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POESIA COMO ESPETÁCULO, COMO PARTE DA INDÚSTRIA CULTURAL

 

Editorial, por ANTONIO MIRANDA


         Certo: é um tema polêmico. Considerar a poesia como um produto cultural, numa linha de produção, pode escandalizar muita gente. Mas, verdade verdadeira, sempre foi assim.

         Castro Alves foi um tremendo agitador, com domínio de palco e capacidade de aproveitar os meios ao seu alcance para sua comunicação em termos efetivos.  Insumos? Lia o que havia de mais adequado aos seus projetos... Como explicar um poema como “Vozes d´África” sem ter a capacidade de definir um tema, buscar elementos que construam o discurso numa linha de visibilidade e reconhecibilidade pelo público?  O poema não foca a África como um todo, faz um recorte oportuno como efeito-demonstração de uma ideia que, se não é preconcebida no sentido estrito do planejamento estratégico, valendo-se de intuição e espontaneidade, não deixa de formatar o texto nos ditames da época, conforme valores reconhecíveis e, no caso do grande poeta, abrindo fronteiras de certo modo inovadoras...

         Perdoem que faça este reconhecimento, sem eufemismos.

         Gonçalves  Dias chegou à intimidade do Imperador Pedro II e, em carta, buscou cativá-lo, pensando (e explicitando, embora de forma dissimulada), seu projeto de lançamento de  Os Timbiras  que ele sabia iria consagrá-lo na poesia indigenista (que forjava a cara da poesia romântica autenticamente brasileira)...

         Os mais afoitos vão (e o fizeram, com outros termos) pichar o Vinicius de Moraes como marqueteiro.  Ele soube lançar seu “Operário em Construção” na hora certa, e levou seus textos à música, ao teatro e ao cinema, com muito sentido da oportunidade e da circunstância... Vendo os custos e os riscos... E a obra sobrevive, se tem mérito. Mas é mérito saber casar a obra com a oportunidade, embora sobre espaço para os criadores adventícios, que se projetam para públicos futuros como Junqueira Freire e Sousândrade...  Ser imitador apenas, não vale, tomar carona sem talento, não vale... Mas faz parte do jogo do mercado.  Para um rap de qualidade, sobram dezenas de obviedades imitativas que entram em jogo na construção do público... Sempre foi assim!  Para cada soneto criativo havia sempre uma centena, ou milhares, de sonetos da linha do “sonetococcus” que o Menotti del Picchia desprezava... É assim mesmo. Para se chegar a um Pelé, precisamos de milhares de moleques chutando bola. Formando plateia. Importante é que os melhores exemplos se imponham agora e para sempre (sic).

         Os concretistas brasileiros Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari são vitoriosos. Conseguiram levar um projeto aos “píncaros da glória” (sem ironia) quando viram que o “plano piloto para a Poesia Concreta” dava samba, que podia ganhar espaços internacionais como a bossa nova, o futebol e arquitetura moderna brasileira, além de misses e  café... Fizeram contatos com líderes da poesia de vanguarda no mundo, viajaram, fizeram parcerias criativas e hoje têm reconhecimento mundial, crescente, embora nem todos saibam disso e façam o devido reconhecimento no Brasil...

         Mais razão têm os poetas de hoje que escolhem os espaços de criação e difusão de seus trabalhos: livros convencionais, livros de arte, em blogues e revistas eletrônicas, CDS e DVDs, em saraus, como performers, como artistas plásticos e músicos, usando a convergência tecnológica para amalgamar sua produção hibridizante com outras artes, usando mailing-lista para difuncir textos, valendo-se de redes sociais, ou até como pichadores de muros.

         Vão dizer que é mais mesmice que mérito. Talvez. Alguns poetas fazem concessões exageradas, outros claudicam e enchafurdam na mediocridade, fazem o jogo do “mercado” a qualquer preço para conquistar públicos de “baixo nível”. Bobagem, é isso mesmo: o direito é de todos, não pode ser apenas para uma elite. Que a educação melhore os padrões de consumo...

         E salve-se quem puder!

 

Brasília, 05/03/2011

A obra de arte só é realidade enquanto produto, pois, enquanto gênese, ela é um enigma a ser deslindado e não mais decifrado, já que ela remete ao autor, ao sujeito da escrita, que está sempre a desaparecer.”  DALILA MACHADO,

que amplia assim o conceito:

 

“Para Cortázar, o escritor confinado na cidadela da cultura urbana, sem

condições de romper o cerco para reencontrar verdadeiramente a dimensão de seu povo, deve escrever com a consciência desta falta, com o objetivo de lançar pontes, ao invés de dirigir-se às minorias de fácil acesso por seu nível cultural. Tal conflito não deve, porém, afetar o dever do escritor, ele assinala, pois é sua obrigação continuar sua obra no mais alto nível possível, embora fiel às pulsões e virtualidades de seu povo, na convicção de que o leitor saberá reconhecer uma obra como algo que, num nível mais profundo, não lhe é estranho, e que ele pode nela se reconhecer como pessoa e parte integrante de sua comunidade e de seu país.” 

 

Extraído de:  

Dalila Machado
Os tempos fáusticos na lírica do lugar.
Salvador: EDUFBA, 2010.
267 p.  ISBN 978-85-232-0704-5

 

                                                 

MANDEM COMENTÁRIOS, CRÍTICAS, ATÉ AS MAIS FERINAS SÃO NECESSÁRIAS: “fale mal, mas fale da poesia brasileira”...


 

 

 
 
 
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