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ALBERTO PIMENTA

ALBERTO PIMENTA
 (Porto, 1937)

 

 

Poeta, narrador, ensaísta, performer e professor universitário. Licenciou-se em Filologia Germânica na Universidade de Coimbra e, durante alguns anos (1960-1977), exerceu funções de leitor de Português e de Literatura Portuguesa em Heidelberg, na Alemanha. Regressando a Portugal, desenvolveu uma intensa actividade no domínio da criação literária relacionada com os movimentos experimentalistas. Os seus textos, por vezes publicados em livros com uma configuração gráfica original, assumem um sentido polémico, que ocasionalmente os próprios títulos podem evidenciar, e ao mesmo tempo de vanguarda. É autor de O Silêncio dos Poetas (1978), um importante estudo sobre o sentido da criação literária ligada aos movimentos de vanguarda, a qual se caracteriza pelo seu "desvio da norma"; o desenvolvimento dos seus pontos de vista leva-o a estabelecer uma bem fundamentada e sugestiva "fenomenologia da modernidade". Realizou o seu primeiro happening em 1977 no Jardim Zoológico de Lisboa (Homo Sapiens) e a mais recente performance (Uma Tarefa para o Ano Vindouro), dividida em duas partes (31/12/1999 e 01/01/2000), também em Lisboa, na Galeria Ler Devagar. Traduziu, entre outros, Thomas Bernhard (A Força do Hábito, em colaboração com João Barrento, 1991) e Botho Strauss (O Parque). Colaborou com Miguel Vale de Almeida e Rui Simões em Pornex: Textos Teóricos e Documentais de Pornografia Experimental Portuguesa (coord. de Leonor Areal e Rui Zink), 1984. É actualmente professor auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Fonte: Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999

 

 

 

Enquanto o papa não chega

Todos  dão a sua achega*

 

 

POR  EXEMPLO:

 

As autoridades convencem com os dentes.

 

Os deputados erguem as nádegas

para lhes serem metidas moedas na ranhura

 

Os investidores apostam na sementeira

de guarda-republicanos.

 

Os magistrados justificam o uso

da força com a força do uso.

 

Os militares apóiam a democracia em

geral e o cão-polícia em particular.

 

Os tecnocratas correm o fecho-éclair

para fazer luz sobre o assunto.

 

Os psiquiatras metem o dedo no olho do

cliente para lhe aprofundar os desvios.

 

Os mestres ensinam os cães particulares

a defecar nos passeios públicos.

 

Os escritores erguem a voz acima de todas para

dizer que todas as vozes se devem fazer ouvir.

 

Os funcionários públicos zelam por que tudo

o que não é proibido seja obrigatório.

 

Os sacerdotes encaminham a alma

para o sétimo céu.

 

Os internados no manicômio recebem

coleiras novas com o número fiscal.

 

Os jornalistas dão peidos que abalam a

qualidade de vida da cidade.

 

O povo digere tudo porque tem

dentes até ao cu.

 

Os polícias de choque referem-se

às conquistas de abril.

 

Os anjos da guarda interceptam os

pacotes com as bombas e explodem.

 

 

                   In A visita do papa

 

*Em espírito de profunda caridade pelas legítimas aspirações e valores autênticos da humanidade

 

 

 

elegia

 

já nada é o que era

e provavelmente nunca mais o será

e mesmo que o fosse

algo me diz que já não seria o que era

porque o que era

era o que era por ser o que era

do que eu me lembro muito bem

embora eu então não fosse o que agora sou

mas o que agora sou

ou estou a ser

é deixar de ser o que sou

porque eu sou deixando de ser

deixar de ser é a minha maneira de ser

sou a cada instante

o que já não sou

e o mesmo se deve passar com tudo o que é

motivo por que não admira que assim seja

quer dizer

quer nada seja o que era

e se assim é

ou  já não é

seja ou não seja

 

 

 

Poemas extraídos da revista POESIA SEMPRE, Num. 26, Ano 14, 2007. Edição da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

 

Página publicada em novembro de 2009

 

 


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