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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



MARIA DE LOURDES ALBA


Maria de Lourdes Martínez Alba de Almeida Borges nasceu na cidade de São Paulo, em 1957. Aposentada, formada pós-graduada em Jornalismo.

Livros: Alrededor de la horas  (Montevideo: aBrace, 2008); Ao Redor das Horas (São Paulo: Scortecci, 1999); .Gotas na Face (Itatiba, SP: Berto Ediora, 2003), Sentimentos peregrinos (Campinas, SP: Ed. Komedi, 2005) 

 

 

Veja um video de MARIA DE LOURDES ALBA:

https://www.youtube.com/watch?v=s6rCemQ_JeI&feature=youtu.be&ab_channel=MARIADELOURDESALBA

 


TEXTOS EM PORTUGUÊS   /   TEXTOS EN ESPAÑOL

 

O tempo consome o tempo

E como dar um tempo

Se não temos tempo a dar

                                      

 

 

AO REDOR DAS HORAS    

 

Passam as horas

Lentas

E eu percebo cada segundo delas

Passando

Girando como a órbita da Terra

Redonda

Lenta

Imensa

E me exausto a sentir os minutos

Que custam a passar

E me custam

E lamento

Lamento ter que sentir

Cada segundo da Vida

A vida a cada segundo

 

E o tempo me consome

E eu consumo o tempo

E nós nos devoramos

Um ao outro

 

 

E para em nossa garganta

Gota a gota

Como torneira a pingar

Lenta

Lenta a se esvair

Lenta

Bem lentamente

                                                

 

 

REPOUSO

 

Eu conto

E no conto eu desconto

Eu relato  eu me abro

Desabafo

 

E no peso deste caminho longínquo

Não me acho

Me atraso

Nada traço

 

Deixo de conhecer o que desconheço

Deixo de pisar para nada desmoronar

Não   eu não vou

Nunca irei

Por onde nunca pisarei

 

 

 

CARDÁPIO

 

A tarde

Melancia

Laranja

Mamão

 

Mas doce

Doce mas

A jaca

A caja jaca

Do lanche

Da tarde

 

 

BRINCADEIRA

 

A bola solta no ar

Bate no muro

Faz barulho

A bola

 

Ela incomoda traz alegria

Há sempre uma criança atrás da bola

Criança crescida ou não

Há sempre um criança

 

O toc-toc da bola nos lembra

A criança que um dia

Morou em nós

 

Hoje quero que todas a crianças

Brinquem brinquem muito

Com a bola ou com o que seja

Caminho da felicidade

 

Como fui?

 

 

SOLTA ESCOLTA

 

Pisa pisa sai de risca

Rema volta traz a bola

Escola

Escolta esconde atrás do mundo

Retorna

         Traz à tona

                   De volta

                            Solta

 

 

 

Mórbida tarde

Te despejei meus sentidos

Mórbida vida

A tempestade se fez

Não se desfez

A vida se foi

Amargas ficaram

 

 

TU

 

O sol ilumina teus olhos

E teu coró resplandece de alegria

A juventude que trazes na pele

Te faz radiante

 

Não poderia teu corpo brilhar tanto

Se tua alma obscura fosse

O verão se faz verão em ti

Em teus cabelos

 

O teu sol

Que trazes dentro de ti

Ilumina e aquece o planeta

 

Não poderia o calor do sol

Arder tua pele em teu corpo

Que transluz o seu fulgor

Se apenas és o meio e o processo

Que aquecem o corpo e a alma

E que fenecem em todo o meu ser

 

 

ACOLHIDA

 

Nem mesmo o céu pode me acolher

Nem mesmo a água me matará a sede

Nem mesmo eu

 

E ando e vou

Sempre à frente

De um céu

Que não está no céu

Ou da água

Que não existe

 

A saliva

Nem mesmo a saliva me suaviza

Nem mesmo seus olhos

Que com seu encanto me desencantam

Pois nem mesmo o céu me acolherá 

 

 

 

 

NAVEGAR

 

A vida é navegar rumos incertos

Por mares abertos

Monótonos

A oscilar

 

Navegar

Belas paisagens além

Miragens de nautas

 

Nosso barco vai

E passa

 

Ponto perdido no tempo intemporal

 

 

 

 

SIMPLESMENTE

 

As flores estão condenadas

A simplesmente deixarem

De florir

 

A fauna está condenada

A simplesmente

Se extinguir

 

O céu deixou de ser azul

E simplesmente

Perdeu suas estrelas

 

O luar tão intenso

Simplesmente

Escureceu

 

Simplesmente

Que reflexo nos traz

Esta falta de mar

Esta falta de ar

Esta falta de terra

Esta falta de lar

Esta falta de amar

Esta falta de luar

Esta ausência estrelar

 

Esta falta de te amar

                               Simplesmente

 

 

 

 

ACABOU...    ACABOU?

 

O pão  a manteiga

O arroz  o feijão

O leite  o café

O aroma?

 

Acabou

 

Teu olhar   teu sorriso

Tua fala   tua boca

O amor?

 

Acabou

 

O relógio de ponto   a máquina de escrever

A caneta   o carimbo

O trabalho

A computação

A aflição?

 

Acabou

 

Os discos  as toalhas

O tênis   o papel

O vaso

E as flores?

 

Acabou

 

Tudo se extinguiu

Na chama infinita

 

Acabou

 

Acabou?

 

 

 

 

Mais três poemas do meu primeiro livro de Maria de Lourdes Alba
-— Ao redor das horas.   Scortecci, 1999:

                                                                       

 

 

 

 

 INFINITO

 

No horizonte perdido

No mundo de sonhos

No azul do além

Vivo em transe

 

Nas profundezas do mar

No mundo escuro profundo

Negror da escuridão

Te achei

 

Nos barcos a caminho do nada

No chão batido e seco

A chuva que bate e o molha

Te transformou em barro da terra

 

Cada dia  cada dia

Cada momento a ansiedade que aumenta

Sinto que a vida me mata

Liga-me de vez ao teu visgo

 

Pobre mundo pacato

Que me prende à aridez da terra

Que me leva às profundezas

Da terra estorricada

Banhada da chuva

Do nosso amor

 

 

 

 

               NESTA NOITE

 

Nesta noite os lençóis

Serão leves

Como plumas a voar

 

Neste leve som de harpa

O toque vem acalmar

Nossos lábios se tocar

 

Nesta noite os lençóis

Serão leves

Como plumas a voar

 

Os teus olhos vão clarear

A noite escura

E pura

Os teus cabelos vão se soltar

O teu corpo já está

A suar

 

Nesta noite os lençóis

Serão leves

Como plumas a voar

 

Eu vou sentir

Nossos corpos se entrelaçarem

Num só corpo

Numa só alma

A caminho do infinito

 

Nesta noite os lençóis

Serão leves

Como plumas a voar

 

O ar vai esquentar

E nossos corpos flutuarão

Em brisas

Em mar

Em ondas

A velejar

 

Nesta noite os lençóis

Serão leves

Como plumas a voar

 

E o céu descerá sobre nós

Voltaremos do infinito

O teu corpo e o meu corpo

Levitarão em paz

 

Nos lavará o rio

Nossas almas em suas águas

 

E todos os pássaros

Cantarão todas

As canções

 

E todas as aves

Voarão

 

E todas as bocas

Hão de sorrir

Unidas

 

Nesta noite

                    Só nesta noite

 

                                                

 

 

VIDA

 

Vou levando a vida

Em ruínas

Passo a passo

Eu passo a caminhar

No paço

 

Vou levando a vida

Em cada passo largo amplo distante além

Vejo você

Como uma estrela guia

A me direcionar submissa

 

E vou vivendo

A desejar o suor do seu corpo

Todo dia

A procura do seu calor

Para me aquecer

Para despir-me de mim mesma

 

E pela manhã o cansaço

Descansado levita

 

Sinto desejo de você

Que todo dia é dia

E todo dia que é dia sinto

Desejo de você

E então vou e voo

Vou levando a vida

 

Vivendo vou

Vendo vivendo

A vida

A viver

 

PAZ 

 

Onde a paz estaria

Senão no teu olhar

Onde os lábios pousariam

Senão nos lábios teus

Após o teu cantar

 

 

Os pássaros te ensinaram

A dançar e rodopiar no ar

Sem nem saberes voar

 

 

E nessa imensidão azul

Sem início sem meio sem fim

São os teus olhos que brilham

Tal como a vida ousaria brilhar

                                                           

 

  

SURGIU 

 

Surgiu...

             

Como  saindo

                                  De  uma flor

                                                                   A o desabrochar

 

 

        Abriu um sorriso

                               Invadiu meu coração

 

 

Tão leve quanto a brisa fria da manhã

Prenunciando novo dia

 

 

Como os teus olhos

Tua face macia

Que tanto acaricio

 

 

 

É só o que dá sentido

À minha existência

                              

                               

  

MEDO

 

Medonho é este medo

Que mede meu passo andarilho

Que repreende minha exaltação

Que me deixa sem saber o que fazer

 

 

Ai  Que medo

Que me coloca num entrelaçar

De teias de aranhas

Não há como escapar

 

 

Ai  Que medo

Que me dói tanto

Na minha desesperança

 

 

Ai  Que medo

Que mede até meus limites

Que me sacaneia

Que me reprime

Que me espreme

 

 

Medo

Medonho

 

 

Que medo sinto do medo

 

 

        VEJAM TAMBÉM O VIDEO:

https://www.youtube.com/watch?v=pv_d9TDd52g

 

 

 

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Traducción de Tirzah Ribeiro

 

        

 

         El sol ilumina tus ojos

         Y tu cuerpo resplandece

         La juventud que traes en la piel

         Te hace radiante

 

         No podría tu cuerpo brillar tanto

         Si tu alma fuera oscura

 

         El verano se hace verano em ti

         En tus cabellos

 

El sol

         Que traes

         Ilumina y calienta el planeta

 

         No podría arder el calor del sol

         En tu piel en tu cuerpo

         Que trasluce tu fulgor

         Si apenas fueras el médio y el proceso

         Que calientan el cuerpo y el alma

         Y se marchitan em todo mi ser

 

 

ACOGIDA

 

Ni siquiera el cielo puede acogerme

Ni siquiera el agua matará mi sed

Ni siquiera yo

 

Y ando y voy

Siempre adelante

De un cielo

O del agua

Que no existe

 

La saliva me suaviza

Ni siquiera tus ojos

Que com su encanto me desencantan

Pues ni siquiera el cielo me acogerá

 

 


 

INIMIGO RUMOR – revista de poesia.  Número 19  –
2º SEMESTRE 2007.
Editores: Carlito Azevedo,  Aug1usto Massi.  
Rio de Janeiro, RJ:  Viveiros de Castro    Editora, 2007.  166  p.   ISSN  415-9767.                      Ex. biblioteca de Antonio Miranda 

 

SILÊNCIO

 

Eu queria ter a coragem
De lhe falar tudo e todas as coisas
Mas me calo

Tenho vontade de planejar o mundo
Partilhar mais planos contigo

Mas me calo

Soltar-me

Libertar-me para expressar intimidades

Mas me calo

Desenrolar

Expor tudo que sinto

Após os carinhos seus

Mas me calo

Dizer na tua distância

Como sinto tua falta

Silencio

 

E o silencio me impede de ser mais solta contigo

             

ACRÓSTICO NATALINO

 

 

Na metamorfose da vida

Acendeu-se a chama da esperança

Trazendo consigo a luz

Alumiando a todo instante

Leve como um sopro de vida

                                                                                   

 

 

 

 

 

MINHA CASA

 

Eu vou me casar

E vou ter a chance

De ter meu o que é meu

 

Vou pensar por mim

Pensar por nós

Vou deixar de lado

As tristezas

A desilusão

Os temores

 

Vou ter minha casa

Vou pisar no meu chão

Vou amar o meu homem

Vamos comer o mesmo pão

                                                                       

 

 *

Página ampliada em dezembro de 2023

 

Página publicada em junho de 2008; ampliada em janeiro de 2019; ampliada e republicada em outubro de 2020





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