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O LEGADO DE JOSÉ FERNANDES NA ANÁLISE DA CONSTRUTURA DO POEMA...
E O LIVRO “POESIA E CIBERCULTURA”

 

         Por ANTONIO MIRANDA

 

A arquitetura do poema nos mostra que a poesia visual requer determinadas técnicas, cristalizadas ou não pelo tempo, mas que podem ser atualizadas e empregadas em consonância com a tecnologia atual. O importante é o poeta criar, re-repronunciar o verbo, e fazê-lo transcrever-se por intermédio da linguagem poética.”  JOSE FERNANDES

 

         Estive com o genial JORGE LUÍS BORGES em Buenos Aires, em 1962, na Biblioteca Nacional da Argentina, conduzido pelo grande escritor MANUEL MUJICA LÁINEZ — autor da obra BOMARZO, depois transformada em ópera por Ginastera. Borges, generosamente, me disse que a língua portuguesa, sobretudo em sua pronúncia brasileira, é de uma sonoridade bela e fascinante, apenas superada pela musicalidade da língua italiana.

 

         E pediu para que eu lesse um poema meu em português. Fiquei encurralado... Ele queria ouvir um poema meu. Eu me desculpei: “Não tenho comigo nenhum de meus poemas gramaticais, nem de memória... Mas sim os poegoespaços” — como eu então denominava meus poemas de Arte Verbal... que iria apresentar numa galeria de arte da cidade. Ele, com extrema tranquilidade, me pediu para “apresentar” algum poema visual de minha autoria. Eu expliquei: “Da palavra DESEMBARQUE... extraio a letra E do final do poema e coloco na frente da palavra:          E DESEMBARQU... depois levo as letras UE e fica assim: UE DESEMBARQ.. em seguida transfiro QUE, RQUE, ARQUE”... Ele me interrompe e diz algo assim: “Perfeito! Você transferiu (“desembarcou”) letra a letra as letras de DESEMBARQUE... montando dois triângulos. Um crescente, e o outro, decrescente. Formando um quadrado em que o “leitor” vivencia o desembarque...” Semiótico, teria dito...


         Eu percebi, perplexo, que Borges, cego, enxergava mais do que eu...

 

         JOSÉ FERNANDES também! Autor de um livro emblemático sobre a nossa vanguarda —    O poema visual (Petrópolis, Vozes, 1996) —, ele me surpreende ao produzir os textos de “Poesia e Ciberpoesia”  numa interpretação transcendente de minha “arte verbal”, visual, animaverbivocovisual, além de minha própria capacidade de interpretação. Como autor, mesmo com a intimidade de décadas com as vanguardas, desde o final da década de 50 do século 20, sempre trabalhei mais com a intuição do que com a pura racionalidade criativa... José Fernandes, ao contrário, fez uma análise mais que semiótica, como fazia Decio Pignatari e seguidores, baseados em paideuma disponível, ou seja, nos textos que dão sustentação ao processo analítico e/ou criativo.

 

         O livro tem três capítulos, além da introdução: Bustrofédon e modernofédon  - A travessia lírica no poético, O múltiplo poético; Animaverbivisual – A mobilidade espacial, Anima verborum et signorum; Arteficio Artefato.  O livro impresso, adverte o autor, seria para ser lido concomitantemente com a página web em que estão os poemas estudados no nosso Portal de Poesia Ibero-americana. E vai mais além, incorporando os embasamentos teóricos e tecnológicos da Animaverbivocovisualidade com que nós analisamos a etapa atual da hipermodernidade e da comunicação extensiva.


         Confesso que eu recebi a notícia do falecimento do grande crítico com uma depressão considerável. Custei a aceitar a realidade. Voltei ao livro que ele escreveu sobre o meu trabalho e fiquei extasiado, emocionado, profundamente consternado e agradecido. Decidi então transformar a obra em e-book acessível e gratuito, a pedido de nosso amigo comum José Mendonça Teles, que acompanhou a produção do livro de José Fernandes, lá em Goiânia, onde eles se encontravam.

 

         Na apresentação do livro impresso pela Editora Kelps, Giovanni Ricciardi faz um jogo de palavras no título: UM LANCE DE DARDOS, um trocadilho com o “Um lance de dados” de Stéphane Mallarmé, da paideuma dos concretistas brasileiros. E chama a atenção para um fato que revela a profunda erudição de José Fernandes: “A ciberpoesia de Antonio Miranda que o nosso crítico estuda tem raízes antigas e ascendência ilustre. É consequência direta, antes de mais nada, da vitória do sujeito sobre o objeto, do subjetivismo sobre o objetivismo nas artes, na pintura como na literatura e na música.” Objeto da análise do crítico culto que considera “o exercício bustrofédico que perpassa toda a poesia: “indo e voltando sobre si mesma, de tal modo que, mesmo as criações processadas ex-novo, têm suas bases fincadas na tradição arquitetônica do ver no discurso artístico””, enfatiza Maria Adélia Menegazzo na “orelha” do livro, sem deixar de ressaltar o eruditismo do crítico que se vale de expressões do grego, do latim, do hebreu e de autores modernos consagrados para alicerçar o seu discurso interpretativo e hermenêutico.

 

         Vale a pena ler o livro!!! Mais do que pela análise dos poemas, mas por sua argumentação, como o próprio José Fernandes ressalta:

 

         “Se qualquer poema realmente estético requer leitura de luz e caverna, para nos encantarmos com o oculto silêncio escondido nos vãos das letras, o poema visual parece reservar mais surpresas àqueles que se extasiam com bruxedos de linguagem. Nunca se sabe o que está escondido no olho do discurso que nos enfeitiça com mandracas palavras recriadas com nova essência de humano, sobretudo quando elas se fragmentam e, profunda hermenêutica de cada ponto simbólico que compõe a construtura semiosférica do poético.


 

Vejam e leiam o texto no e-book, como uma justa homenagem ao nosso saudoso amigo!!!: 

          

https://issuu.com/antoniomiranda/docs/poesia_e_ciberpoesia

 

Brasília, 26 de fevereiro de 2018               


 

 

 
 
 
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