Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANTÓNIO GEDEÃO

Lisboa (1906-1995)

 

 

 

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (Lisboa, 24 de Novembro de 1906 - Lisboa, 19 de Fevereiro de 1997), português, foi um químico, professor de Físico-Química do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes e Liceu Camões, pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência, e poeta sob o pseudónimo de António Gedeão. Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.

 

Académico efectivo da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa. O dia do seu nascimento foi, em 1997, adoptado em Portugal como Dia Nacional da Cultura Científica.[

 

 

 

 

GEDEÃO, António.  Poesias completas. 2 ed.   Lisboa: Potugália Editora, 1968.  309 p.      

 

 

 

AMOSTRA SEM VALOR

 

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.

Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;

com ele se entretém

e se julga intangível.

 

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,

sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,

que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,

não pesa num total que tende para infinito.

 

Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida

ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,

nesta insignificância, gratuita e desvalida,

Universo sou eu,, com nebulosas e tudo.

 

 

IMPRESSÃO DIGITAL

 

Os meus olhos soo uns olhos.

E é com esses olhos uns

que eu vejo no mundo escolhos

onde outros^ com outros olhos,

não veem escolhos nenhuns.

 

Quem diz escolhos diz flores.

De tudo o mesmo se diz.

Onde uns veem luto e dores

uns outros descobrem cores

do mais formoso matiz.

 

Nas ruas ou nas estradas

onde passa tanta gente,

uns veem pedras pisadas,

mas outros, gnomos e fadas

num halo resplandecente.

 

Inútil seguir vizinhos,

querer ser depois ou ser antes.

Cada um é seus caminhos.

Onde Sancho vê moinhos

D. Quixote vê gigantes.

 

Vê moinhos? São moinhos.

Vê gigantes? São gigantes.

 

 

 

GOTA DE ÁGUA

 

Eu, quando choro,

não choro eu.

Chora aquilo que nos homens

em todo o tempo sofreu.

As lágrimas são as minhas

mas o choro não é meu.

 

                   (Movimento perpétuo)

 

 

 

MÁQUINA DO MUNDO

 

O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.

Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.

Espaço vazio, em suma.

O resto, é a matéria.

 

Daí, que este arrepio,

este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,

esta fresta de nada aberta no vazio,

deve ser um intervalo.

 

                   (máquina do fogo)

 

Desencontro

Que língua estrangeira é esta
que me roça a flor do ouvido,

um vozear sem sentido

que nenhum sentido empresta?

Sussurro de vago tom,

reminiscência de esfinge,

voz que se julga, ou se finge

sentindo, e é apenas som.

 

Contracenamos por gestos,

por sorrisos, por olhares,

rodeios protocolares,

cumprimentos indigestos,

firmes aperto de mão,
passeio de braço dado,

mas por som articulado,

por palavras, isso não.

Antes morrer atolado

na mais negra solidão.

 

 

Lição sobre a água

 

Este líquido é água.

Quando pura

é inodora, insípida e incolor.

Reduzida a vapor,

sob tensão e a alta temperatura,

move os êmbolos das máquinas que, por isso,

se denominam máquinas de vapor.

 

É um bom dissolvente.

Embora com excepções mas de um modo geral,

dissolve tudo bem, bases e sais.

Congela a zero graus centesimais

e ferve a 100, quando à pressão normal.

 

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,

sob um luar gomoso e branco de camélia,

apareceu a boiar o cadáver de Ofélia

com um nenúfar na mão.

 

 

Página publicada em fevereiro de 2010

 

 

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar