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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VICTORIA GUERRERO


Victoria Guerrero Peirano (Perú, 1971). Poeta e investigadora, doctora en literatura por la Universidad  de Boston. En poesía ha publicado: De este reino (1994), Cisnes estrangulados (1996), El mar ese oscuro porvenir (2002) y Ya nadie incendia el mundo (2005). Sus poemas han aparecido en diferentes antologías, entre ellas: Mujeres mirando al sur (Madrid: Torremozas, 2004), Antología de poetas peruanas (Buenos Aires. Eloisa Cartonera, 2004),  Los relojes se han roto (Eds Arlequín, Guadalajara, 2005) e In Santas, antología de poesía escrita por mujeres sobre la violencia política. (Lima. Red por la democratización global, 2007). Es directora de la revista de cultura y política Intermezzo Tropical. Actualmente vive en Perú y se desempeña como profesora en diversas universidades de la capital. 

 

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL   -    TEXTO EM PORTUGUÊS

 

 

contemplación

 

el ojo de una rata me observa

su único ojo rojo me mira

y yo miro la oquedad de su ojo izquierdo

por ese hoyo tal vez se pudiesen entrever

otros mares de arena    otras orillas

como la primera orilla de la que partí:

en el ojo de fuego de mi madre

entonces todo volvería a arder

el agua         el ojo          el fuego

y mi cuerpo se diluiría en arroyuelos y ríos sin fin

pero esa oquedad no existe

sólo mi miedo y el ojo solitario de la rata

que ejerce su dominio sobre mis ojos

que son dos ojos pequeños y miopes

por los cuales ella me observa:

ahogar los abrazos en una parada de autobús

reposar la cabeza sobre el ombligo de mi esposo

tenderme en un rincón de mi celda

y lamer una herida

 

ahora el viento es suave

y las hojas suben al cielo

desde donde una pequeña ave de rapiña

desafia al sol

y nos contempla

 

 

YA NADIE INCENDIA EL MUNDO
                   NI SIQUIERA TÚ

         nuestros pálidos cuerpos
            todos ardientes de celadores o incendiários
               celebran su festivo sacrificio juvenil

         la poesia escupe por todos lados su necia pestilência
         y no queda nada sino tirarla a um tacho de basura
         o coger la maldita mano blanca y torcerle el cuello

         y no quedan sino tus ojos que bañan el mundo
         y un cuerpo tras una cortina desgarrada cuyo amor aun
                   desconozco

 

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda

 

                

 

         contemplação

 

 

o olho de um rato me observa
seu único olho rubro me vê
e eu vejo o vazio de seu olho esquerdo
por esse buraco talvez pudéssemos entrever
outros mares de areia    outras margens
como a primeira margem de onde parti:
no olho de fogo de minha mãe
então tudo voltaria a arder
a água     o olho      o fogo
e meu corpo se diluiria em riachos e rios sem fim
mas esse vazio não existe
apenas meu medo e o olho solitário do rato
que exerce seu domínio nos meus olhos
que são dois olhos pequenos e míopes
pelos quais ele me observa:
afogar os abraços na parada de ônibus
repousar a cabeça no umbigo de meu esposo
estender-me em um rincão de minha cela
e lamber uma ferida

agora o vento é suave
e as folhas vão ao céu
de onde uma pequena ave de rapina
desafia o sol
e nos contempla

 

NINGUÉM MAIS INCENDEIA O MUNDO
                   NEM MESMO TU

         nossos pálidos corpos
            todos presas ardentes de zeladores ou incendiários
               celebram seu festivo sacrifício juvenil

         a poesia cospe por todos os lados sua néscia pestilência
         e não resta nada senão lança-la num cesto de lixo
         ou segurar a maldita mão branca e torcer-lhe o pescoço

         e não restam senão teus olhos que banham o mundo
         e um corpo detrás de uma cortina desgarrada cujo amor ainda
         desconheço

 

 

Página publicada em dezembro de 2013; ampliada em outubro de 2017


 

 

 
 
 
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