Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GALLEGA – POESIA GALEGA
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------



ROSALÍA DE CASTRO

(1837-1885)

 

Natural da Galícia, Espanha, nasceu na cidade de Santiago de Compostela. Sua poesia inspira-se na lírica popular trovadoresca e foi escrita em galego e em castelhano. Considerada a figura mais importante da poesia galega do século XIX, publicou os livros Cantares Gallegos (1863) e Folhas Novas (1880), ambos escritos em galego, e En las Orillas del Sar (1884), este considerado os primeiros versos modernos em língua castelhana.  Sua poesia será relida e valorizada pela geração de 1898: Antonio Machado, Miguel de Unamuino, Juan Ramón Jiménez e, mais tarde, Federico García Lorca. 

TEXTO EM GALLEGO   /   TEXTO EM PORTUGUÊS
 

I – VAGUEDÁS

 

II

Bem sei que non hai nada

Novo en baixo do ceo,

Que antes outros pensaron

As cousas que ora eu penso.

 

E bem, ¿para que escribo?

E bem, porque así semos,

Relox que repetimos

Eternamente o mesmo.

 

III

 

Tal como as nubes

Que impele o vento,

I agora asombran, i agora alegran

Os espazos inmensos do ceo,

Así as ideas

Loucas que eu teño,

As imaxes de múltiples formas,

De estranas feituras, de cores incertos,

Agora asombran,

Agora acraran

O  fondo sin fondo do meu pensamento.

 

xxxv

 

           

Eu cantar, cantar, cantei,

a gracia non eramoita,

 

Que nunca (delo me pesa)

fun eu meniña graciosa.

Cantei como mal sabía

dándolle reviravoltas,

cal fán aquês que non saben

direitamente unha cousa,

pero dempois paseniño,

y un pouco mais alto agora,

fun votando as miñas cantigas

com quen non quer á cousa.

Eu bem quixera, é verdade,

que mais boniteiras foran;

euben quixera que nelas

bailase ó sol c´as pombas,

as bandas auguas c´á luz

y os aires mainos c´as rosas.

Que nelas craras se visen

a espuma d´as verdes ondas,

do ceo as brancas estrelas,

da terr´as prantas hermosas,

as niebras de cor sombriso

qu´aló nas montañas voan;

os berros do triste moucho,

s campaniñas que dobran,

a primadera que ríe

y os paxariños que voan.

 

Canta que te canta, mentras

os coraçóns tristes choran.

Esto e inda mais, eu quixera

desir con lengua graciosa;

mas don á gracia me falta

o sentimento me sobra,

anqu´este tampouco abasta

para expricar certas cousas,

qu´á veces por fora un canta

mentras que por dentro un chora.

Non me expriquei cal quixera

pois on de expricansa pouca;

si gracia en cantar non teño

o amor da patria m´afoga,

Eu cantar, cantar, cantei

a gracia non era moita,

ίmais qué fazer, desdichada,

sin non nacín mais graciosa!

 

13

                     San Antonio bendito,

         dádeme um home,

          anque me mate,

          anque me esfole.

 

 

    Meu santo San Antonio,

daime um homiño,

anque o tamaño teña

dun gran de millo.

Daimo, meu santo,

anque os pés teña coxos,

mancos os brazos.

 

    Uma mller sin home...,

ίsanto bendito!,

é corpiño sin alma,

festa sin trigo,

pau viradoiro

que onda queira que vaia

troncho que troncho.

 

    Mais, em tendo um homiño,

ίVirxe do Carme!,

non hai mundo que chegue

pra um folgarse.

Que, zambo ou trenco,

sempre é bo ter un home

para um remédio.

 

    Eu sei dum que cobisa

causa miralo,

lanzaliño de corpo,

roxo e encarnado,

caniñas de manteiga,

e palavras tan doces

qual mentireiras.

 

Por el peno de día,

de noite peno,

pensando nos seus ollos

color de ceo;

mais el, xá doito,

de amoriños entende,

de casar pouco.

 

    Facé, meu Sant Antonio,

que onda min veña

para casar conmigo,

nena solteir

que levo en dote

uma culler de ferro,

carro de boxe,

 

    un irmanciño novo

que xá tem dentes,

unha vaquiña vella

que non dá leite...

ίAi, meu santiño!:

face que tal suceda

cal volo pido.

 

    San Antonio bendito,

dádeme um home,

anque me mate,

anque me esfole,

que, zambo ou trenco,

sempre é bo ter un home

para um remédio.

 

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS 

I – VAGUEDADES

 

Tradução de Andityas Soares de Moura

 

II

Bem sei que não há nada de

Novo sob o céu,

Que antes outros pensaram

As cousas que ora eu penso.

 

Bem, para que escrevo?

Bem, porque somos assim:

Relógios que repetem

Eternamente o mesmo.

 

III

 

Tal como as nuvens

Que impele o vento,

E ora assombram, e ora alegram

Os espaços imensos do céu,

Assim as idéias

Loucas qu´eu tenho,

As imagens de múltiplas formas,

D´estranhas feituras, de cores incertas,

Ora assombram,

Ora aclaram

O fundo sem fundo do meu pensamento.

 

CANTIGA

         Tradução de Henriqueta Lisboa

 

Eu cantar, cantar, cantei;

a graça não era muita,

pois nunca por meu pesar,

fui eu menina graciosa.

Cantei como foi possível,

dando voltas e mais voltas

assim como quem não sabe

perfeitamente uma cousa.

Porém depois de mansinho

e um pouco mais alto agora,

fui soltando essas cantigas

como quem não quer a cousa.

Eu bem quisera, é verdade,

que elas fossem mais bonitas;

eu bem quisera que nelas

bailasse o sol com as pombas,

as brancas águas com a luz,

e os ares mansos com as rosas.

Que nelas claras se vissem

a espuma das verdes ondas,

do céu as brancas estrelas

da terá as plantas formosas,

as névoas de cor sombria

que lá nas montanhas voam;

os pios do triste mocho,

as campainhas que dobram

a primavera que ri,

e os passarinhos que voam.

 

E canta que canta, enquanto

os corações tristes choram.

Isto e ainda mais quisera

dizer com língua graciosa;

mas onde a graça me falta,

o sentimento me sobra.

Entretanto isto não basta

par explicar certas cousas

que, às vezes, por fora um canta

enquanto por dentro chora.

Não me expliquei qual quisera:

sou de pouca explicação;

se graça em cantar não tenho,

o amor da terra me afoga.

Eu cantar, cantar, cantei,

a graça não era muita,

mas que fazer —  desgraçada! —

se não nasci mais graciosa.

 

13

    Sant´Antônio bendito,

daí-me um homem,

ainda que me mate,

ainda que m´esfole.

 

 

    Meu santo Sant´Antônio,

daí-me um hominho,

ainda que o tamanho tenha

d´um grão de milho.

Daí-mo, meu santo,

ainda que tenha os pés coxos,

tortos os braços.

 

    Uma mulher sem homem...,

santo bendito!,

é corpinho sem alma,

festa sem trigo,

pau viradouro

que onde quer que vá

quebra que quebra.

 

    Mas, tendo um hominho,

Virgem do Carmo!,

não há mundo que baste

pra alguém folgar.

Pois mesmo cambaio,

sempre é bom ter um homem

pra remediar.

 

    Eu sei dum que cobiça

causa em quem o mira,

esbeltinho de corpo,

vermelho e encarnado,

carninhas de manteiga,

e palavras tão doces

quão mentirosas.

 

    Por ele peno de dia,

de noite peno,

pensando nos seus olhos

cor de céu;

mas ele, já douto,

de namoricos entende,

de casar: pouco.

 

    Fazei, meu Sant´Antônio,

que pra junto de mim venha

para casar comigo,

moça solteira

que levo de dote

uma colher de ferro,

quatro de buxo,

 

    um irmãozinho novo

que já tem dentes,

uma vaquinha velha

que não dá leite...

Ai, meu santinho!:

fazei que tal suceda

qual vos peço.

 

    Sant´Antônio bendito,

daí-me um homem,

ainda que me mate,

ainda que m´esfole,

pois mesmo cambaio,

sempre é bom ter um homem

pra remediar.

 

 

CASTRO, Rosalía de. Rosalía de Castro. Poesía. Seleção e versão do galego e do espanhol: Ecléa Bosi.  2ª. ed.  São Paulo, SP: Editora Brasiliense, 1987.  137 p.  14x20,5 cm.   Ilus.   Capa e ilustrações: Lila Figueiredo. “Orelha” do livro por Otto Maria Carpeaux.    Ex. bibl. Antonio Miranda

De fino humor e alma rítmica, as suas composições fluem para a música, poderiam ser cantadas.” (...)

A Galiza é a mais velha civilização neolatina da Península Ibérica; terra matricial que seus filhos chamam tanto de matria quanto de pátria. Mãe de nosso idioma e mãe de nossa primeira poesia, a trovadoresca.”

“Rosalía escreveu em um galego ainda vacilante, não codificado, que ela por equívoco denomina '' dialeto ". Coalhado de indecisões gráficas, difere do límpido galego moderno cultivado pelos homens de letras. / Foi a fala da gente humilde da sua infância, dos camponeses e homens do mar, que ela elevou à dignidade da poesia. E a memória popular havia guardado, por séculos, os ecos dos cantares de amor e de amigo que na Academia já eram letra morta.”

 

FOLHAS NOVAS! FAZ-ME RIR..." *

Folhas Novas!'', faz-me rir

esse nome que levais,

como se à moura bem moura

branca lhe ouvisse chamar.

 

Não "folhas novas", ramagem

de giestas e silva sois,

hirtas, como as minhas penas,

feras, como a minha dor.

 

Sem aroma nem frescura,

bravas, magoais e feris...

Se na gândara brotais,

como não sereis assim?

 

*   O poema refere-se ao título do livro folhas Novas. No penúltimo verso a palavra gândara significa charneca; também existe em português denotando solo adverso para a vegetação.

No 6° verso traduzimos toxos, planta áspera do mato, por giestas.

 

 

"AQUELE RUMOR DE CANTIGAS E RISOS..."

 

Aquele RUmor de cantigas e risos,

ir, vir, conversar;

aquele falar de coisas que passaram

e outras que passarão;

aquela, enfim, vitalidade inquieta

juvenil, tanto mal

me fez, que lhes disse:

"Vão e não voltem mais".

 

Um a um desfilaram silenciosos

por aqui e por lá,

como as contas rompidas de um rosário

se espalham pelo chão:

e o rumor dos seus passos que partiam

até mim com tal som veio ressoar,

que não mais tristemente

talvez ressoará

no fundo dos sepulcros

o último adeus que um vivo aos mortos dá.

 

E ao fim me encontrei só, mas tão sozinha,

que ouço da mosca o inquieto revoar,

do ratinho o roer terço e constante,

e do fogo o "tchis-tchas'',

quando da verde rama

o fresco sumo devorando vai,

parece que me falam, que os entendo,

e são meus companheiros;

e este meu coração lhes diz tremendo:

Não vão embora não!"

 

Que doce, mas que triste,

também é a solidão!

 

 

"AONDE IREI COMIGO?

ONDE ME ESCONDEREI?"

 

Aonde irei comigo? Onde me esconderei,

que já ninguém me veja e eu não veja ninguém?

 

A luz do dia assombra-me, pasma-me a das estrelas,

e os olhares dos homens na alma me penetram.

 

Pois o que guardo dentro em mim penso que ao rosto

me sai, como do mar ao fim um corpo morto

 

Houvesse, e que saísse!...; mas não, te levo dentro,

fantasma pavoroso dos meus remordimentos!

 

 

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2008. Ampliada e republicada em setembro de 2014.



Voltar para a  página da España Topo da Página Click aqui

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar