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A CONCRETUDE DO POEMA

 

Por ANTONIO MIRANDA

 

[texto escrito em 2010, divulgado em junho de 2017]

 

Existem duas maneiras de definir as coisas: como elas se mostram e como acreditamos (interpretamos) que elas sejam:
ESTAR e SER.

        No primeiro caso, apelamos para os elementos ou características do objeto ou fenômeno. Quando nos referimos ao livro, dizemos que é volumoso, capaz azul, que contém texto e imagens. Algo a ver com o  consuetudinário, as it is, como é, como funciona. Visão primária.

        A outra maneira, mais complexa, tenta definir o que a coisa é, parte de signos, do que a coisa é, como ser e não como estar, em nível de abstração, universalidade, essencialidade.

        Quem tentou definir o que é a poesia, e até tentou chegar a uma teoria do fenômeno social "poesia", foi o poeta e crítico português Domingos Ferreira da Silva*, em tese de doutorado, defendida na Universidade de Brasília. Partiu da Poética de Aristóteles, passou por Novalis, Verlaine e Mallarmé e chegou até aos teóricos Luckács, Eco, Jakobson, Benjamin. Mas ele só conseguiu enxergar poesia no texto poético, no discurso, no verso, a poesia como uma criação exclusivamente literária, isto é, enxergou o Poema.

        Um caminho trilhado por muitos taxionomistas da poesia é a da classificação por gêneros e subespécies. Poesia épica, poesia lírica, etc. Ficam sem saber o que fazer com os textos híbridos, que não se encaixam plenamente em categorias estanques. Quase sempre apelam para o formal, estilístico, valendo-se de uma adjetivação-substantivação do gênero poético.

        Rotularam a Poesia Romântica, a Poesia Parnasiana, a Poesia Simbolista, a Concretista, a Marginal, a Neobarroca. Frasal, lógico-discursiva.

        Alguns até lançaram farpas contra a poesia formal, geométrica, coisificante, ideogrâmica, tipográfica, querendo a coisa, a poesia-objeto, até sem palavras. E também os que rotulam poesia animada,  videopoema, animaverbivocovisual.

        Sobre a Poesia Concreta, o crítico Oliveira Bastos argumentou, com propriedade, que esta poesia — a concreta —, estaria "condicionada pelas possibilidades de identidade e concordância   das letras permitidas no jogo". E acrescenta: "O poeta aí tem forçosamente que abdicar de sua liberdade de expressão, limitando-se ao papel de explicitar as palavras permitidas pela associação casual das letras".

        E daí? No verso tradicional, os poetas não estão sujeitos à associação casual das palavras? Em alguns casos, aleatória, randômica... em construções poéticas experimentais... Eisensteinianas?  E o recurso intitulado "palavra-puxa-palavra"? E o "poema-processo" como era processado?

         Se não casual, intencional, mas sempre dependente dos limites destes recursos. Não haveria abdicação, mas um achado poético como qualquer outro na construção de um poema, no mesmo sentido que um poeta "acha" uma rima, faz um enjambement ou promove uma aliteração no curso da construção de uma soneto ou de uma trova, recorre à melopeia,  ou até ao versilibrismo recorrendo ao ritmo ou outro recurso de significação. O poema é sempre um artifício, produto de um "arte ofício". Embora existam poetas pretensamente racionais, e até metafísicos... Devemos ouvir outras interpretações. Enviem para antmiranda@hotmail.com

E ficamos com um poema de Da Nirham Eros (pseudônimo de Antonio Miranda...) de 1959, redesenhado em 2017:

 

GRÁVIDA
ÁVIDA
VIDA
A
VIDA
ÁVIDA
GRÁVIDA

       
Fica, por último, a sugestão imagética ou metafórica da ampulheta do tempo na avidez da vida... Grávida! Inversão dos triângulos superpostos, na acepção construtivista preconizada pelos poetas russos dos anos 20.  "Grávida" é um poema visual a partir de uma única palavra, espécie de ideograma verbal, a exemplo do que vem sendo experimentado nas últimas décadas.  Outro exemplo, na mesma linha, é o célebre poema LIFE de Décio Pignatari, entre outros. Estaria em boa companhia... Mais adiante devo divulgar uma versão animada do mesmo poema...

       

SILVA, Domingos Carvalho da .  Uma Teoria do Poema.  Rio de Janeiro: Civilização  Brasileira, 1989.  197 p. 

  

 


 
 
 
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