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JOSÉ DE ANCHIETA


(1534-1597)

 

Poeta, humanista, apóstol, filólogo e historiador. Español de nacimiento, llegó al Brasil en 1553, acompañando a Duarte da Costa, el segundo Governador General del país.

Publicó en Coimbra su Arte de Gramática de Lengua Mais Usada na Costa do Brasil (1595).

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

A Santa Inês

 

I

 

Cordeirinha linda,

como folga o povo

porque vossa vinda

lhe dá lume novo!

 

Cordeirinha santa,

de Iesu querida,

vossa santa vinda

o diabo espanta.

 

Por isso vos canta,  

com prazer, o povo,

 porque vossa vinda

lhe dá lume novo.

 

Nossa culpa escura

fugirá depressa,

 pois vossa cabeça

vem com luz tão pura.

 

Vossa formosura

honra é do povo,    

porque vossa vinda

lhe dá lume novo.

 

Virginal cabeça

pola fé cortada,

com vossa chegada,

já ninguém pereça.

 

Vinde mui depressa

ajudar a pava,

pois com vossa vinda        

lhe dais lume novo.

 

Vós sais, cordeirinha,

 de Iesu formoso,

mas o vossa esposo

já vos fez rainha.

 

Também padeirinha

sais de nosso povo,

pois, com vossa vinda,

lhe dais lume novo.

 

II

 

Não é d'Alentejo

este vasso trigo,

mas Jesus amigo

é vosso desejo.

 

Morro porque vejo

 que este vosso povo

não anda faminto,

deste trigo novo.

 

Santa padeirinha,

morta com cutelo,

sem nenhum farelo

é vossa farinha.

 

Ela é mezinha

com que sara o povo,

que, com vossa vinda,

terá trigo novo.

 

O pão que amassastes

Dentro em vossa peito,

é o amor perfeito

com que a Deus amastes.

 

Deste vos fartastes,

 deste dais ao povo,

 porque deixe o velho

polo trigo novo.

 

Não se vende em praça

este pão de vida,

 porque é comida

que se dá de graça.

 

Ó preciosa massa!

Ó que pão tão novo que,

com vossa vinda,

 quer Deus dar ao povo!

 

Ó que doce bolo,

que se chama graça!

Quem sem ele passa

 é mui grande tolo.

        

Homem sem miolo,

qualquer deste povo,

que não é faminto

deste pão tão novo!

 

III

 

CANTAM:

Entrai ad altare Dei,

virgem mártir mui formosa,

pois que sois tão digna esposa

de Iesu, que é sumo rei.

 

Debaixo do sacramento,

em forma de pão de trigo,

vos espera, como amigo,

com grande contentamento. Ali tendes vosso assento.

 

Entrai ad altare Dei,

virgem mártir mui formosa,

pois que sois tão digna esposa

de Iesu, que é sumo rei.

 

Naquele lugar estreito

cabereis bem çom Jesus,

pois ele, com sua cruz,

vos coube dentro no peito,

ó virgem de grão respeito

 

Entrai ad altare Dei,

virgem mártir mui formosa,

pois que sois tão digna esposa

de Iesu, que é sumo rei.

 

 

(De Poesias)

 

Extraído de POESÍA BRASILEÑA COLONIAL.  Traducción y prólogo de Ricardo Silva-Santisteban. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1985.  117 p. (Tierra Brasileña. Poesía 23)

 

 

PELAS LETRAS DO ALFABETO

 

Si bem considero, tu, ó santa virgenzinha,

és a Arvore da vida,

fértil de frutos eternos,

cujas raízes se escondem nas entranhas da terra,

cujas franças sublimes chegam às estrelas do céu,

Cujos braços sombreiam o nascente e o poente,

e tudo abrigam de um ao outro pólo.

Sob tuas ramagens proteges tudo o que respira:

amam tua sombra os homens,

amam-na as próprias feras.

Aos bons tu dás a sombra de tua paz

e aos maus que se achegam não negas teu frescor.

Eis que de contínuo me abrasa o fogo das paixões:

em tuas largas ramagens,

acolhe-me, ó árvore toda amenidade:

oxalá possa eu, qual celeste avezinha,

Desferir radiante nos teus ramos

trinados divinos,

Quais soltam em inesgotável melodia

os que teu amor incendeia

na fornalha do coração.

São esses que tanto gostam de sondar

os abismos de tuas virtudes

medindo os passos pêlos teus vestígios.

 

Tu és o Báculo,

que susténs as débeis forças

e não deixas cair no laço os pés vacilantes.

Não tema desgraça quem em ti se apóia e firma,

quem confia a. tua guarda corpo e alma.

Olha como todo se esvai o meu vigor,

como os joelhos fracos me vacilam:

estende-me teu braço

para que estes pés trementes não resvalem.

 

Tu és a Colina,

onde fértil floresta reborbulha em fontes,

onde o cheiroso incenso, do tronco, lacrimeja.

Este odor refocila os vivos e restitui à vida

os que arrebatou a morte inexorável.

Ele sarou minha alma

corroída pêlos vermes infernais

e levantou meu rosto do lodaçal infecto.

 

És o Depósito de água viva

Donde decorrem para todo o mundo

os canais da divina fonte.

Como de manancial inesgotável

de ti deriva o celeste e transbordante arroio,

que pêlos campos estéreis se derrama.

Mergulha-me, eu te rogo, nessas águas vitais,

para que o fogo infernal não me torre as entranhas.

 

És a verdadeira Efígie,

és o retraio da divina formosura,

cujo esplendor eterno refulge em teu semblante.

Nela como em terso espelho se refletem

a perfeição, a inteligência, as virtudes todas

do Ser onipotente.

Imprime em nosso coração, ó Imaculada,

a formosa imagem de tua vida casta!

 

És o Fogo celeste,

que carbonizas com chama veloz os nossos crimes

e abrasas no inferno a Lúcifer vencido.

 

O teu nome, ó Virgem,

desbarata, aterra e precipita no abismo

as coortes do mal.

Teu nome, ó Maria, ao desencadear-se a guerra,

ser-me-á raio que prostra, dardo que fulmina.

 

           És a Gema da pérola,

que vences em fulgor os afogueados rubis

e fazes relampejar o áureo palácio de Deus.

És a jóia refulgente que não tem preço: 1

Toda a sua beleza haurem de ti o céu e a terra.

Tu bordas de reflexos deslumbrantes

os corações que te amam

e os fazes dignos do olhar dadivoso de Deus.

 

Tu és a Infusa

que derramas torrentes de óleo benéfico

e enches de substancioso licor todos os vasos.

Com ele paga o triste devedor as suas dívidas,

dele tira com que viver eternamente.

Tornas-me rijos para a luta os membros enfermiços,

ungindo-os com o óleo da piedade.

 

Tu és o Jáculo

que nos cravas amorosamente o peito

e nos rasgas o coração para o sarar;

rompes a muralha da nossa fronte,

abrindo largas brechas com a luz do teu olhar.

Quem tu fixares com os pequeninos olhos,

cheios de mansidão,

gemerá para logo trespassado pela espada.

                  

Tu és a Lua,

cujo resplendor desconhece fases,

enchendo perpetuamente o disco fulgurante.

Tu luzes para os que andam em trevas,

iluminando-os serena na escuridão da noite.

Quem medir os passos pela tua luz

estará contente ao descambar da vida.

 

Tu és um Mar imenso:

maior que o imenso abismo, escondes em teu seio

exércitos inumeráveis.

Vagueiam entre os peixinhos os grandes cetáceos

e todos vivem seguros sob o manto que os cobre.

Aos teus domínios os bons se acolhem, e os próprios maus
quando suplicam a tua misericórdia

não os repeles.

 

Tu és a Nau

que nenhuma vaga do oceano arrasta,

que nenhum turbilhão dos ares despedaça.

Em teu convés perfaz o navegante

tranquila derrota

e pisa com alvoroço o litoral da pátria.

Tu és o Obstáculo:

tu cerras as portas do santuário,

para que os touros indómitos não profanem

os sagrados altares,

A ti não forçarão jamais nem as portas do inferno

nem, com deslumbramentos, o pérfido heresiarca,

Pecha-nos, ó Mãe, com robustos ferrolhos,

as entradas do coração,

para que só a Deus fiquem patentes.

 

Tu és o Porto tranquilo,

a enseada segura dos navios,

batidos pela fúria do mar enlouquecido.

Eis que a minha barquinha,

a braços com medonha tempestade,

a ti se acolhe já. ao pôr do sol,

com o remeiro alquebrado.

Agora que o mármore do mar se eriça contra os ventos

estende-me tua mão, Virgem bondosa,

para que não pereça.

 

És a Quadriga de Deus,

que incitada do justo furor divino

esmagas entre rodas as falanges inimigas.

Com o escudo da fortaleza,

com o raio da irada justiça,

sepulta os exércitos que se erguem contra mim.

 

Tu és a Rosa,

que entre espinhos nasceste sem um risco,

no esplendor eterno da eterna primavera.

Não te machuca o inverno com seu frio de agulhas,

nem te murcha o estio com um sol de brasas.

Tua floração perpétua,          íï

que há de consolar nossos primeiros pais,

ornará sempre nova seus últimos descendentes.

 

Tu és Selo, Sinal, Sol, Seta, Salvação

da justiça, da fé, da luz, do amor, da terra!

Imprime, ó Mãe, tua justiça;

com o sinal da fé comanda os arraiais que pelejam;

derrama as riquezas da eterna luz;

asseteia-me o peito de divino amor,

e mostra ao mundo no Templo do Senhor

o caminho da salvação!

 

És o Teto protetor   
contra o calor do sol causticante,

contra o gelo do inverno e o frio da neve;

o Tecido de folhas,

em que Adão esconderá sua ignomínia

e nossa mãe Eva cobrirá a vergonha do seu pecado.

Em ti, minha alma e corpo esfarrapados

acharão abrigo

e se tornarão agradáveis ao Criador.

 

Tu és a Vara

que germinou da raiz de Jessé,

vara isenta de nós, vara isenta de asperezas:

Os nós são o ferrete do primeiro pecado

que tu não herdaste,

as asperezas são as culpas próprias que não tens.

Fazendo dessa vara açoite, vergastarás

o tirano infernal

e o expulsarás da casa mal havida.

 

Também a teus filhos

tu castigas com golpes compassivos

e depois os acalentas com teu materno amor.

 

O vara piedosa,

inclina-te frequentemente sobre meu dorso:

ser-me-á doce suportar os golpes de tua mão.

Fere, não me perdoes:

Estão a pedir castigo minhas culpas...

Fere, não me perdoes: tudo contente sofrerei!

Se aos teus prediletos mais feres quanto mais amas,

fere-me sem medo,

para que eu seja teu sem restrição!

Bate-me! não temo sucumbir sob esta vara:

jamais alguém recebeu a morte de tua mão.

Tu castigas curando e curas castigando:

de tuas mãos escoa a vida pêlos membros mortos.

O vara sagrada, crescerás sem medida

até tocar os astros com a ponta intata!

 

 

 

(Transcrito de De Beata Virgine- Dei Matre Maria-, por MR, p. 348.)

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Traducción de

Ricardo Silva-Santisteban

 

 

A Santa Inés

 

I

 

¡Corderita linda,

cómo goza el pueblo

pues que tu venida

le da nuevo fuego!

 

Corderita santa,

de Jesús querida,

tu santa venida

hasta al diablo espanta.

 

¡Por eso te canta

con placer el pueblo,

pues que tu venida

le da nuevo fuego!

 

Nuestra culpa oscura

huirá de prisa,

pues que tu cabeza

viene con luz pura.

 

Tu gran hermosura

es honra del pueblo,

pues que tu venida

 le da nuevo fuego.

 

Virginal cabeza

por la fe cortada,

que con tu llegada

ya nadie perezca.

 

 

Ven ya muy de prisa

a ayudar al pueblo,

pues con tu venida

le das nuevo fuego.

 

Eres corderita

de Jesús hermoso,

y como es tu esposo

eres ya la reina.

 

Ya panaderita

eres de tu pueblo,

pues, con tu venida,

 le das nuevo fuego.

 

II

 

No es del Alentejo

aqueste tu trigo,

mas Jesús amigo

es tu gran anhelo.

 

Muero porque veo

que este nuestro pueblo

no discurre hambriento

deste trigo nuevo.

 

Tú, panaderita,

muerta con cuchillo,

ya ningún afrecho

posee tu harina.

 

Eres gran remedio

con que sana el pueblo,

que, con tu venida,

tendrá trigo nuevo.

 

El pan que amasaste

dentro de tu pecho,

es amor perfecto

con que a Dios amaste.

 

Deste pan te hartaste,

deste das al pueblo,

porque deje el viejo

por el trigo nuevo.

 

No se vende en plazas

este pan de vida,

pues que es la comida

que se da de gracia.

 

¡Oh preciosa masa!

¡Oh que pan tan nuevo

que, con tu venida,

Dios ofrece al pueblo!

 

!Oh que dulce tarta,

que se llama gracia!

Quien della no se harta

es porque es un sandio.

 

Es hombre sin seso,

alguien deste pueblo

que no lleve hambre

deste pan tan nuevo.

 

 

III

 

CANTAN:

Entrai ad altare Dei,

virgen mártir muy hermosa,

 porque eres tan digna esposa

de Jesús, que es sumo rey.

 

Debajo del sacramento,

en forma de pan de trigo,

te espera Dios como amigo,

con grandísimo contento.

Allí tienes gran asiento.

 

Entrai ad altare Dei,

virgen mártir muy hermosa,

porque eres tan digna esposa

de Jesús, que es sumo rey.

 

En aquel lugar estrecho

entrarás bien con Jesús,

pues es él, con su grave cruz,

abrigo encontró en tu pecho,

oh,virgen de gran respeto.

 

Entrai ad altare Dei,

virgen mártir muy hermosa,

porque eres tan digna esposa

de ]esús, que es sumo rey.

 

 

(De Poesías)

 

Extraído de POESÍA BRASILEÑA COLONIAL.  Traducción y prólogo de Ricardo Silva-Santisteban. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1985.  117 p. (Tierra Brasileña. Poesía 23)

 

 

Al santísimo sacramento

 

         Traducción de Francisco Soto y Calvo

 

¡ Oh qué pan ! ¡ Oh qué comida !

I Oh qué divino manjar

Se nos da en el altar

Cada día!

 

Tú de la Virgen María

Hijo que Dios nos mandó,

Y por nos en cruz murió

Cruda muerte :

 

Tú i)or quien se nos convierte

Cual lo dice el sacramento

Para darnos con su aliento

Su esencia :

 

Eres la divina ciencia :

El manjar de luchadores;

Galardón de vencedores

Esforzados.

 

Deleite de enamorados

Que con sabor de tal pan

Dejando el deleite van

Transitorio .

 

Quien pretenda ser notorio

Victorioso haya el sustento

De este puro sacramento

Divinal :

 

Kl nos da vida inmortal;

Toda hambre humana nos quita

Y Dios en el hombre habita

Con luz pura.

 

Fuente de toda ventura

Todo por ef sublimado

No hay nadie ya desdichado

Ni hay pecar.

 

¡Olí qué divino manjar;

Tiene todos los sabores. . .

Venid pobres pecadores

Al llamado.

 

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

 

JESUS NA FESTA DE S. LOURENÇO

 

Drama sacro

 

[ No 2º. Ato entram três diabos que querem destruir a aldeia
com pecados, resistem S. Lourenço e Anjo da Guarda, livrando
a aldeia e prendem aos diabos cujos nomes são: Guaixara, Aimbiré
e Saravaja, criados do Rei.)


GUAIXARA

Sou príncipe de gran virtude,
Eu sou bem aventurado,
Ainda que esteja mui quente
Que me embrulhe a minha terra
Quem esta ousadia
Eu só
Sou possuidor desta aldeia.
Por toda a parte a rodeio,
Sou de todos estimado
E daqui vou para donde
Outra aldeia tenho minha.
Quem será como eu sou?
Terá tão grande memória?
Sou o grande demônio assado
Guaixara, gran presidente,
Aqui não há outro como eu.
Eu sou o mais gentil homem.
Não quero que ninguém me queime
Não quero afligir ninguém.

 

Quero só de graças ter
Estas aldeias por mim.
É boa cousa ter capacidade
Para governar este filhos,
Eu a todos quero muito,
E a todos falo bem,
E como pai lhes assisto,
Eu sou quem os defende
Do pequeno e mal grande,
E nos corações lhes insinuo
Que se destruam com guerras.
Também a dansar ensino,
Ensinemos a ter amigas,
Porque fiquem às escuras
Ensino-os a quem ferirem,
E os que venham a matar,
Ensino-os a comer muito,
E que pequem mortalmente,
Que assim sou grande senhor,
Nem conheço outro domínio
Pois fazem o que lhes ensino


AIMBIRÉ

 

Eu ainda que esta gente
Pelo que imagino e creio,
Ou me engana o coração,
Hoje aquele padre mau
Pregar a Deus lhes veio,
E aí está.
Ajudai-me, meus parentes,
E andai sempre comigo
E junto de mim obrareis.
Bom governador Aimbiré
Para fazer pecar todos.

Senta-se em uma cadeira e vem uma velha adorá-lo e ele
ajuda-a como o fazem os índios, e ela depois de adorá-lo
achando-se enganada diz: —

VELHA

 

In: que isto? Este é Demônio
Eu estava enganada, e ele fede.
Eu te renego, Demônio!
Não me atrevo olhar para ele
Porque está muito horrendo.
Fala com ele
Vós sois cousa mui ruim
Hoje não de esquecerei
Eu bastio para que todos
Os que estão aqui comigo
Vamos fugindo daqui.

....................................

 

      

       GUAIARA

 

Vem cá doudo,
Pregoeiro do Altíssimo,
Obedece que eu te mando
Vem em minha companhia,
Ficaste como bicho mau.
Saiamo-nos desta aldeia,
E vem, não sejas mofino,
Vamos por aí perverte-los.

          AIMBIRÉ

Meu príncipe, eu já encontrei
O sinal deste potentado.

GUAIXARA

E que é êle?

           AIMBIRÉ

 Lourenço, santo formoso
Que junto de Deus está.

GUAIXARA

Donde está Lourenço em grelhas,
Nosso semelhante assado?

            AIMBIRÉ

Aí está.

GUAIXARA

Descansa, por que não é certo
Esse sinal que me dizes.
Mas hoje o porei nas grelhas
Porque sou seu semelhante
E também aqui estou vivo.

Aquela nota minha antiga
Bem a ouvi praticar
Por que é uma enredadora
Ela não falte hoje aqui
Porque em toda a parte a vejo.

AIMBIRÉ

Não seguirei teu conselho.

GUAIXARA

Lembra-te do que te digo
Hoje não há outro aqui,
Quem é que será como eu?
Pode Deus acaso tudo?

AIMBIRÉ

Cala-te aí devagar
Que Deus te abrasa com fogo
E para sempre arderas...
Olha para a antiguidade!
Guaixara enredador,

Vês muitas embarcações
A que ele mesmo ajudou
E não quis se perdessem?
Pois, eram gente branca,
E esse Sebastião
Te fará gritar no fogo
Para padeceres lá
Como os mais que estão penando.

 

            GUAIXARA

Creio que aí estão brancos,
Vamos fazê-los pecar...
E aquela minha neta
Que debalde crê em Deus
A mim é que há de amar.
Vou ensinar-lhe a maldade
Com o que possamos matar
A sua alma, isto basta
A esta cabeça de motim
Levemos juntos conosco.

S. LOURENÇO

Que coisas buscais vós?
Aqui está minha terra.

 

             GUAIXARA

O amor dessa gente
Querendo-lhe os corações
Com isto descansaremos
Que é cousa que mais estimo,
E também que me amem todos.

S. SEBASTIÃO

Quem foi o que antigamente,
Ou pra que fim o amor
Esta gente se criou?
Não criou Deus estes anjos,
E estas almas também,
Para todos mos louvares?

 

 

   Versão Arianes – Melo de Morais  - original em tupi –
a tradução portuguesa é do Padre D. JOÃO DA CUNHA.

PRIMEIRAS LETRAS – Edição da Academia Brasileira, sem data.

 Página ampliada e republicada em dezembro de 2008



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