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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES

 

Joaquim Manuel Magalhães (Peso da Régua, 1945) é um Ensaísta, poeta e professor catedrático na Faculdade de Letras de Lisboa.

Doutorou-se em 1979 com uma tese principal sobre "A Consequência da Literatura e do Real na Poesia de Dylan Thomas" e uma segunda tese sobre Frank O'Hara. A sua prova de Agregação consistiu numa proposta de estudo sobre a poesia inglesa posterior a 1945 e sobre «The Waste Land» de T. S. Eliot. (A sua tese de licenciatura foi sobre e. e. cummings). Co-dirigiu a revista "As Escadas Não Têm Degraus" (1989), organizou a edição da "Obra Poética" de Ruy Belo, da "Antologia Poética" de Ruy Cinatti e de uma antologia de João Miguel Fernandes Jorge. Tem publicadas traduções de Anna Akhmatova (1992), Yorgos Seferis (1993) e Konstandinos Kavafis (2005). Bem como vários volumes de poetas espanhóis contemporâneos, tanto traduzidos como maioritariamente anotados.

Autor de obras (iniciadas em 1974) de poesia, reuniu essa obra poética em 2010 no volume «Um Toldo Vermelho». Em 2014 seguiu-se uma 2ª edição, com novas alterações, intitulada com o mesmo nome. Um volume de «derivas», sobretudo em prosa, «Do Corvo a Santa Maria», foi publicado em 1993. Acerca de poesia, publicou os seguintes volumes: «Os dois crepúsculos» (1981); «Dylan Thomas» (1982); «Um pouco da morte» (1989); «Rima Pobre» (1999).

Extraordinariamente versátil e límpida, a poesia de Joaquim Manuel Magalhães[1] impõe-se, segundo David Mourão Ferreira, "de livro para livro, pela convocação de inúmeros aspectos do mundo natural e do mundo social, através de um discurso que estabelece, entre ambos, os mais inesperados nexos de cumplicidade ou recíprocos processos de rejeição, em que "figuras" como a lítotes, a antífrase, a alusão e a catacrese desempenham papéis preponderantes, em contextos só talvez aparentemente regidos pelos princípios de uma livre associação de imagens ou de um suposto automatismo verbal (…)"

Outras opiniões (algumas muito contrárias à sua obra) se têm manifestado.

Poesia:  Consequência do Lugar (1974); Três Poemas (1975); Dos Enigmas (1976); Os Dias, Pequenos Charcos (1981); Segredos, Sebes, Aluviões (1981); Alguns Livros Reunidos (1987); Uma Luz Com Um Toldo Vermelho (1990); A Poeira Levada Pelo Vento (1993); Alta Noite em Alta Fraga (2001); Consequência do Lugar (2002)

Fonte da biografia: pt.wikipedia.org/

 

 

POESIA SEMPRE.  Revista da Biblioteca Nacional do RJ.   Ano 1 – Número 2 – Julho 1993.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro.   ISSN 0104-0626m   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Dois sonetos

 

Ardia-lhe nos gestos com que separava
a cor das camisolas e das meias
a ciência sexual duma pequena vila.
A respiração prendia-se ao ar frio,

 

as mãos avermelhadas e roídas
separavam lãs das caixas e dos rolos
os olhos caindo no balcão
quando os meus os descobriam

 

incapazes de olharem para mim

e capazes, mas nos lábios

no modo como as pálpebras desciam

 

viam-se as redes os indícios duma
obediência aos descansantes rituais
do um aos outros das províncias.

 

 

 

Noutra cidade maior não ficaria
a mesma pele cor do azeite
mais pronta ao subentendido?

 

Da triunfante visita matinal

do seu corpo aprendiz e em sossego

vou com um bom dia para a rua.

 

Por prados caem as geadas,
urinas germinam para os subsolos
soterradas entre arbustos e nas ervas
dos tanques para os gados.

 

O interior das casas vai-me devorando.
O uso luminoso das palavras
volta devagar volto-me
volto a entrar na loja de fazendas.

 

 

 

E ali 'alba morirò!

 

         A arte erótica dos sábados

sentava-se ao café e esperava.

Na cidade humedecida para lá dos vidros

chapinhavam os pneus para os cinemas.

A bica amolecia com açúcar dentro.

Falavam mais alto, o acre dos cigarros

ficava preso ao sobretudo, ao lenço

com que limpava os óculos.

Quem olharia primeiro com os olhos

fitos hesitados insistindo

no sinal assente: vamos os dois.

Para onde? O mar ao longe ouvia-se

trazido pela chuva, as luzes amarelas

cercavam as garrafas das vitrines

com uma aura que parecia celofane.

Sem esperar o troco que

já saíam os dentes desejantes

caminhou para a porta giratória

saltou sobre poças de água

e aceitou abrigar-se ao guarda-chuva.

Trocaram nomes

podiam ser fingidos mas já eram

uma designação da carne,

uma alegria cruzando-se no frio,

o prenúncio de mãos incertas

tirando o corpo do seu escuro.

 

 

 

Página publicada em novembro de 2017

 


 

 

 
 
 
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