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A POESIA DA COR, A COR NA POESIA:
homenagem a Maria  Estela Guedes

por Antonio Miranda

 

“a poesia está em geral impregnada de cores.”

“”As cores da poesia são prismáticas ou pigmentos? Eis algumas perguntas a que cada poeta responde à sua maneira...”

MARIA ESTELA GUEDES

 

GUEDES, Maria Estela.  A Poesia na Óptica da óptica.  Lisboa: Apenas Livros, 2008.  48 p.  

 

Acompanhamos o trabalho da portuguesa (universal!)  Maria Estela Guedes há muito tempo, valendo-nos de seu blog TRIPLOV, uma referência em nossa língua sobre poesia, arte, crítica literária. É uma incansável e competente promotora cultural. Hoje vamos dedicar-nos a comentar um opúsculo — A POESIA NA ÓPTICA DA ÓPTICA — em que ela analisa a questão da cor, do cromatismo e da luz na poesia portuguesa. Aprofunda o estudo e explora exemplos na poesia de Carlos de Oliveira, Ramos Rosa, Henrique Dória e o consagrado Herberto Helder, poeta do modernismo e do surrealismo portugueses. Mas nosso foco está sobremaneira na excelência de sua argumentação metodológica e teórica sobre a cor na poesia e sua relação com a ciência e a filosofia. Começa invocando o exemplo paradigmático de Rimbaud com “a mais célebre atribuição de cores a elementos linguísticos: o A é negro, o E é branco, o U é verde, etc. De forma explícita ou implícita, a poesia está em geral impregnada de cores. E se por vezes o poema parece incolor, algo do domínio da Óptica contém ainda — luz. Mais do que a cor, a poesia não passa sem a claridade do dia, tal como não passa sem a escuridão da noite, sem os jogos de claro-escuro, ou sem as imagens no espelho, e os efeitos da luz na humidade do ar ou na água.” E indaga: “Serão as cores da poesia susceptíveis de ser percebidas e interpretadas de diferentes modos, consoante o olhar normal, cego, ou daltônico, de quem lê? Enfim: para que servem as cores na poesia? Para pintar retratos, paisagens, naturezas-mortas?”

Por experiência, nós sabemos que existem poemas iluminados e obscuros, de cores vivas ou penumbrosos... Cada um de nós tem a sua experiência.
Maria Estela busca nas Ciências as bases teóricas, em Wittgenstein e Newton. O primeiro teria tentado uma lógica das cores, “e nesse percurso fornece ferramentas que é possível usar na exegese dos poemas”, no caso específico a classificação das “cores de superfície” e as “cores de profundidade”, que ela prefere denominar como sendo cores explícitas como no caso de Camões que faz referência à “verdura” em um de seus célebres sonetos. 
Em Isaac Newton, Maria Estela encontrou as bases de uma teoria das cores e da luz, célebre filósofo cultor do Iluminismo, “das Luzes no seu sentido mais racionalista, e avesso à etiqueta de obscurantista que então se apunha, e decerto com motivos, à religião.”

Também se perguntou Maria Estela sobre a convicção generalizada de que os poetas-pintores — entre os quais se destacam Cesariny, Alma Negreiros, etc — têm a capacidade superlativa  de escreverem versos mais coloridos, mais do que os poetas exclusivos da palavra, pré-conceito que ela desarma e desautoriza. Pelo contrário, afirma que Carlos de Oliveira e Herberto Helder, não pintores, em que ela garante ter encontrado “mais cores e aparato óptico”. 

“Alucina-me a cor! — A rosa é como a Lira,
 a Lira pelo tempo há muito engrinaldada,
e já velha a união, a núpcia sagrada,
entre a cor que nos prende e a nota que suspira.

                              GOMES LEAL, em Claridades do Sul



Hasteia-se em Diogo de Carvalho Sampaio, autor da dissertação sobre as cores primitivas, para ressaltar que “As cores são a mais universal e interessante parte de toda a Física, elas ornam todo o Universo, e a elas devemos todos os nossos naturais conhecimentos.”

Nos ensaios de seu opúsculo, a autora, ao estudar a poética de Carlos de Oliveira, detalha: “Não, as cores são palavras, e nem mesmo num poema realista, como Carlos de Oliveira em certos casos é, têm funcionamento descritivo, ou apenas descritivo. As cores são elementos da linguagem, há  linguagens no corpo, uma delas é a da racionalidade, outra, a do inconsciente.” E explicita: “Mais facilmente nos guiaria um filósofo, Wittgenstein, pois, quando analisa as cores, não as toma no seu nível físico por efeitos da luz nem por pigmentos, ele está, sim, a analisar os conceitos da cor contidos nas palavras — o conceito de azul, o conceito de brancura — ou seja, ele estuda as cores enquanto elementos de linguagem.” E argumenta, na mesma linha de raciocínio, que “As cores da poesia não se situam no mundo das coisas tangíveis, sim no da arte e da vida espiritual e emotiva.“

Queremos tão somente, ao homenagear Maria Estela Guedes, levantar a questão da cor na poesia e conclamar nossos críticos e pesquisadores a se debruçarem sobre os textos de poetas brasileiros para ampliar o estudo. Com certeza é tema de mérito para mestrandos e doutorandos que pretendam aprofundar-se no processo criativo de nossos vates clássicos e contemporâneos. Fica a sugestão.

 

 

Ver o trabalho de Maria Estela Guedes pela difusão da poesia, da literatura, da arte em:

http://www.triplov.com/estela_guedes/

Publicado em dezembro de 2015


 

 

 
 
 
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