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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARLOS DE OLIVEIRA

 

CARLOS DE OLIVEIRA

(1921 -1981)

 

 

Carlos de Oliveira (Belém do Pará, 10 de Agosto de 1921 — Lisboa, 1 de Julho de 1981) foi um escritor português.

 

Filho de emigrantes portugueses, só viveu no Brasil os dois primeiros anos de vida: em 1923, os seus pais regressam a Portugal, acabando por se fixar na região de Cantanhede, mais precisamente na aldeia de Febres, onde seu pai exercia medicina. Em 1933 muda-se para Coimbra, cidade onde permanece durante quinze anos, a fim de concluir os estudos liceais e universitários. Ingressa na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 1941, onde estabelece amizade, convívio intelectual e solidariedade ideológica e política com outros jovens, entre os quais Joaquim Namorado, João Cochofel e Fernando Namora.

 

Em 1942 publica o seu primeiro livro de poemas Turismo, com ilustrações de Fernando Namora, integrado na colecção Novo Cancioneiro e em 1943 publica o seu primeiro romance, Casa na Duna. Em 1944, o romance Alcateia, será apreendido, lançando nesse mesmo ano a segunda edição de Casa na Duna.

 

Termina em 1947 a sua Licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, e no ano seguinte instala-se definitivamente em Lisboa, não deixando, contudo, de se deslocar periodicamente a Coimbra e à Gândara.

 

Considerado um dos poetas do neo-realismo que mais fundas marcas deixou na tradição poética portuguesa, morre na sua casa em Lisboa a 1 de Julho de 1981.

 

 

 

O VIANDANTE

 

 

Trago notícias da fome

que corre nos campos tristes:

soltou-se a fúria do vento

e tu, miséria, persistes.

Tristes notícias vos dou:

caíram espigas da haste,

foi-se o galope do vento

e tu, miséria, ficaste.

Foi-se a noite, foi-se o dia,

fugiu a cor às estrelas:

e, estrela nos campos tristes,

só tu,  miséria, nos velas.

 

                  (Mãe pobre)

 

 

 

CANTIGA DO ÓDIO

 

O amor de guardar ódios

agrada ao meu coração,

se o ódio guardar o amor

de servir a servidão.

Há-de sentir o meu ódio

quem o meu ódio mereça:

ó vida, cega-me os olhos

se não cumprir a promessa.

E venha a morte depois

fria como a luz dos astros:

que nos importa morrer

se não morrermos de rastros?

 

                   (Mãe pobre)

 

 

1. Cantiga do Ódio

 

O amor de guardar ódios

agrada ao meu coração,

se o ódio guardar o amor

de servir a servidão.

 

Há-de sentir o meu ódio

quem o meu ódio mereça:

ó vida, cega-me os olhos

se não cumprir a promessa.

 

E venha a morte depois

fria como a luz dos astros:

que nos importa morrer

se não morrermos de rastros?

 

 

 

 

2. Elegia de Coimbra

 

Gela a lua de março nos telhados

e à luz adormecida

choram casas e os homens

nas colinas da vida.

 

Correm as lágrimas ao rio,

a esse vale das dores passadas,

mas choram as paredes e as almas

outras dores que não foram perdoadas.

 

Aos que virão depois de mim

caiba em sorte outra herança:

o oiro depositado

nas margens da lembrança.

 

 

 

3. Soneto

 

Acusam-me de mágoa e desalento,

como se toda a pena dos meus versos

não fosse carne vossa, homens dispersos,

e a minha dor a tua, pensamento.

 

Hei-de cantar-vos a beleza um dia,

quando a luz que não nego abrir o escuro

da noite que nos cerca como um muro,

e chegares a teus reinos, alegria.

 

Entretanto, deixai que me não cale:

até que o muro fenda, a treva estale,

seja a tristeza o vinho da vingança.

 

A minha voz de morte é a voz da luta:

se quem confia a própria dor perscruta,

maior glória tem em ter esperança.

 

 

 

CANÇÃO

Já escuro e denso o rio da memória
flui e me entristece,
se acaso lembro que chorei
o que nem lágrimas merece.

Se acaso o sono poupa o coração
e o coração vive,
já desalento
meu pensamento é tudo o que não tive.

Génio do longe, que voltaste a minha casa
quando menos cuidava,
nem eu sei com que versos me perdi
de tudo o que era bom e me cantava.

Foge, inimiga sombra, volve
à sombra antigo de que vens rumorejando:
e lá, pátria do esquecimento,
seja olvidado o que me fores lembrando.

         (Colheita Perdida, in Poesias, 2ª. ed. revista)

 

INSTANTE

Esta coluna
de sílabas mais firmes,
esta chama
no vértice das dunas
fulgurando
apenas um momento,
este equilíbrio
tão perto da beleza,
este poema
anterior
ao vento.

         (Sobre o Lado Esquerdo, 2ª. ed.)

 

 

 

Página publicada em março de 2010; ampliada em agosto de 2016.

 

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