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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOSÉ DURO
(1873-1899)

 


José António Duro (Portalegre, 22 de outubro de 1875 — Lisboa, 18 de janeiro de 1899), mais conhecido como José Duro, foi um poeta decadentista português.

Era filho de mãe solteira, a operária de lanifícios Maria da Assunção Cardoso, e do industrial José António Duro. O seu poema mais precoce, um soneto intitulado A Morte, escrito em Portalegre em 1895, revela já o temperamento melancólico, pessimista e mórbido do autor, que é ainda mais marcado na sua obra mais conhecida, Fel, livro escrito em 1898, quando a tuberculose de que sofria há muito e que provavelmente teve muita influência no seu carácter sombrio, anunciava a sua morte certa e iminente, que veio a acontecer apenas alguns dias depois da publicação.

 

Em 1896 publicou em Portalegre um folheto de versos que intitulou Flores. Enquanto aluno da Escola Politécnica de Lisboa, frequentou tertúlias onde desenvolveu o seu interesse pela literatura, nacional e estrangeira, sofrendo forte influência de diversos autores, como Baudelaire, António Nobre e outros jovens simbolistas de Coimbra, bem como de Antero de Quental, Guerra Junqueiro e Cesário Verde. A prostituição, a morte, a tuberculose e o desespero são os temas mais recorrentes da sua poesia, por muitos considerada a concretização mais negativista das correntes estéticas decadentistas em Portugal.

 

“Fel é uma espécie de diário poético dos últimos dias de José Duro. O poema Doente, que encerra o livro, é uma longa confissão de amargura e desespero de um jovem que sabe já que a morte está muito próxima.” Ademar Santos
Fonte: wikipedia

         


NOIVADO ESTRANHO

 

Quisera amar-te muito, ó Gêmea do Luar,
Num sonho excepcional, só de carícias feito,
Abendiçoar o céu na luz do teu olhar,
E a alma adormecer na curva do teu peito;

Quisera amar-te sempre, ó Doce como arminho
E casta como a pomba em seus arrulhos doces ...
E, em troca deste amor, viver do teu carinho,
Que eu não vivia, não, Mulher, se tu não fosses!

Passar a vida inteira a ver-me nos teus olhos,
A penas ter ventura em vez de ter abrolhos,
Beber o teu sorriso, e as mágoas esquecê-las ...

E quando a Morte viesse e nos levasse a ambos
Realizarmos então os desejados tambos,
Na Igreja do Além ... em meio das estrelas.

 

 

TÉDIO

 

Ando às vezes boçal e sinto-me incapaz  
De encontrar uma rima ou produzir um verso;
Fazendo de mim mesmo a ideia de um perverso
Capaz de apunhalar à luz do gás.

Incomoda-me a Cor, o sangue do Poente
— Waterloo rubro de que o sol é Bonaparte —;
Não compreendo, Mulher, como inda posso amar-te
Se tenho raiva, muita raiva a toda a gente.

‘Té onde a vista alcança alargo o meu olhar,
E creio quanto existe uma nódoa escura
Que as lágrimas do Choro hão de jamais lavar...

Estranha concepção! Abranjo o mundo todo
E em cada estrela vejo a mesma lama impura,
E em cada boca rubra o mesmo impuro lodo!

 

 

 

DOR SUPREMA

       Onde quer que ponha os olhos contristados
         — costumei-me a ver o mal em toda parte —
         não encontro nada que não vá magoar-te,
         ó minha alma cega, irmã dos entrevados.

         Sexta-feira santa cheia de cuidados,
         livro d´Ezequiel. Vontade de chorar-te...
         E não ter um pranto, um só, para lavar-te
         das manchas do fel, filhas de mil pecados!...

         Ai do que não chora porque se esqueceu
         como há de chamar as lágrimas aos olhos
         na hora amargurada em que precisa delas!

         Mas é bem mais triste aquele que olha o céu
         em busca de Deus, que o livre dos abrolhos,
         e só acha a luza das pálidas estrela...

 

 

Ó Rosas Desmaiadas

Ó ROSAS DESMAIADAS,

Rosas de Maio, rosas de toucar, 
Ó rosas do rei negro, aveludadas, 
Abrindo à flava luz das madrugadas 
As corolas em gérmen, corações a arfar… 
No tremular de cores da asa vaporosa, 
Borboleta que passa, vem beijar a rosa, 
E aos murmúrios da brisa que corre anelante, 
A subtil feiticeira deixa a sua amante 
A chorar, a chorar, suavíssimos perfumes 
- Pensamentos d’amor a traduzir ciúmes… 
Borboleta que passa diz adeus à rosa, 
No tremular de cores da asa vaporosa… 
E aos murmúrios da brisa que desliza meiga, 
Lá vai adormecer nas frescuras da veiga… 
Deixando a rosa a soluçar, a soluçar, 
Com pena de não ter asas para voar… voar! 
Diversas flores, de diversas cores 
Qual é de vós, dizei, os meus amores! 

 

 

 

Página publicada em outubro de 2015; PÁGINA AMPLIADA EM MAIO 2018


 

 

 
 
 
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