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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANTONIO CORREIA

 

António Correia de Oliveira nasceu em São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, Portugal, em 1879. Estudou no Seminário de Viseu, indo depois para Lisboa, onde trabalhou brevemente como jornalista no Diário Ilustrado.1 2 Tendo publicado a sua primeira obra aos 16 anos, Ladainha em 1897, foi companheiro de Raul Brandão e mostrou influências de Antero de Quental e de Guerra Junqueiro.1 2 Em 1912, tendo casado com uma rica proprietária minhota, fixa-se na freguesia de Antas, concelho de Esposende, indo viver para a Quinta do Belinho,1 2 também chamada Casa de Belinho.[carece de fontes]

Poeta neogarrettista, foi um dos cantores do Saudosismo, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros. Ligado aos movimentos culturais do Integralismo Lusitano e das revistas Águia, Atlântida (1915-1920),6 Ave Azul (1899-1900),7 e Seara Nova. De Correia de Oliveira também se encontram colaborações nas revistas O Occidente (1877-1915),8 Serões (1901-1911), 9 e Contemporânea (1915-1926),10 e ainda na Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal11 (1939-1947).

Convictamente monárquico, transforma-se num dos poetas oficiosos do Estado Novo, com inúmeros textos escolhidos para os livros únicos de língua portuguesa do sistema de ensino primário e secundário.

Correia de Oliveira foi nomeado para o Prêmio Nobel da Literatura, pela primeira vez em 1933, tendo sido nomeado num total de quinze vezes em nove anos (1933 a 1940 e 1942),.A própria vencedora de 1945, a chilena Gabriela Mistral, que desempenhara as funções de Adido Cultural em Lisboa, declarou publicamente, no acto solene, que não merecia o prêmio, estando presente o autor do Verbo Ser e Verbo Amar,  Foi o terceiro português a ser nomeado para o Nobel da Literatura, depois de João da Câmara em 1901 e de João Bonança em 1907, mas é o português a quem se conhece o maior número de nomeações, ultrapassado neste valor Maria Madalena de Martel Patrício que tem catorze,

António Correia de Oliveira faleceu na freguesia de Antas, Esposende, no distrito de Braga, em 1960.

 

O  MELHOR   VENTO

 

Corria lá pela aldeia

Deitado que Deus mantenha:

— "A quem Deus quer ajudar,

O vento lhe apanha a lenha..."

 

Mulher pobre e preguiçosa

Que nessa aldeia morava,

Ouviu, gostou da sentença,

Nela se sentenciava.

 

Não quis saber se mer'cia,

Ou não, que Deus a ajudasse:

Foi à lenha, ao monte, — e disse

Ao vento que lh'a apanhasse.

 

Ora o vento ao que parece,

Tinha lá seu pensamento:

 

Em vez de ajuntar, espalha-a,

No que mostrava ser vento...

 

E a preguiçosa da velha

(O sol de inverno lhe valha!)

Voltou a casa, à noitinha,

Sem trazer nem maravalha.

 

Já se vê, não fez fogueira

Nessa noite de invernia,

E, ao frio que padeceu,

Quase de frio morria...

 

De manhã, dá volta ao monte,

Mas, ao lembrar-lhe a lição,

Não espera pelo vento:

Ajunta por sua mão!

 

E, depois, dizia ela,

De consolada, ao borralho:

— "Vento com que Deus ajuda?.

O mais seguro é o trabalho".

 

 

FIM E PRINCÍPIO

(Excerto de "A Criação")

 

 

E perguntais-me vós que ideia eu faço

De Deus na Criação? Sei lá que ideia!

(Invocai-o... Que sombra se incendeia

No vosso olhar de dúvida e cansaço!)

 

Talvez, ao seu poder, no infindo espaço,

O mundo seja um pó que revolteia;

Talvez esteja neste grão de areia

Que em meu caminho piso e despedaço.

 

Que ideia fiz de Deus? Sei lá... Nenhuma!

Perguntai vós a um hálito de espuma

O que entende do mar: se o sente e o vê.

 

Amo-o, pressinto-o: e mais não sei. Quem ama,

Responde, não pergunta. É como a chama:

Sobe, alumia, — sem saber por quê.

 

 

II

 

PÁTRIA

 

Morria a luz... Na febre e claro ardor

De que saiu a sombra dos meus versos,

Vi a alucinação, — olhos imersos

Em sonhos, névoas, lágrimas de amor.

 

A minha voz, ao longe e em derredor,

Fundira em coro os ecos mais dispersos;

As nuvens, embalando-se, eram berços

De noturno e profético esplendor.

 

Ergueu-se, enchendo o céu de encontro ao poente,

uma figura tenebrosa e ardente,
Corpo da torvação crepuscular:

 

— Sombra da Pátria! — eu disse. E, no seu peito,

Exangue, o Sol é um coração desfeito;

Tristes, seus olhos são a Noite e o Mar!

 

 

III

LIBERDADE

 

E vi também erguer-se, horrenda e estranha,

Uma Árvore de treva e claridade:

Braços de fumo, enchendo a Imensidade;

Raiz de fogo, ardendo na Montanha.

 

Diz-me a Visão, esfíngica e tamanha:

— "Árvore eu sou; meu nome é Liberdade.

Plantou-me, — a ferro! — a dura humanidade;

Cantando, em sangue e em lágrimas me banha!

 

Minha sombra de vida, fez-se morte;

Meus frutos são de cinza; o trono forte,

Devera ser de amor, e é de ódio e guerra!

 

Aspiro à luz, e bebo a escuridão!

Para ser livre, hei de prender-me ao chão:

— E sinto que me foge a própria terra!"

 

 

 

Página publicada em outubro de 2014

 


 

 

 
 
 
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