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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



ALEXANDRE O´NEILL

(1924 -1986)

 

 

Alexandre Manuel Vahia de Castro O´Neill de Bulhões, natural de Lisboa, donde nació el 19 de diciembre de 1924. Juntamente con Cesariny, es uno de los máximos exponentes del surrealismo português. Se dedico a la publicidad, al peridismo y a la televisión. Innovador riguroso, se manifiesta a través de sus obras como poeta de viva y personal sátira.

 

Obra poética: No Reino da Dinamarca -1958; Abandono Vigiado -1960; Poemas com Endereço -1962; Feira Cabisbaixa -1965; De Ombro na Ombreira -1969; As Andorinhas Não têm Restaurante -1970; Entre a Cortina e a Vidraça -1972; A Saca de Orelhas -1979; Uma Coisa em Forma de Assim -1980; As Horas já de Números Vestidas -1981.

 

Poemas selecionados de la edición de la ANTOLOGIA LA ACTUAL POESIA PORTUGUESA, con traducciones de nuestro amigo XOSÉ LOIS GARCÍA, publicada originalmente en la revista HORA DE POESIA, n. 27/28, de 1983, de Barcelona, España. Ejemplar gentilmente donado por Aricy Curvello para la Biblioteca Nacional de Brasilia. 

 


TEXTOS EM PORTUGUÊS
  /  TEXTOS EN ESPAÑOL


AO ROSTO VULGAR DOS DIAS

 

Monstros e homens lado a lado.

Não à margem, mas na própria vida.

 

Absurdos monstros que circulam

Quase honestamente.

Homens atormentados, divididos, fracos.

Homens fortes, unidos, temperados.

 

Ao rosto vulgar dos dias,

À vida cada vez mais corrente,

As imagens regressam já experimentadas,

Quotidianas, razoáveis, surpreendentes.

 

Imaginar, primeiro, é ver.

Imaginar é conhecer, portanto agir.

 

 

HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM

 

Há palavras que nos beijam

Como se tivessem boca.

Palavras de amor, de esperança,

De imenso amor, de esperança louca.

 

Palavras nuas que beijas

Quando a noite perde o rosto;

Palavras que se recusam

Aos muros do teu desgosto.

 

De repente coloridas

Entre palavras sem cor,

Esperadas inesperadas

Como a poesia ou o amor.

 

(O nome de quem se ama

Letra a letra revelado

No mármore distraído

No papel abandonado)

 

Palavras que nos transportam

Aonde a noite é mais forte,

Ao silêncio dos amantes

Abraçados contra a morte.

 

 

MESA DOS SONHOS

 

Ao lado do homem vou crescendo

Defendo-me da morte quando dou

Meu corpo ao seu desejo violento

E lhe devoro o corpo lentamente

 

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem

Todas as formas e começam

Todas as vidas

 

Ao lado do homem vou crescendo

E defendo-me da morte provocando

De novos sonhos a vida.

 

 

O AMOR É O AMOR

 

O amor é o amor — e depois?

Vamos ficar os dois

a imaginar, a imaginar?...

 

O meu peito contra o teu peito,

cortando o mar, cortando o ar.

Num leito

há todo o espaço para amar!

 

Na nossa carne estamos

Sem destino, sem medo, sem pudor,

e trocamos —somos um? somos dois?

espírito e calor!

 

O amor é o amor — e depois?

 

 

LEGO

 

Está tudo conformado

Ao triste proprietário.

Mecânicas ovelhas,

na erva de plástico,

têm pastor de pilhas

e cão pré-fabricado.

Flores marginam esse

Às peças-soltas prado.

Elétricas abelhas,

obreiras sem contrato,

daquele herbário extraem

um mel supermercado.

A malhada, no estábulo,

Quase manga de alpaca

(é A VACA, sabias?),

dá leite engarrafado.

No céu (para colorir)

A nuvem, pontual,

Aguarda a vez de ser

Chovida no nabal,

enquanto o Sol dardeja

na eira proverbial.

Já tudo afeiçoado

Ao bom do proprietário

(ervas, bichos, moral),

Ele conta com os seus

e espera sempre em Deus.

(“—Deste corda ao pardal?”)

 

 

 

2 POEMAS SURREALISTAS
extraídos de

surrealista portuguesa.  Lisboa: Assírio & Alvim, 1998.   399 p.  Col. A.M.

 

 

A MEU FAVOR

 

A meu favor

Tenho o verde secreto dos teus olhos

Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor

O tapete que vai partir para o infinito

Esta noite ou uma noite qualquer

 

A meu favor

As paredes que insultam devagar

Certo refugio acima do murmúrio

Que da vida corrente teime em vir

O barco escondido pela folhagem

O jardim onde a aventura recomeça.

 

 

AGORA ESCREVO

 

Que queriam fazer de mim?

 

Uma palavra, um gemido obsceno,

Uma noite sem nenhuma saída,

Um coração que mal pudesse

Defender-se da morte,

Uma vírgula trémula de medo

Num requerimento azul, azul,

Uma noite passada num bordel

Parecido com a vida, resumindo

Brutalmente a vida!

 

A chave dos sonhos, o segredo

Da felicidade, as mil e uma

Noites de solidão e medo,

A batata cozida do dia a dia,

O muscular fim-de-semana,

As sardinhas dormindo,

Decapitadas, no azeite,

O amor feito e desfeito

Como uma cama

E ao fundo — o mar...

 

Mas defendi-me e agora escrevo

Furiosamente, agora escrevo

Para alguém:

 

Lembras-te, meu amor, dos passeios que demos

Pela cidade? Dos dias que passámos

Nos braços da cidade?

Coleccionámos gente, rostos simples, frases

De nenhum valor para além do mistério

Também simples do nosso amor.

Inventámos destinos, cruzámos vidas

Feitas de compacta vontade,

De dura necessidade, rostos frios

Possuídos por uma ausência atroz,

Corpos extenuados más sem nenhum sono para dormir,

Olhos já sem angústia, sem esperança, sem qualquer

Pobre resto de vida!

Seguimos a alegria das crianças, agressiva

Como o carvão riscando uma parede,

Aprendemos a rir (oh que vergonha!..)

Com a gente «ordinária» e calados

Descemos até ao rio — e ali ficámos

A ver!                                                    

                        

 

 

O´NEILL, AlexandreAlexandre O´Neill dito por Sinde Filipe.  Música Laurent Filipe.  Lisboa: Dinalivro, 2010.  111 p.  capa dura. 15x15 cm. Capa: Mário Felix a partir de ilustração de José Tavares. Inclui CD.  ISBN 978-972-576-561-6    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

16. Se...

 

Se é possível conservar a juventude

Respirando abraçado a um marco do correio;

Se a dentadura postiça se voltou contra a pobre senhora

                                                                     [e a mordeu

Deixando-a em estado grave;

Se ao descer do avião a Duquesa do Quente

Pôs marfim a sorrir;

Se Baú-Cheio tem acções nas minas de esterco;

Se na América um jovem de cem anos

Veio de longe ver o Presidente    

A cavalo na mãe;

Se um bode recebe o próprio peso em aspirina

E a oferece aos hospitais do seu país;

Se o engenheiro sempre não era engenheiro

E a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços;

Se reentrante, protuberante, perturbante,


 

Lola domina ainda os portugueses;

Se o Jorge (o «ponto» do Jorge!) tentou beber naquela noite

O presunto de Chaves por uma palhinha

E o Eduardo não lhe ficou atrás

Ao sair com a lagosta pela trela;

Se «ninguém me ama porque tenho mau hálito

E reviro os olhos como uma parva»;

Se Mimi Travessuras já não vem a Lisboa

Cantar com o Alberto...

 

... Acaso o nosso destino, tac!, vai mudar?

 

 

33. Perfilados de medo

 

Perfilados de medo, agradecemos

o medo que nos salva da loucura.

Decisão e coragem valem menos

e a vida sem viver é mais segura.

 

Aventureiros já sem aventura,

perfilados de medo combatemos

irónicos fantasmas à procura

do que não fomos, do que não seremos.

 

Perfilados de medo, sem mais voz,

o coração nos dentes oprimido,

os loucos, os fantasmas somos nós.

 

Rebanho pelo medo perseguido,

já vivemos tão juntos e tão sós

que da vida perdemos o sentido...

 

que da vida perdemos o sentido...

                             

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Traducción de Xosé Lois García

 


Extraído de:
2011 CALENDÁRIO   poetas     antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais

 

/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.

 

 

 

AL ROSTRO VULGAR DE LOS DÍAS

 

Monstruos y hombres lado a lado,

No al margen, sino en la misma vida.

 

Absurdos monstruos que circulan

Casi honestamente.

Hombres atormentados, divididos, débiles.

Hombres fuertes, unidos, templados.

 

Al rostro vulgar de los dias,

A la vida cada vez más corriente,

Las imágenes regresan ya experimentadas,

Cuotidianas, razonables, sorprendentes.

 

Imaginar, primero, es ver.

Imaginar es conocer, pro lo tanto obrar.

 

 

HAY PALABRAS QUE NOS BESAN

 

Hay palabras que nos besan

Como si tuviesen boca.

Palabras de amor, de esperanza,

de inmenso amor, de esperanza loca.

 

Palabras desnudas que besas

Cuando la noche pierde el rostro;

Palabras que se oponen

A los muros de tu disgusto.

 

De repente coloreadas

Entre palabras sin color.

Esperadas inesperadas

Como la poesía o el amor.

 

(El nombre de quien se ama

Letra a letra revelado

En el mármol distraído

Em el papel abandonado)

 

Palabras que nos transportan

A donde la noche es más fuerte,

Al silencio de los amantes

Abrazados contra la muerte.

 

 

ALIMENTO DE SUEÑOS

 

Al lado del hombre voy creciendo

 

Me defiendo de la muerte cuando doy

Mi cuerpo a su deseo violento

Y le devoro el cuerpo lentamente

 

Alimento de sueños em mi cuerpo viven

Todas las formas y comienzan

Todas las vidas

 

Al lado del hombre voy creciendo

 

Y me defiendo de la muerte poblando

De nuevos sueños la vida.

 

 

EL AMOR ES EL AMOR

 

El amor es el amor -¡¿y después?!

¿Vamos a permanecer los dos

imaginando, imaginando?...

 

Mi pecho contra tu pecho,

cortando el mar, cortando el aire,

¡Em u n lecho

Hay todo el espacio para amar!

 

Em nuestra carne estamos

sin destino, sin miedo, si pudor,

y cambiamos —¿somos uno?¿somos dos?—

¡espíritu y calor!

 

El amor es el amor —¡¿y después?!

 

 

LEGO

 

Está todo sometido

al triste propietario.

Mecânicas ovejas,

En la hierba de plástico,

tienen pastor de pilas

y perro prefabricado.

Flores margina a este

A las piezas — sueltas prado.

Eléctricas abejas,

obreras sin contrato

de aquel herbário extraen

una miel supermercado.

La mazada, em el establo,

casi manga de alpaca

(es LA VACA, ¿sabpuas?),

Da lecha embotellada.

En el cielo (para colorear)

la nube, puntual,

espera el momento de ser

llovida en el nabal,

mientras el Sol centellea

en la era proverbial.

Ya todo aficionado

al bueno del propietario

(hierbas, bichos, moral),

El cuenta con los suyos

Y confia siempre en Diós.

 

(!—¿Diste cuerda al gorrión?”)

 

 

Página publicada em janeiro de 2008; ampliada e republicada em fev. 2011. Ampliada e republicada em janeiro de 2014; ampliada e republicada em junho de 2014.

 



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