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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CACASO (ANTÔNIO CARLOS DE BRITO)

CACASO  (ANTÔNIO CARLOS DE BRITO)
(1944-1987)


Nasceu em Uberaba (MG), no dia 13 de março de 1944. Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós. Seu primeiro livro, "A palavra cerzida", foi lançado em 1967. Seguiram-se "Grupo escolar" (1974), "Beijo na boca" (1975), "Segunda classe" (1975), "Na corda bamba" (1978) e "Mar de mineiro (1982). Seus livros não só o revelaram uma das mais combativas e criativas vozes daqueles anos de ditadura e desbunde, como ajudaram a dar visibilidade e respeitabilidade ao fenômeno da "poesia marginal", em que militavam, direta ou indiretamente, amigos como Francisco Alvim, Helena Buarque de Hollanda, Ana Cristina Cezar, Charles, Chacal, Geraldinho Carneiro, Zuca Sardhan e outros. No campo da música, os amigos/parceiros se multiplicavam na mesma proporção: Edu Lobo, Tom Jobim, Sueli Costa, Cláudio Nucci, Novelli, Nelson Angelo, Joyce, Toninho Horta, Francis Hime, Sivuca, João Donato e muitos mais. Em 1985 veio a antologia publicada pela Editora Brasiliense, "Beijo na boca e outros poemas". Em 1987, no dia 27 de dezembro, o Cacaso é que foi embora. Um jornal escreveu: "Poesia rápida como a vida".

Em 2002 é lançado  o livro "Lero-Lero", com suas obras completas.
Fonte da biografia: www.releituras.com/

“De él se dice que há escrito “la educación sentimental de su generación”, cdnde el binômio poesía y vida se estrecfha”.  Adolfo Montejo Navas
Livros de poesia: A palavra cerzida (1967); Grupo Escolar (1974), Segunda Classe (1975), Na corda bamba (1978), Mar de Mineiro (1982), Beijo na boca e outros poemas (1985).

 

Ver também>>> ANA CRISTINA CESAR REVISITADA: três olhares distintos, por CARLITO AZEVEDO e LEONARDO MATINELLI – ENSAIOS – Inclui textos de SEBASTIÃO UCHOA LEITE, CACASO e ARMANDO FREITAS FILHO.


TEXTOS EM PORTUGUÊS
    /    TEXTOS EN ESPAÑOL


Poesia
Eu não te escrevo
Eu te
Vivo
E viva nós!

 

                                   (Cacaso, Beijo na boca e outros poemas, 1985)


INTEGRAÇÃO DA NOITE

Meu neto prolonga meu filho:
                   O mundo não tem conserto.
Um latido ao longe me diz que é noite:
O arrepio da memória.
Há milênios alimentamos esta fogueira.
À sombra de meu queixo
a torre transfigurada e o
                                      cão:

Língua nervosa lambendo o infinito.

                                   (De A palavra cerzida, 1967)


AQUARELA

O corpo no cavalete
e um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde — de nossas matas
o amarelo — de nosso ouro
o azul — de nosso céu
o branco o negro o negro

                                   (De Grupo escolar, 1974)

 

CINEMA MUDÓ III

Vejo seu retrato como se eu
já tivesse morrido.
Grinaldas batem continência.

Livre na sua memória escolho a forma
que mais me convém: querubim
                            gaivotas blindadas
suave o tempo suspende a engrenagem.
Do outro lado do jardim já degusto
os inocentes grãos da demência.

                                   (De Beijo na boca, 1975)

 

ESTÁGIO DO ESPELHO

Ah os olhos que me viam!
Como eu era belo e gentil a certos olhos que me viam!
Agora, diante de mim mesmo,
não suporto esta coisa horrenda que brota
de minhas macias faces, que morre e nasce.

Nos olhos de quem terei perdido a minha face?

                                   (De Beijo na boca, 1975)

 

BERÇ0 ESPLÉNDIDO

De águas pretas e mansas é feito meu sangue
onde toda fúria é represada. Nada compensa
a lentidão da miséria jamais na lembrança
sepultada.
Imperceptível meu braço fende — como num
Coice — o crânio rubro da madrugada.


                                   (De Segunda classe, 1975)

 

CACASO [BRITO, Antonio Carlos de]  Lero-lero [1967-1985] .São Paulo: CosacNaif, 2012.  283 p.   (Cosacnaif portátil, 1) 12x17 cm.  Inclui textos dos livros (e imagens das capas originais) Mar de Mineiro (1982), Na corda bamba (1978), Segunda classe (1975), Beijo na boca (1975), Grupo escolar Ç(1974), A palavra cerzida (1967) e Inéditos & outros. Obras originalmente em edições alternativas, manuais e marginais.  Col. A.M.

 

 

REENCONTRO

 

Percorres a casa e observas: o corredor é longo,

quantos quartos, e eu navego teus olhos

                                              escavando

nossos corpos noturnos mapeados.

Pouco a pouco as formas endurecem e nos vemos

por fim pacificados: não sou quem pensas não és    

       quem penso,

amargos nos deixamos tão carentes

desta fome por tanto acumulada.

Chegaste agora quando a vida é escombros e nossas

                                              outras imagens

se entrelaçam mas não basta, e nossos corpos

!   se esfriam geminados.

;   Por entre lençóis e amoras por entre veios

e gomos cavamos nosso vazio e ali

                                              nos interpomos:

                                       do que não somos saudosos

sobreviventes do que fomos.

 

 

O PÁSSARO INCUBADO

 

O pássaro preso na gaiola

é um geógrafo quase alheio:

Prefere, do mundo que o cerca,

não as arestas: o meio.

 

É isso que o diferencia

dos outros pássaros: ser duro.

Habita cada momento

que existe dentro do cubo.

 

Ao pássaro preso se nega

a condição acabado.

Não é um pássaro que voa:

É um pássaro incubado.

 

Falta a ele: não espaços

nem horizontes nem casas:

Sobra-lhe uma roupa enjeitada

que lhe decepa as asas.

 

O pássaro preso é um pássaro

recortado em seu domínio:

Não é dono de onde mora,

nem mora onde é inquilino.

 

RIO, 1963.

 

 

 

 

CACASO

De
CACASO
[ Antonio Carlos de Brito ]
NA CORDA BAMBA
 Desenhos de José Joaquim de Salles e Tomás Salles; 
prefacio de Heloisa Buarque de Hollanda.
 Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2004..   100 p.  ilus. col.   
ISBN 978-85-88747-07-3
 

 

Edição bem cuidada in memoriam de um dos nossos grandes ídolos dos anos da repressão política e da renovação de costumes.  Quem mais entendeu e promoveu aquela geração contra-corrente, de enfrentamento aos ideologismos polarizados e a contra-cultura foi justamente Heloisa Buarque de Hollanda que assina o texto introdutório do livro da editora Bem-te-vi: "Sabidíssimo, meio interiorano, meio irônico, ressabiado, conseguindo manter uma ambiguidade constante, Cacaso foi fiel a esse personagem em todas as situações. Como poeta, como professor, como letrista, como amigo."  Heloisa cita Roberto Schwartz por sua argúcia ao traçar o perfil do poeta: "A estampa de Cacaso era rigorosamente 68: cabeludo, óculos John Lennon, sandálias, paletó vestido em cima de camisa de meia, sacola de couro", descendo a outros detalhes que caracterizam o personagem-tipo de seu tempo.  A edição resgata as imagens e os textos e ganha visibilidade pelo excepcional e extravagante projeto gráfico — que a princípio confunde com um livro infanto-juvenil, talvez a propósito—  e se define melhor pelos recursos de montagem de textos que as novas tecnologias permitem.  Peça indispensável na coleção não só de estudiosos do tema da nossa poesia "marginal", mas sobretudo dos bibliofilos caçadores de peças de interesse gráfico.   A.  M.

Exemplo de uma das páginas do livro, todas ilustradas.

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TEXTOS EN ESPAÑOL
Tradução de Adolfo Montejo Navas


INTEGRACIÓN DE LA NOCHE

Mi nieto prolonga a mi hijo:
                   El mundo no tiene arreglo.
Un ladrido a lo lejos me dice que es noche:
El escalofrío de la memoria.
Hace milênios alimentamos esta hoguera
la torre transfigurada  el
                                      perro:

La lengua nerviosa lamiendo el infinito.


                                   (De A palavra cerzida, 1967)

ACUARELA

El cuerpo en el caballete
y un pájaro que agoniza
exhausto del propio grito.
Las vísceras revueltas
comienzan la cuenta
atrás.
En el suelo la sangre
se descompone en matices
que la brisa besa y balancea:
el verde — de nuestras matas —
el amarillo — de nuestro oro—
el  azul — de nuestro cielo —
el blanco  el negro   el negro

                (De Grupo escolar, 1974)


CINE MUDO III

Veo tu retrato como si yo
ya hubiese muerto.
Guirnaldas golpean continencia.

Libre en tu memoria escojo la forma
que más me conviene: querubín
                   gaviotas blindadas
suave el tiempo suspende el  engranaje.
Del otro lado del jardín ya saboreo
los inocentes granos de la demencia.

            (De Beijo na boca, 1975)


ESTAGIO DEL ESPEJO

¡Ah los ojos que me veían!
¡Cómo yo era bello y gentil a ciertos ojos que me veían!
Ahora, delante de mí mismo,
no soporto esta cosa horrenda que brota
de mis suaves rostros, que muere y nace.

¿En los ojos de quién habré perdido mi rostro?

                            De Beijo na boca (1975)

 

CUNA ESPLENDIDA

De aguas negras y mansas está hecha mi sangre
donde toda furia es represada. Nada compensa
la lentitud de la miseria jamás en la memoria
sepultada.
Imperceptible mi brazo hende —como en una
Coz — el cráneo encarnado de la madrugada.

(De Segunda classe, 1975)

 

*Extraídos de Correspondencia celeste. Nueva poesía brasileña (1960-2000). Introducción, traducción y notas de Adolfo Montejo Navas.  Madrid: Árdora Ediciones, 2001 – Obra publicada com o apoio do Ministério da Culta do Brasil.

Página publicada em junho  de 2009



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