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POESÍA PERUANA
Coordinación: Jorge Alania.  jorgealania@terra.com.pe
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Fotografía por Frank Otero Luque

 

CATALINA BUSTAMANTE

 

Nació en Masma, distrito de la província de Jauja, departamento de Junín (Peru), en
marzo de 1942. Desde muy joven radica en Lima. Estudió en la Facultad de Derecho
de la Universidad Mayor de San Marcos donde se graduó de abogada.

 

Ha publicado “El lenguaje locuaz de mis silencios”, plaqueta editada por la Casa del
Poeta Peruano, 1998; las plaquetas “El día que comienza”, “El mejor momento”,
“Cartas a Momotaro” y “El vuelo de campanas en mi pulso”, editadas en Santa Cruz – Centro de Arte en la serie Noches de Sol, Lima 1998.  Sus poemas aparecen en
diversas antologías.

 

“Bustamante proyecta, “a flor de voz el alma”, una mirada lúcida —mas no por ello
exenta de emoción— sobre su experiencia vital…”
  Juana Iglesia

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  TEXTOS EM PORTUGUÊS

Traduções de Antonio Miranda

 

 

PALABRA NO DICHA

 

III

Bullendo en el torrente de la sangre

destellando en los ojos

aleteando en el vientre

Sofocada

 

Estructura de pétalos y acero

triturando los huesos

Herida piel adentro

llaga viva

Gorrión cautivo

pugnando por destrozar la jaula

Catarata de verbo

 

Aterida

proscrita

cautelada

buscando

tercamente

su propia voz

 

La palabra no dicha.

 

 

IV

Encadenada estoy

a mi tiempo de entonces

y a este otro

lleno de desazones

y viejas dudas

 

este no hablar y envenenarme

amarrada a mi caja de Pandora

este intento  constante  de evasiones

esta conciencia

de mi lengua cuchillo

de mis ojos puñales

 

esta inconformidad

 

y estas ganas locas

de convertirme en flor

mar sereno

caricia...

 

 

CUALQUIER MANÃNA AZUL

 

II

Los que partieron

dejaron las alcobas

en orden

como si el retorno

fuera cuestión de horas

 

Y no es así

 

Desde ahora

sólo queda esperar

una carta

revoleando en la puerta

o brillando en el ojo de la computadora

 

De vez en cuando

una voz al teléfono

nos inunda

alborozando

los lugares vacíos de la casa

 

Esta casa

que muere un poco

cada vez que alguien alista la valija

 

Mi madre por ejemplo

cabecea los sueños

ensayando

iniciar otro viaje

diferente de aquellos que prometen retorno

 

En estos días

escondo las maletas

y vigilo con miedo los ojos de mi madre  

 

 

VI

Entre lobos      

nos olemos la piel                                                                                                                    

nos acechamos

nos ponemos en guardia

escondemos las garras

y con mucha dulzura nos sonreímos

 

Entre lobos

soy una de ellos más

  1. no debo ser ingenua —

es mi piel la del riesgo

es mi ilustre nombrecito en peligro

es mi espalda el presunto felpudo

de algún lobo mayor

 

Entre lobos

hace tiempo

he logrado acallar

el absurdo balido

de la oveja incongruente

que mora en mí.

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TEXTOS EM PORTUGUÊS

Traduções de Antonio Miranda

 

PALAVRA NÃO DITA

 

III

Fervendo na torrente do sangue

cintilando nos olhos

alvoroçando no ventre

Sufocada

 

Estrutura de pétalas e aço

triturando os ossos

Ferida pele adentro

chaga viva

Pardal cativo

Pugnando por destruir a jaula

Catarata de verbo

 

Hirta

proscrita

acautelada

buscando

teimosamente

sua própria voz.

 

A palavra não dita.

 

 

IV

Encarcerada estou

ao meu tempo de outrora

a esse outro tempo

repleto de desassossego

e velhas dúvidas

 

este não dizer e envenenar-me

amarrada à minha caixa de Pandora

 

este intento constante de evasões

esta consciência

de minha língua faca

de meus olhos punhais

 

esta inconformidade

 

e estas ganas loucas

de converter-me em flor

mar sereno

carícia...

 

 

QUALQUER MANHÃ AZUL

 

II

Os que partiram

deixaram as alcovas

em ordem

como se o retorno

fosse questão de horas

 

E não é assim

 

Desde agora

só resta esperar

uma carta

revoando na porta

ou brilhando no olho do computador

 

De vez em quando

uma voz ao telefone

nos inunda

alvoroçando

os lugares vazios da casa

 

Esta casa

que morre um pouco

cada vez que alguém prepara a maleta

 

Minha mãe, por exemplo

cabeceia os sonhos

ensaiando

iniciar uma viagem

diferente daquelas que prometem regresso

 

Nestes dias

escondo as maletas

e vigio com medo os olhos de minha mãe

 

 

VI

Entre lobos

cheiramos nossa pele

nos espreitamos

ficamos em guarda

escondemos as garras

e com muita doçura sorrimos

 

Entre lobos

sou uma a mais

—não devo ser ingênua—

é minha a pele em risco

é meu ilustre nome em perigo

é minha espalda o suposto felpudo

de algum lobo mais velho

 

Entre lobos

já faz tempo

eu logrei calar

o absurdo balido

da ovelha incongruente

que reside em mim.

 


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