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RORAIMA
22.12.2004
Na Rodoviária descobrimos (eu e o companheiro Juvenildo Barbosa Moreira) que não havia mais passagens para Caracas. Havíamos tentado comprar as passagens pela Internet e por telefone, mas foi impossível.
A única opção seria tomar um ônibus para a BV-8, em Pacaraima, na fronteira e tentar lá em Santa Elena de Uairén, um transporte para a Venezuela. Compramos lugares para as 12 h e aproveitamos a manhã para percorrer o centro de Boa Vista.
Cidade projetada com avenidas radiais, amplas, com muitas praças, os edifícios num centro cívico de formato circular, com o monumento aos garimpeiros ao centro. Construções modernas, relativamente baixas, descongestionamentos. Muitos táxis-lotação circulando a preços acessíveis.
Nas imediações das barrancas do Rio Branco, há um aglomerado de ruelas mais estreitas e apinhadas de vendedores ambulantes e um comércio bem provinciano e precário. Ao fundo, algumas montanhas distantes, a ponte de cimento armado e as praias fluviais temporárias. O ponto alto — o “point”, às margens do rio, com restaurantes e praça de lazer. Uma obra impressionante sobre pilotis de areia e um monumento ao fundo.
O ônibus tinha ar acondicionado, mas a luz do sol que atravessava as janelas aquecia bastante... Passageiros humildes, alguns deles eram indígenas das aldeias ao longo do caminho onde o ônibus parava a toda hora para a entrada e saída de gente, numa parcimônia irritante.
A Eucatur é uma das grandes empresas rodoviárias do Brasil, com sede em Cascavel, Paraná, mas está bem aclimatada, ao ritmo da região... O motorista cobrava as passagens, abria o bagageiro, fazia todo o atendimento que em outras empresas -, costuma corresponder a um ajudante.
A paisagem do caminho é o cerradão, com grandes planos e pastagens nativas, pequenas lagoas e concentrações de matas ciliares com o predomínio dos buritizais (Mauritia flexuosa). Terra arenosa, plana, pouco aproveitada.
Aos poucos a vegetação vai adensando-se e as florações rochosas emergem do solo e morros graníticos vão surgindo.
A estrada começa a subir em curvas sucessivas. É o início das reservas indígenas São Marcos, sob a proteção da FUNAI. Surgem povoados de choças dos índios mucuxi, taurepang e wapixana, os rostos cor de cobre e cabelos negros predominam no gentio.
A mata é cada vez mais densa à medida que subimos os morros pedregosos na direção de Pacaraima, com o surgimento de muitas ravenalas e helicônias nativas nos vales e encostas.
São três horas de percursos e paradas arte chegar ao BV-8, o ponto fronteiriço. Poucos rios, de águas escuras, cruzam a rodovia, entre eles o Suruniu, mas a área deve ter nascentes e águas permanentes que garantem a sobrevivência das populações indígenas.
PACARAIMA
Pacaraima é um município brasileiro localizado no norte do estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela. Conhecido como "Polo Norte de Roraima", pelo fato de suas temperaturas serem mais baixas que no resto do estado, por causa da altitude.
Chegamos a tempo para carimbar os nossos passaportes. Tomamos um taxi para ir aos postos policiais de fronteira e de lá até à rodoviária de Santa Elena de Uairén, a 13 km de distância desde Pacaraima.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacaraima
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