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O PAN E A POESIA: ESPECULAÇÕES

Antonio Miranda

Qual é a relação possível entre os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro de 2007 e as perspectivas da poesia entre nós? Aparentemente, nenhuma. Mas tudo a ver... Dizem que o movimento das asas de uma borboleta na Amazônia tem tudo a ver com um tsunami no Pacífico, depois da Teoria da Complexidade, herdeira dos postulados da Teoria Geral de Sistemas, ou seja, tudo está relacionado com tudo. Não ajuda muito, mas é um bom começo para argumentar...

Lembrando o Prêmio Nobel, o Brasil nunca chegou lá... O Chile tem dois, por certo, dois poetas. Mas Pablo Neruda viveu e conquistou a Europa antes do Nobel... Gabriela Mistral foi diplomata nos Estados Unidos da América e na Europa. Miguel Angel Astúrias, escritor laureado com o Nobel, nascido na Guatemala, também era diplomata. Apenas uma especulação: o fato dos três escritores serem diplomatas, vivido no Exterior, teria facilitada a conquista do prêmio? Como diria Caetano Velloso: “sim... ou não.”

O Brasil nunca chegou lá... Numa época falava-se nas candidaturas de Carlos Drummond de Andrade, de Jorge Amado, além de personalidades de outras áreas da cultura, da ciência, da política. Botaram a culpa na língua. Espanhol é mais universal do que o português... até que o Saramago conseguiu. E agora, José?

O certo é que é muito mais difícil ganhar o Prêmio Nobel no campo científico. A América Latina até que já chegou lá, excepcionalmente, mas os Estados Unidos da América levam vários prêmios todos os anos...

No Pan do Rio de Janeiro os favoritos são os Estados Unidos da América, Cuba, Canadá e o Brasil. Nós na quarta posição histórica, ou mais em baixo... Os Estados Unidos arrasam. Lógico: milhares e milhares de norte-americanos e de imigrantes nacionalizados têm todas as condições para fazer esporte – esporte profissionalizado, espetáculo de massas, com patrocínio de todo tipo – e garantem sempre um volume humilhante de medalhas.  Antigamente havia a União Soviética, com muitas nações, movidos pela propaganda e a decisão oficial de conquistar o pódio e rivalizar com os Estados Unidos, durante a Guerra Fria. Levavam muitas medalhas. Com o desmoronamento do muro de Berlim e o esfacelamento do grupo, saiu do páreo. Restou Cuba. Esporte praticado em massa, com apoio oficial e muita tecnologia, conformam e confirma uma potência, mesmo perdendo atletas que desertam durante as competições. Também na Medicina a ilha de Fidel ainda canta vitórias, mas já sem tanto gás, infelizmente, pois ciência custa muito caro hoje em dia.

Lógico que vamos conquistar uma boa posição neste Pan 2007. Estamos em casa, uma motivação espetacular mobilizando energias, convergindo, somando, buscando apoios e patrocínios. A Espanha também brilhou em casa, anos atrás, e depois... A Espanha continua crescendo em tudo, mas o incentivo de uma copa ou uma olimpíada em casa faz muita diferença... Tudo indica que deixaremos o Canadá para trás, e com boas chances de superar Cuba. Pelo menos nesta edição do Pan...

E a poesia? Vamos tentar especular...

O Brasil vive uma efervescência fantástica no campo da poesia. Por um lado, por causa da Internet que deu chance aos poetas de criarem seu blogs, de publicarem seus textos em páginas web próprias e coletivas, aos milhares, com edições de e-books, enquanto seguem publicando livros nas gráficas convencionais como nunca. Uma coisa leva à outra, ao contrário do que se imagina. Quem ganha espaço na web quer legitimar-se em formato de livro...

E devemos destacar o fenômeno da auto-publicação em formato digital, além das edições do autor que são tão caras... Autores de todas as regiões aparecem e conquistam um espaço, ainda que fugaz, pois a concorrência é violenta. É difícil conquistar e fidelizar os leitores, assediados o tempo todo por novos nomes, por novas publicações eletrônicas. O jeito é sair da própria página e invadir a praia dos outros, ou seja, publicar em páginas alheias, formando uma malha ou teia de relações para dar maior visibilidade ao trabalho dos poetas mais ativos.

Mas é também surpreendente o número de poemas-shows, recitais individuais e coletivos de poesia em bares, clubes, universidades, feiras do livro, em praças públicas... Performances, videoclips, varaus de poesia... Quantidade significa qualidade? Na prática sim, como no caso do esporte em Cuba e da ciência nos Estados Unidos. Um iceberg precisa de uma fantástica massa de sustentação para manter-se à vista. Mas há quem diga que em literatura e em arte é diferente... Bobagem. A Itália sustentou gerações de grandes cantores de ópera na crista de um movimento popular, o romance francês foi um sucesso de massa além de ser moda das elites. 

Qual a expectativa? Que esta geração conquiste público e consolide um espaço para a poesia entre nós. Quais os indícios? A prática da poesia em todos os níveis e não apenas nas camadas mais cultas da população. Popular e erudita, tradicionalista e vanguardista, de uns poucos para os iniciados, e de todos para todos. Uso sempre o exemplo do site www.usinadeletras.com.br com milhares de textos, em publicação contínua, o tempo todo. Os mais lidos são os mais simplórios. E daí? O importante é que alguns autores mais elaborados também conquistam seu público, não importa se em escala menor, o que é natural. A esperança é que a prática generalizada garanta uma sedimentação e crie uma elitização natural, como acontece, por exemplo, com o futebol. Na base todo mundo, no topo os craques. Poesia não deve ser diferente, por mais que digam o contrário... Falta construir o processo, criar os incentivos, os concursos locais, regionais, nacionais e transformar os prêmios em reconhecimento público ampliado.  Recitais, oficinas de criação poética, workshops para leitura de poesia para professores e demais interessados, festivais de poesia, são caminhos que já estamos trilhando e que em breve deverão propiciar resultados.

Daí a idéia da organização de um Festival Internacional de Poesia em Brasília. Vários países da América Latina já têm eventos deste tipo que atraem não apenas poetas como também leitores, ouvintes, turistas da cultura. Uma oportunidade para trocar experiências, conhecer novas propostas estéticas, novos discursos poéticos. Não vamos adiantar muito sobre o tema... Voltaremos ao assunto oportunamente. Queremos apenas concluir dizendo que o Pan tem muito a ver com a poesia. Exige dedicação, incentivo, devoção.

E não é tarde para uma última reflexão. Se o nosso sistema de ensino conseguisse dos alunos a mesma disciplina e resultados que os esportes (movidos pelos eventos internacionais e nacionais competitivos) conquistam sempre, em breve estaríamos conquistando prêmios de literatura e de ciência. Quem duvida?

 



 

 

 
 
 
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