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SOARES DE PASSOS

 

“No ano de 1855, António Soares de Passos, poeta lusitano, publicava sua primeira e única coletânea de versos intitulada Poesias.  Sem símiles no período em que fora escrita, ao obra — ambientada em meio a túmulos e lousas de pátina nuança e a paisagens outonais de funda melancolia — se apresenta como um verdadeiro epitáfio no contexto literário da época.

Nascido em 21 de novembnro de 1826, na cidade do Porto, filho da pequena burguesia liberal, Soares de Passos, aos vinte anos de idade, partiu para Coimbra, onde começou a escrever e onde fundou o jornal literário O Novo Trovador, para o qual colaboraram diversos poetas da segunda geração romântica de Portugal.

Sua poesia, inscrita na atmosfera de seu tempo, imersa no ideário ultra-romântico, paira sobre uma temática simultaneamente sombria e reinvidicativa. Reinvidicativa porque, ao lado de uma lírica ultra-romântica, apresenta também textos de protesto, que advogam valores de progresso e liberdade (...)”  GLEITON LENTZ


De
Soares de Passos
(1826-1860)

O NOIVADO DO SEPULCHRO

Desterro, SC: Plaquetas Nephelibata, 2oo8
30 p.   12 x 16 cm.

 

 

AMOR E ETERNIDADE

 

Repara, doce amiga, olha esta lousa,

E junto aquella que lhe fica unida:

Aqui d'um terno amor, aqui repousa

O despojo mortal, sem luz, sem vida.

Esgotando talvez o fel da sorte,

Poderam ambos descançar tranquillos;

Amaram-se na vida, e inda na morte

Não pôde a fria tumba desunil-os.

Oh! quão saudosa a viração murmura

         No cypreste virente

Que lhes protege as urnas funerárias!

E o sol, ao descahir lá no occidente,

         Quão bello lhes fulgura

         Nas campas solitárias!

Assim, anjo adorado, assim um dia

De nossas vidas murcharão flores...

Assim ao menos sob a campa fria

Se reunam também nossos amores!

Mas que vejo! estremeces, e teu rosto,

Teu bello rosto no meu seio inclinas,
Pallido como o lírio que ao sol posto

         Desmaia nas campinas?

Oh? vem, não perturbemos a ventura

Do coração, que jubiloso anceia...

Vem, gosemos da vida em quanto dura;

Desterremos da morte a negra ideia!

Longe, longe de nós essa lembrança!

Mas não receies o funesto corte...

         Doce amiga, descança:

Quem ama como nós, sorri à morte.

         Vês estas sepulturas?

         Aqui cinzas escuras,

Sem vida, sem vigor, jazem agora;   

Mas esse ardor que as animou outr'ora,

Voou nas azas d'immortal aurora

         A regiões mais puras.

Não, a chamma que o peito ao peito envia

Não morre extincta no funéreo gelo.

O coração é immenso: a campa fria

É pequena de mais para contêl-o.

Nada receies, pois: a tumba encerra

Um breve espaço e uma breve idade:

É o amor tem por pátria o céo e a terra,

         Por vida a eternidade!

 

 

 

N'UM ÁLBUM

 

Do soffrimento o archanjo lamentoso

Sobre a face do mundo estende o braço:

Um diadema offertava, e pavoroso:

"Para o que mais soffreu!" gritou no espaço.

 

Eis logo immensa turba se atropella,

Todos querem ganhar a prenda infausta;

Mas nenhum dos que chegam por obtêl-a

Mostrava a taça da amargura exhausta.

 

"Afastae-vos!" lhes brada o génio esquivo,

"Nenhum tocou do soffrimento a meta:  

"Tu, só tu mereceste o premio altivo;

"Ergue a fronte, coroa-te, poeta!"

 

 

Página publicada em setembro de 2010

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