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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

JOSÉ ASUNCIÓN SILVA

(1865-1896)

 

 

Residió en Paris donde conoció a Oscar Wilde y entró en contacto con los simbolistas franceses y las ideas de Schopenhauer. Su obra aportó formas muy originales al modernismo, y dio a las formas y metros clásicos una renovada sonoridad. Sin embargo, todos los problemas económicos que sufrió lo indujeron al suicidio a una temprana edad (31 anos). Obra: Poesías (París, 1883 / Bogotá, 1896).

 

Em Paris, onde residia, Asunción Silva conheceu Oscar Wilde e entrou em contato com os simbolistas franceses e as idéias de Schopenhauer. Sua obra trouxe formas muito originais ao modernismo e deu às formas e metros clássicos uma renovada sonoridade. Suicidou-se aos 31 anos de idade devido a sérios problemas econômicos. Obra: Poesías (Paris, 1883 / Bogotá, 1896).

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL  /  TEXTO EM PORTUGUÊS

Tradução de Fernando Mendes Vianna

 

 

ASUNCIÓN SILVA, JoséObra completa.  Edción crítica Héctor H. Orjuela. Madrid: Scipione Cultural, 1997.  747 p.  ()Collecióin Archivos) ISBN 84-89666-06- 7  tapa dura, sobretapa  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

NOCTURNO III

 

Una noche,

Una noche toda llena de perfumes, de murmullos y de músicas de alas,

Una noche

En que ardían en la sombra nupcial y húmeda las luciérnagas fantásticas,

A mi lado, lentamente, contra mí ceñida, toda

Muda y pálida,

Como si un presentimento de amarguras infinitas,

Hasta el fondo más secreto de tus fibras te agitara,

Por la senda que atraviesa la llanura florecida

Caminabas,

Y la luna llena

Por los cielos azulosos, infinitos y profundos

Esparcía su luz blanca,

Y tu sombra

Fina y lánguida,

Y mi sombra

Por los rayos de la luna proyectada

Sobre las arenas tristes

De la senda se juntaban

Y eran una

Y eran una

iY eran una sola sombra larga!

iY eran una sola sombra larga!

Esta noche

Solo, el alma

Llena de las infinitas amarguras y agonías de tu muerte,

Separado de ti misma, por la sombra, por el tiempo y la distancia,

Por el infinito negro,

Donde nuestra voz no alcanza,

Solo y mudo

Por la senda caminaba,

Y se oían los ladridos de los perros a la luna,

A la luna pálida

Y el chillido

De las ranas.

Sentí frío, era el frío que tenían en la alcoba

Tus mejillas y tus sienes y tus manos adoradas,

Entre las blancuras níveas

De las mortuorias sábanas!

Era el frío del sepulcro, era el frío de la muerte,

Era el frío de la nada...

Y mi sombra

Por los rayos de la luna proyectada,

Iba sola,

Iba sola,

lba sola por la estepa solitaria!

Y tu sombra esbelta y ágil

Fina y lánguida,

Como en esa noche tibia de la muerta primavera,

Como en esa noche llena de perfumes, de murmullos

Y de músicas de alas,

Se acercó y marchó con ella,

Se acercó y marchó con ella,

Se acercó y marchó con ella... iOh las sombras enlazadas!

¡Oh las sombras que se buscan y se juntan en las noches de negruras y de lágrimas!...

 

 

NOTURNO III

 

Uma noite,

Uma noite toda cheia de perfumes, de murmúrios e de músicas de asas,

Uma noite

Na qual ardiam na sombra nupcial e úmida as lucíolas fantásticas,

A meu lado, lentamente, contra mim cingida, toda

Muda e pálida,

Como se um pressentimento de amarguras infinitas,

Até o fundo mais secreto das fibras te agitasse,

Pela senda que atravessa a planície florescida

Caminhavas,

E a lua cheia

Nos céus azulados, infinitos e profundos esparzia a luz branca,

E tua sombra

Fina e lânguida,

E minha sombra

Pelos raios da lua projetada

Sobre umas areias tristes

Do caminho se juntavam;

E eram uma,

E eram uma,

E eram uma única sombra longa!

E eram uma única sombra longa!

Esta noite

Eu só, a alma

Repleta das infinitas amarguras e agonias de tua morte,

De ti tão separado pela sombra, pelo tempo e a distância,

Por um infinito negro

Onde a nossa voz não chega,

Só e mudo

Pela senda caminhava...

E se ouviam os latidos dos cachorros para a lua,

A lua pálida

E o coaxar

De rãs e sapos...

Senti frio. Era o frio que tinham na alcova

Tuas faces, tuas fontes e tuas mãos adoradas

Entre as tão níveas brancuras

Das cobertas mortuárias!

Era o frio do sepulcro, era o frio da morte,

Era esse frio do nada... Minha sombra,

Pelos raios da lua projetada,

Ia só,

Ia só,

Ia só pela estepe solitária!

E tua sombra esbelta e ágil,

Fina e lânguida,

Como nessa noite morna de uma morta primavera,

Como nessa noite cheia de perfumes, de murmúrios

E de músicas de asas,

Acercou-se e foi com ela,

Acercou-se e foi com ela,

Acercou-se e foi com ela... Oh, as sombras enlaçadas!

Oh, as sombras que se buscam e se juntam pelas noites de negruras e de lágrimas!...

 

 

ENFERMEDADES DE LA NIÑEZ

 

A una boca vendida,
a una infame boca,
cuando sintió el impulso que en la vida
a locuras supremas nos provoca,
se dio el primer beso, hambriento de ternura
en los lábios sin frescura.
No fue como Romeo
al besar a Julieta:
el cuerpo que estrechó cuando el deseo
ardiente aquijoneó su carne inquieta,
fue el cuerpo vil de vieja cortesana,
Juana incansable de la tropa humana.
Y el éxtasis divino
que soñó con delicia
lo dejó melancólico y mohino
al terminar la intensa magia
y consiguió... una buena blenorragia.

 

 

DOENÇAS DA JUVENTUDE

 

A uma boca comprada,
a uma boca infame,
ao sentir o impulso que na vida
nos leva a loucuras extremas,
deu o primeiro beijo, faminto de ternura
nos lábios sem resistência, sem frescura.
Nada a ver como Romeu
beijou sua Julieta:
o corpo que apertou quando o desejo
ardente perfurou sua carne inquieta,
foi o corpo vil da velha cortesã,
Juana infatigável da tropa humana.
E o êxtase divino
que sonhou com delícia
deixou-o melancólico e amuado
ao cessar a lúbrica carícia.
Do amor não sentiu a intensa magia
e contraiu... uma boa blenorragia.

 

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PRIMERA COMUNIÓN

Todo en esos momentos respiraba
         una pureza mística:
las luces matinales que alumbraban
         la ignorada capilla,
los cantos religiosos que pausados
         hasta el cielo subían,
el aroma suave del incienso,
         al perderse en espiras,
las voces utleriores de otro mundo
         sonoras y tranquilas,
los dulces niños colocados junto
         al altar de rodillas,
y hasta los viejos santos em los lienzos
         de oscura, vaga tinta,
bajo el polvo de los siglos que los cubre,
         mudos se sonreían.

 

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PRIMEIRA COMUNHÃO

         Tradução de Ribeiro Couto


Tudo nesses momentos respirava
         uma pureza mística:
as luzes matinais que fulguravam
         na ignorada capela;
os cantos religiosos que pausados
         até o céu subiam;
 o perfume suavíssimo do incenso
         perdendo-se em espiras;
o coro de umas vozes de outro mundo,
         sonoras e tranqüilas;
a fila dos meninos de ar tão doce,
         ao pé do altar, de joelhos;
e mesmo os velhos santos, nas paredes
         de obscura e vaga tinta,
sob a poeira de séculos que os cobre,
         mudamente sorriam.

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Midnight Dreams

 

Anoche, estando solo y ya medio dormido,
mis sueños de otras épocas se me han aparecido.

Los sueños de esperanzas, de glorias, de alegrías
y de felicidades que nunca han sido mías,

se fueron acercando en lentas procesiones
y de la alcoba oscura poblaron los rincones

hubo un silencio grave en todo el aposento
y en el reloj la péndola detúvose al momento.

La fragancia indecisa de un olor olvidado,
llegó como un fantasma y me habló del pasado.

Vi caras que la tumba desde hace tiempo esconde,
y oí voces oídas ya no recuerdo dónde.

Los sueños se acercaron y me vieron dormido,
se fueron alejando, sin hacerme ruido

y sin pisar los hilos sedosos de la alfombra
y fueron deshaciéndose y hundiéndose en la sombra.
 

 

 

Extraído de
MUNDO MÁGICO: POESIA COLOMBIANA NO SÉCULO XX
Organização, tradução e revisão: Floriano Martins e Lucila Nogueira.

Recife: Bagaço, 2007.  416 p.  ilus.

 

 

Midnight dreams

 

Trad. Lucila Nogueira

 

         À noite, estando só e meio adormecido
meus sonhos de outras épocas eu via aparecidos.

Os sonhos de esperanças, de glórias, de alegrias
e de felicidades que nunca foram minhas

foram se aproximando em lentas procissões
e da alcova obscura povoaram os rincões

houve um silêncio grave em todo o aposento
e no relógio o pêndulo deteve-se um momento.

A fragrância indecisa de um aroma esquecido
chegou como um fantasma e me falou do passado.

Vi rostos que a tumba há muito tempo esconde,
e ouvi vozes ouvida já não me lembro onde.


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Os sonhos se acercaram e me viram adormecido
foram se afastando, sem me fazer ruído

e sem pisar os fios sedosos da alfombra
foram se desfazendo e fundindo-se na sombra.

 

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Juntos los dos

 

Juntos los dos reímos cierto día...

          ¡Ay, y reímos tanto

Que toda aquella risa bulliciosa

          Se tornó pronto en llanto!

 

Después juntos los dos alguna noche,

          ¡Lloramos mucho, tanto,

Que quedó como huella de las lágrimas

          Un misterioso encanto!

 

¡Nacen hondos suspiros de la orgía

          Entre las copas cálidas

Y en el agua salobre de los mares,

          Se forjan perlas pálidas!

 

 

          Juntos

         

          Juntos nós rimos certo dia...
                    Ai! e rimos tanto
          Que todo aquele rios barulhento
                    Logo transformou-se em pranto!

 

          Depois, juntos em certa noite
                    Choramos muito, tanto,
          Que restou como vestígio de lágrimas
                    Um misterioso encanto!

          Surgem profundos suspiros da orgia
                    Entre as taças cálidas
          E na água salobre dos mares
                    Forjam-se pérolas pálidas.

 

   (Tradução de Antonio Miranda)

 

 

Estrellas fijas

 

Cuando ya de la vida

el alma tenga, con el cuerpo, rota,

y duerma en el sepulcro

esa noche más larga que las otras,

 

mis ojos, que en recuerdo

del infinito eterno de las cosas,

guardaron sólo, como de un ensueño,

la tibia luz de tus miradas hondas,

 

al ir descomponiéndose

entre la oscura fosa,

verán, en lo ignorado de la muerte,
tus ojos... destacándose en las sombras.


 

Estrelas fixas

 

Quando já dessa vida
a alma tenha, com o corpo, rota,
e durma no sepulcro
essa noite mais longa que as outras,

 

meus olhos, que na lembrança
do infinito eterno das coisas,
guardarão apenas, como de um sonho,
a tíbia luz de tuas miradas fundas,

 

ao ir-se descompondo
dentro da escura fossa,
verão, no ignorado da morte,
teus olhos... destacando-se nas sombras.

 

                 (Tradução de Antonio Miranda)

 

 

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