haja fôlego! A perícia desse grupo de pintores imprime vigor à performance, em que a estesia conta a própria história de modo personalíssimo. Cintila o mágico charme do talento. 

 

Não era um ar de incenso, mas um ar de vigília. Ali, no ateliê do ComCiência, antes da partida, postados à frente dos olhos dos artistas, os desenhos pareciam avaliar sua sortílega força, o alcance das obras por si mesmas. No halo irradiado: o grau de ousadia, o grau de desafio da criatividade, peregrinando numa benção sobrenatural, como se não querendo passar sem um documento que a consignasse. Que irreverência!

 

Justo, na Alemanha. País onde a arte de outros brasileiros já fora valorada com destaque.

Mítico e místico, o círculo guardará um enigma, sempre.

 

- // -

 

Alice Spíndola  –  escritora homenageada pelos diretores do ComCiência – Brasil / Alemanha – Túlio Rodrigues e Kai Kreutzfeldt, em 2006, na Copa do Mundo, na Alemanha. Articulista literária. Pertence à Associação Goiana de Imprensa. Membro correspondente da Academia Carioca de Letras e da UBE- Rio de Janeiro. Membro da Academia Rio-Cidade Maravilhosa. Integra os quadros da União Brasileira de Escritores de São Paulo e de Goiás. Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.  AFEMIL – Belo Horizonte. Contista. Poeta. Livros premiados e acolhidos pela crítica especializada, no Brasil e além oceanos. Livros traduzidos para o Húngaro e para o espanhol. Poemas e textos em idiomas vários.

                

 

 

 

O futebol sob o holofote de um enigma

 

                                                                     “Bola na trave,

                                                                                                            agüenta coração!”

 

 

                                   O signo da bola

 

 

Na telas, a bola de futebol, mais do um signo.

 

Últimos retoques. Túlio Rodrigues e Kai Kreutzfeldt, diretores do ComCiência – Brasil / Alemanha – avaliam a produção do semestre.

 No atelier, ainda.

De repente, algo vindo do incognoscível assedia o ar. Rumor do indesnudável e, não duvidem, transportando o fascínio de experiências não conhecidas. A mágica e o encanto, parados naquele rio de ar, pegam-nos de surpresa. A magia chega e se mostra como é; e diz ao que veio: exige ação e provas de altivez. Como desvendar o mistério? Logo após, o inimitável: confidentes, as telas parecem ter olhos que nos indagam; bocas que nos interpelam; ouvidos que nos acenam. Num átimo, descobrimos que acabáramos de ser capturados por essa liturgia transfigurada. E, assim, nos vimos questionados por nossas próprias perguntas. De súbito, os cristais da imaginação deixaram de ficar intactos em seus lugares. O aspecto de miragem cede lugar para a ação, para o entendimento. Jogo de palavras desvenda o esconde-esconde. Pequenos elementos nos indicam que temos de nos fixar na realidade. Precisávamos de inteligência, pesquisa e análise. A magia da arte nos passara um drible diáfano, a favor de um movimento vital, era só enxergar, diante de nós, a iminência e o significado daquela Amostra de Arte.

De imediato mais do que uma idéia, as próprias telas pelo inusitado, descrito acima, exigem um livro que as consagrasse.

Assim, nasce a idéia de uma exposição. Na urgência, acatar a certeza de que éramos timoneiros de importante evento cultural.

 

Até aquele instante, ousáramos sequer pensar em algo internacional como a Copa do Mundo de 2006. Alemanha, ainda, a terra das promessas. Havia projetos outros, na nossa área de Ecologia, que tentaríamos apresentar no País amigo.

 

Dois meses depois:

Momento de transe e de deslumbramento: diante da tela do computador: os estádios de Berlin, Colônia, Leipzig, Hamburgo, Estrasburgo. Outros planos, outras lutas. Objetivos ganham outros rumos. O talento dos artistas está sendo recompensado. Sonhos.

O ícone da bola garante a autenticidade do passo do artista. Tema da Amostra não só personaliza a originalidade, mostra o lado humano da Copa, como também encara a realidade de frente. Sob o aplauso do desejo, este tema erige um oceano de novos caminhos para as artes plásticas do Centro-Oeste do Brasil. Tal prestígio, o vinho para o aprimoramento, o gás para a auto-estima do artista.

Mãos a obra. O prazo ficou curto. Tudo ganha pressa. A bola já foi lançada, falta o gol. Chegar a Leipzig.

Na espera paciente, a proeza de saber lidar com desígnios nunca imaginados. A atitude reverencial rumo ao destino que as próprias telas criaram. Sorve-se o silêncio. Alegria, entusiasmo. A busca pela perfeição. Trabalhos refeitos. Alta delicadeza no movimento com os pincéis. A primeira lágrima. Um minuto, mais do que infinito, antecede cada notícia dada pelos curadores da exposição, e diretores do ComCiência – Brasil / Alemanha – Túlio Rodrigues e Kai Kreutzfeldt.

Viagens a Brasília. Tradução para o alemão de textos deste livro gigante. A faina através da Internet. Diálogos. Compromissos.  Vitórias.

Esta obra, motivada pelas próprias telas, traduz beleza e verdade. Bane o ordinário pela proposta em si e, mais ainda, pelo que virá a ser: um registro dos múltiplos instantes de solidariedade em que o mundo inteiro se unirá em feliz comunhão a favor da PAZ.

 

 

A peleja: uma ópera que une povos

 

 

Qual a razão do fascínio pelo futebol?

Que complexa atração exerce o malabarismo de vinte e dois jogadores e uma bola? Deslizante, a esfera de couro seduz o torcedor ao rolar sobre o gramado, comandando o jogo e o suspense. E faz aforar o brilho e o talento dos jogadores, os intérpretes desta diferente ópera.

 

Bola, que carrega dentro de si o ar de várias terras, o fogo da paixão pelo movimento, lágrimas por derrotas, pianíssimos e sussurros quando, na cobrança de um pênalti, o silêncio ousa auscultar o próprio sibilar.

Quanta vez, dentro do silêncio, ainda, ocorre o grito de um gol. Ou uma bola, que parece certeira, bate na trave. Haja concentração! Ah, Deus!

O mundo pára diante deste silêncio, cego e vibrante.

 

Em campeonatos mundiais, a bola impõe celebração, convoca o patriotismo, rege o respeito às tradições, exige que se celebre a vida, mesmo que chovam lágrimas. Mímicas do corpo dizem tudo. O grito preso na garganta. O gol revive a alma do jogador.

 Multidões trabalham em prol do evento.

Em comunhão com o Alto, um coro de vozes telúricas de todo o Universo pede a paz, consagrando um hino à vida. Instigando o diálogo entre os povos, o élan da Copa. Envolvimento entre indivíduos dos cinco continentes promove a fraternidade há tempos esperada. Carisma dos dribles. A cada Ato – os tempos da partida – cores, signos e símbolos de cada pátria saúdam o Amor, o sentimento da Amizade em toda a Terra.

Ópera de excelsa qualidade, de lúdica beleza cênica, vigor e emoção. Sua ação chega a movimentar o mundo cultural das nações afins, e o dos negócios entre os países envolvidos. Sempre destinada a um público que a aplaude com palmas e com o mais íntimo do seu ser.

Há mais do que a paixão neste enredo lúdico e complexo, o mito da bola é cúmplice do indefensável e, às vezes, a emoção do torcedor é tal que um resultado final possui efeito inesperado e devastador.

Todavia, como não se emocionar com a grandeza do espetáculo, a interpretação inusitada de cada jogador e com as proezas da bola – heroína de imprevisíveis lances?

 

 

A obra: exigências e finalidades

                                              

                                          

Voltando ao início deste texto. À boca veloz do enigma, que nos faz dar valor ao poder das coisas que acreditávamos que não existiam.

Mas que tipo de registro se exige de uma exposição de caráter mundial? O que uma bola de futebol sugere? O ícone da bola, em si.

Ao redor, olhos perscrutam as inúmeras abragências dos significantes, revestindo o significado do futebol.

Ali, diante do olhar, o hálito do ar imerso na bola. O mesmo hálito pedindo um álibi para se extravasar pelos poros, sem encontrar saída.

Justo as inúmeras bolas da Copa de 2006.

 

Para o jogador ou para o artista: o doar é diferente do doar-se.

O lado monumental da Copa assusta. O extraordinário. A apoteose. O sucesso. Aventura de se expor e a de expor a Arte. Contemporaneidade desvendada cosmicamente. Exigência do público internacional: complexa, discutida, importante.        

 

Antes de tudo, porém, o mestre Túlio Rodrigues cria um clima de suspense: só pode participar da amostra quem se sente capaz de criar algo que não seja semelhante ao já explorado por qualquer mídia. Algo, também, que esteja à altura de representar o Brasil no exterior. Esvaziando, de inicio, toda a possibilidade de um trabalho comum ou que sugira uma cópia, ou que lembre apelos publicitários.

 Depois deste susto, outro espanto: “a obra deve apresentar três importantes características:

* Ser inédita.* Ser portadora de uma mensagem.* Ser instigante”.

 Trabalho em “forma realista, estilizada, reinventada, decomposta (porém o tema reconhecido de alguma maneira”.

Após o assombro, pesquisas e mãos a obra.

Explosão de estilos vários. O sóbrio e o belo somando a audácia. Realidade não imaginada. O talento sob o crivo do próprio artista. A reserva. O pudor. O prazer. Como no futebol, o silêncio forte e ameaçador. Até os tímpanos doem, guardando o silêncio dentro do propósito criativo que, célere, viaja. Julgar, ou criar? Haverá mensageiros do Além?

De imediato, o excelente resultado.  E, de tal modo surpreendente, que, ao término das telas, a exposição – incomum e instigante – impõe um desafio, cobra um registro do processo criativo e do resultado pictórico.

Como explicar a urgência desse manifesto?

Há necessidade de uma visibilidade que patenteie, inclusive, uma saudade antecipada do que irá acontecer na Copa de 2006. Apontando, de modo inusitado, outros parâmetros, através de tintas e pincéis, e de tantos e diferentes aspectos da bola, “tendo como elemento o próprio jogo, sua conformação, sua hierarquia dentro do mundo dos esportes e sua importância no contexto social”, como bem observa Túlio Rodrigues. Primeiramente, arma-se uma instalação. Obras enriquecidas por textos sobre o futebol. Lado a lado, tela e texto formam um ciclo dentro de um círculo. Une-os páginas de um livro, promulgado devido às armadilhas estéticas da amostra. Um livro aberto expondo as obras, a mensagem dos diretores do ComCiência – Brasil / Alemanha – Túlio Rodrigues e Kai Kreutzfeldt.

Dentro do périplo da instalação, olhos captam nuanças que os ídolos do futebol nunca intuíram sobre a bola. Audácia. Criatividade. Quadros que insinuam um diálogo que requer voz e ouvidos para entintar o solene respeito pela arte do futebol. Painéis fornecendo reflexões sobre ritos e gestual deste jogo que une povos.

Na Copa, o lúdico espetáculo traz divisas internacionais para nações tantas. E a taça da vitória.                                                       

                                                                              Alice Spíndola      


 

 

 
 
 
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