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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ROMUALDO GALLEGOS

 

Romulado Gallegos (San Luis Potosí, 1962) Maestro normalista. Fue becario del Centro de Escritores de Nuevo León. Ha escrito para varias revistas y periódicos, entre ellos El Norte. Es autor de los libros Nostalgia por los marcianos (1992); Didácticos y pedagógicos (1995); El zorro, Mis Mundo y un vecino que no dijo su nombre (1996); El operador y litros relatos (2002); Cuentos cortos, escritores largos (2008).

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

GALLEGOS, Romualdo.  Informe gallina negra.  Monterrey, N. L., México: Oficio Ediciones, 2010.  84 p.  14x21 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Segunda llamada

 

Supiste que colapsó el riñón de Alonso.

Que a Jorge la vida le dio un golpe tan fuerte

que solo él y su heroico silencio pueden resistir,

Que Raúl se desvanecíó en plena clase.

Nuestra generación empieza a ceder terreno.

El mesero de la muerte muestra la cuenta.

Es hora de preguntarnos qué hicimos.

Aceleremos los proyectos.

Amemos con más fuerza que nunca.

Si ofendimos a alguien propongamos la tregua.

Nada de repartir herencia.

Nada de lágrimas ni cocodrilos.

Que venga la música.

y la rebelde infancia que abjuramos.

Nada de exorcizar las fantasías sexuales.

Nada de viagra ni besos ortopédicos.

Animo abuelos eróticos.

Cabalguemos con dignidad el tramo que nos falta.

 

 

No

No, dijo el gobernador porque gobernar no me permite leer.
No, dijo el secretario de educación, estamos resolvendo
           (ese problema.
No, dijo el subsecretario que leía las caricaturas del periódico.
No, dijo la secretaria más bella que seleccionaba sus
          (zapatos del catálogo.
No, dijo James Bond colgado del helicóptero.
No, dijo el director editorial esa nota no vale la pena.
No, dijo mi corazón políglotamente enamorado.
No, dijo el carnicero, no hay chuletas.
No, dijo la cajera de Oxxo, no tengo recargas.
No, dijo el sindicalista, no hay plazas maestro.
No, dijo la esposa, estoy viendo mi programa favorito.
No, dijo el amigo escritor, cada vez escribes peor.
No, dijo Quevedo, el idioma es divertido.
No, dijo Mahoma, morirás blasfemo.
No, dijo el poema que se vio al espejo y no estaba.
No, dijo el autor seguro que nadie lo leería.
Y decidió no escribir.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Antonio Miranda

 


Segunda chamada

Soubeste que colapsaram os rins de Alonso.
Que a vida deu um golpe tão forte em Jorge
que apenas ele e seu heroico silêncio podem resistir.
Que Raul desfaleceu em plena sala de aula.
Nossa geração começa a ceder terreno.
O garçom da morte apresenta a conta.
É hora de perguntar-nos que fizemos.
Aceleremos os projetos.
Amemos com mais força que nunca.
Se ofendemos alguém proponhamos a trégua.
Nada de dividir a herança.
Nada de lágrimas nem crocodilos.
Que venha a música
y a rebelde infância que abjuramos.
Nada de exorcizar as fantasias sexuais.
Nada de viagra nem beijos ortopédicos.
Ânimo, avós eróticos.
Cavalgamos com dignidade o trecho que nos falta.

 

Não

Não, disse o governador porque governar não me permite ler.
Não, disse o secretário de educação, estamos resolvendo esse
          problema.
Não, disse o subsecretário que lia caricaturas no jornal.
Não, disse a secretária mais bela que selecionava seus sapatos do
          catálogo.
Não, disse James Bond dependurado do helicóptero.
Não, disse o diretor editorial essa nota não vale a pena.
Não, disse meu coração poliglotamente apaixonado.
Não, disse o açogueiro, não temos bifes.
Não, disse a atendente de Oxxo, não tenho recargas.
Não, disse o sindicalista, não há vagas para professores.
Não, disse a esposa, estou vendo meu programa favorito.
Não, disse o amigo escritor, cada vez escreves pior.
Não, disse Quevedo, o idioma é divertido.
Não, disse Maomé, morrerás blasfemo.
Não, disse o poema que se olhou no espelho e não estava.
Não, disse o autor seguro de que ninguém o leria.
E decidiu não escrever.

 

 

Página publicada em abril de 2015

 

 

 
 
 
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