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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


EUSTÁQUIO GORGONE DE OLIVEIRA

EUSTÁQUIO GORGONE DE OLIVEIRA 

   Nasceu em Caxambu, Minas Gerais em abril de 1949. Licenciado em Letras e Pedagogia, sua obra  poética encontra-se publicada  em diversas revistas e jornais do país  e distribuída por  onze livros.  

   Participou da Antologia da nova poesia brasileira, organizada por Olga Savary, bem como da edição especialmente dedicada  ao Brasil  pela International Poetry review, publicada pela  Universidade da Carolina  do Norte (USA). Recentemente  sua poesia foi incluída na coletânea A poesia mineira do  século XX, organizada por Assis Brasil.  

  Tanto reproduz alguns trechos de PASSAGEM NA ORFANDADE, que em 1998 obteve menção honrosa no  "Prêmio Cruz e Souza de Literatura".
Fonte: http://www.tanto.com.br/Eustaquio.htm  

PORTUGUÊS  EN ESPAÑOL  /  IN ENGLISH 

3

Os homens se ajeitam nos ofícios
como os corpos nas exéquias.
Em suas casas acendem círios
em brilhantes aparelhos.
E no sono a roca persiste.

Ah! Amoráveis pessegueiros,
folhas amarelas e marcescíveis.
Para os homens o céu de julho
é o mesmo céu de dezembro.
Todos em glebas se acomodam
e nada colhem dos labores.

From: HELICOPTERO, V.3-4, 2000, Eugene, Oregon, EE.UU. (The newspapers directors are professors of the Romance Dept. Languages, University of Oregon.)


 a poesia vai sendo assim
escrita, caro-santo no
estômago. Aos poucos,
outra luz na noite,
azul que costura no corpo
das crianças. Em glebas,
os fonemas se encontram,
os amargos e os mai doces.
A poesia vai sendo assim
escrita. Enquanto
houver tardes, âmbulas,
cada palavra será guardada
em óleos santos.


AMOR METÁLICO

Sei que quando te amo
não há falsos sudários
e
estrela maiores do céu
amamentam as pequenas
e
anjos regentes do mundo
desfazem a programada  via-sacra
e
os sonhos-assaltantes se capitulam
como dois mosteiros vazios
e
a pia batismal purifica
o desejo vindo do corpo
e
santos refazem os milagres
devorados pelo tempo
e
os cabelos sobem no barco
que desce entre os espermas.


NOVOS POEMAS

Não me aterroriza a tua falta
               mas o vazio das palavras.
Da  ausência posso retirar imagens
e pôr nos carretéis
os abraços.
Das palavras, tudo é em vão.
Um pássaro doente, voando,
diz mais do que eu.
Por isso tua ausência
é o eclipse menor.
Ela pouco me fere.
É uma cidade inteira
que, imóvel, me persegue.

As palavras, sim, inflamam o corte.

As pedras não indagam.
No silêncio, guardam definições.
Sem a pegajosa angústia,
o tempo passa por elas.
Os sinais das chaminés
cristalizam nosso inverno.

Cada qual em seu bridão,
enredamos a vida com palavras.

            
Extraídos da antologia OIRO DE MINAS a nova poesia das GERAIS. Seleção de Prisca Agustoni.  S. l.: Pasárgada; Ardósia, 2007. 


GORGONE, Eustáquio.  Delirium tremens.  (Poesia)  Rio de Janeiro:  Editora Pongetti, 1974.   58 p.  14x21m5 cm.   Capa: desenho do autor. “Orelha” do libro por Marcos Konder Reis.  Col. Bibl. Antonio Miranda

 

DEO GRATIAAS

1

 

Tua inteligência sopra, no céu, para longe,

As pipas de Jesus crucificado,

E as igrejas se quebram como biju

Quando procuras dar respostas aos mistérios.

Por que as chagas de Cristo

São mais vivas que as beterrabas?

                    Creia, "prima fácie",

Que os joelhos foram feitos para caírem,

E os santos pintados a óleo existem     

Para colorir as ruas escuras.

Quando a dúvida castanholar em teus ouvidos,

E as trinta moedas de Judas soarem

No teu sono, enfia teu rosto na Bíblia,

Reza junto à luzinha do Santíssimo,   

E cuida que o Antigo e Novo Testamento

Permaneçam embaraçados em teus cabelos.

 

 

 

DEO GRATAS

 

2

 

Lembra dos maribondos no rosto de Cristo

 

enquanto tu

Carregas apenas cruzes de andorinhas.

Não queixes em vão, minha filha!

Também a face lilás de N. Senhora

Passou entre os suínos do vilarejo

E viu o vento rir nos mandiocais.

O que tu sentes, minha filha, não é mais

Que uma pedra em teu calcanhar,

Um tropel de cavalo no teu sono,

Uma onda que fugiu do mar e sobe a colina.

Minha filha, tua esqualidez é natural,

E a galhofa que ora brota em tua tez

É uma mancha da idade que logo passa.

Tu não deves revoltar contra os sinos,

Nem tomar por caminho as vozes alheias,

Fazendo delas o rio da vida.

Pensa nas igrejinhas que mancam

No alto das montanhas.

 

 

 

DEO GRATIAS

 

3

 

Sei que tua alma queima de incertezas

                                       e teus pés

Mal podem caminhar sobre as pedras.

Sei que teu cérebro lança nódoas

Em tua primeira comunhão e o mundo

Gira em tua volta muito rápido.

(Às vezes, mais veloz que uma pulseira

nas mãos de um ourives.)

Porém, se fores até uma capela

Encontrarás os bancos sujos e tuas mãos

Podem afagar as flores do altar.

E, fazendo essas pequenas obras,

Encontrarás de novo o sol e a lua

Brilhando suas madeixas no seio dos lagos.

Assim, ainda ouvirei de tua boca:

— "Como são bonitas as berinjelas

que nascem no coração de Deus!"

 

 

OLIVEIRA, Eustáquio Gorgone de.  Tear de Imagens (poemas 1974-1990).  Caxambú, MG: Edições D´Lira, 1990.  84 p.10,5x20 cm.  “ Eustáquio Gorgone de Oliveira “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

A RESSURREIÇÃO

 

1

 

Por detrás da mesa,

seu corpo subia.

Olhos semicerrados,

e na boca um ninho

de querubins.

Aos poucos, ele se erguia

da cerâmica fria do piso.
E uma nova claridade

entrava no recinto.

Enquanto anjos separavam o corpo

da sua alma de asno,

virgens de cebola nasciam

nos olhos das pessoas.

Glória! Para o alto

o tempo é Infinito.

Longo mandato, maçã

que jamais apodrece.

E haverá sempre flores na mesa.

Sim, um corpo ressuscitado

também é uma flor sem talo.

E passa toda a eternidade

na contracapa do mundo.

 

 

2

 

Visto uma camisa

molhada em álcool.

Quando me queimo,

inundo o plenário

com luz esverdeada.

Meus eleitores adoram

fogos de artifício.

Afinal, eu tenho segredos

dos velhos salmos.

Brilho mais que o sol,

sou ator e atriz das leis.

No próximo ano serei

o escolhido para renascer.

Queimar pela última vez

o cipreste seco da consciência.

Deixar o mundo, os rios,

o croché das ruas.

Ninguém verá meu rosto

de véus,

e cavalos não poderão urinar

na minha estátua celeste.

 

 

 

OLIVEIRA, Eustáquio Gorgone deOssos naives.  Rio  de Janeiro: 7Letras; Juiz de Fora, MG: FUNALFA Edições, 2004.  98 p.  12x19 cm. “Prêmio Cidade de Juiz de Fora – Literatura 2004”      “ Eustáquio Gorgone de Oliveira “ Ex bibl. Antonio Miranda

 

natureza morta

                              corpos inertes.
                    na caixa de pintura
                    frascos panos tubos
                    óleos e pêlos da noite.
                    as maçãs de pura cera
                    sabem o que faríamos
                    se o tempo permitisse
                    a mobilidade.

porque não
usar rosto
mui claro em pinturas.

                    o arqueamento pode se dar
                    entre os supercílios
                    e a tristeza vir à tona.

                    sob as sombras de face interna
                    o escuro pode alargar-se.

                    é inútil trabalhar os solventes
                    quando a secura dos lábios
                    espalha-se na luz dos olhos.

                    recomenda-se pano virgem
                    que nunca foi tingido
                    ou linho em trama firme
                    que suporte o sofrimento
                                         dos pincéis.

 

OLIVEIRA, Eustáquio Gorgone de.  Manuscritos de Pouso Alto.  Rio de Janeiro: 7Letras; Juiz de Fora, MG: Fanalfa, 2004.  75 p.  12x19 cm.   ”      “ Eustáquio Gorgone de Oliveira “ Ex bibl. Antonio Miranda

 

20.

 

as garrafas estão rindo

de quem tem sede maior.

o pai a filha a cidade?

a noite vem primavera

desse lençol não se foge.

as garrafas estão rindo

do vício e sonho paternos.

 

onde vai dar esse rio

o pai a filha a cidade?

as garrafas estão rindo

de quem tem sede maior.

 

 


TEXTOS EN ESPAÑOL

3

Traducción de Jesús Sepúlveda


Los hombres se acomodan en los oficios,
como los cuerpos en los ritos funerarios.
En casa prenden círios
con brillantes arreglos.
Y en el sueño la rueca persiste.

iAh! encantadores duraznos,
hojas amarillas y marchitas.
Para los hombres el cielo de Julio
es el mismo cielo de diciembre.
Todos se conforman en glebas,
y nada cosechan de sus labores.

 

Fuente: HELICOPTERO, V.3-4, 2000, Eugene, Oregon, EE.UU. (Los editoresson profesores del Depto. de Lenguas Neolatinas, de la Universidad de Oregon.)

 

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TEXTS IN ENGLISH


3

Translation by Steven White

Men settle into their Jobs
like bodies at funerals.

At home they lignt tapers
in brilliant arrangements.
And in sleep the distaff persists.

Ah! Sweet peach-trees,
wthered, yellow leaves.
For men the July Sky
is the same sky as in December.
All sink into serfdom
and reap nothing for their labors.

 
From: HELICOPTERO, V.3-4, 2000, Eugene, Oregon, EE.UU. (The newspapers directors are professors of the Romance Dept. Languages, University of Oregon.)

Página publicada em novembro de 2008. página republicada em dezembro de 2014.




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