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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA MINEIRA

Coordenação de MARCIO ALMEIDA

 




ANDREIA DONADON LEAL

 

Andreia Donadon Leal (Déia Leal), natural de Itabira, MG, cresceu em Santa Bárbara, MG e atualmente reside em Mariana, MG. Artista plástica, poeta, contista, Licenciada em Letras pela UFOP, Bacharel em Estudos Literários e Pós-graduanda em Artes Visuais – Cultura e Criação.  Membro da Comissão Editorial e Ilustradora do Jornal Aldrava Cultural e Associação Aldrava Letras e Artes, Governadora do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais em Minas Gerais. Membro da Academia de Letras Rio – Cidade Maravilhosa e da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores.

 

Escreve contos, crônicas e poemas para o Jornal Aldrava Cultural desde 2002. Publicou o livro de Hai-kais “Nas Sendas de Bashô” em 2005 com a senda I – Quase! Publicação de Contos em Prosa Gerais – Antologia – Clesi  - Ano 2006.Publicação de Poesias em “Poesias de Bolso” – Clesi – 2005 e 2006. Publicação de poemas e contos em Revistas Culturais Eletrônicas no Brasil, Chile, Espanha e Argentina. Publicação do Livro de Poesias “Cenário Noturno” em 2007. Premiada no 4º CECON e 5° CECON, Concurso Estadual de Contos, 2004 e 2005, do CLESI, Ipatinga, MG. 1º lugar no Concurso Nacional de Poesias “Prêmio Cataratas” - 2006 – Foz do Iguaçu - Paraná. Menção Honrosa no 5° Concurso Nacional de Contos Guemanisse – 2007. Destaque Literário no Concurso Internacional Letras Premiadas – ALPAS – 2007 – Crônica e Poesia. deiadonadon@yahoo.com.br 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   /   TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

FLOR DE LARANJEIRA

 

Não recolho

mato

erva

e

capim

no fundo do quintal.

Destroçaram

verde

cor-de-rosa

violeta

e

minha flor de laranjeira.

Meus olhos tristes

miram

as folhas secas

do mato

da erva

e

da flor de laranjeira.

Verde desbotou

cor-de-rosa desapareceu,

restou

:

sépia misturado

com vermelho ocre.

Só no fundo do quintal

um galhinho tímido

de flor de laranjeira

camuflado.

 

 

 

ESQUIZO

 

tereza

tico

tuca

limpa salão

mãe lava roupa

pega fogo no gelo

pai arrasta pneu quadrado

carro de lata amassada

dois homens se matam

trânsito congestionado

linha vermelha

linha amarela

arreeeeeeeee!

apito paciente

cara de político

carro no meio do capim

buracos

sinalização divergente

na fila

banco de SUS vazio

marmelada-sobremesa

queijo suíço

detergente com fragrância de CPU

armário cheirando à geladeira

rato voa

cavalo rasteja

cobra galopa

mala na cabeça

pássaros comendo árvores

urubus arrotando perfume

latas de lixo

boca de barata

ponta de asa de vespa

varal de roupas sujas

riso amarelo

enfado

parafuso solto

literal

dicionário

pontas de giz

cuspe no chão

postal sujo

desenho em nuvens

cenário telúrico

pragas vestidas de branco

comadre debaixo da bunda

travesseiro babado

duas cartelas e meia de pastilhas

sossega leão

:

Esquizofrenia

 

 

PORTAL DE AFRODITE

 

Minha voz de mulher

versos noturnos

conhece a gama

e

as vibrações sonoras

de múltiplas vozes

arrancadas do fundo da alma

minha voz de mulher

reversos sombrios

irrompe

as trevas do frio insano

ou

das ondas de calor

que suam e despejam

desidratação do corpo

rompo barreiras

ressurjo das trevas

em toque tênue na cor lilás

sobre pontos escuros do amor

para apor

múltiplas vozes

que se emaranham

dentro do meu ser

minha voz de mulher

arma-da garganta

brada ao mundo

:

- tristes palabras

si no hablam de amor.

 

 

CHORO

 

tenho que chorar

há muitas águas

inundando minh'alma...

 

um mar se agiganta

no pélago do ser

e

entorna

doces águas amargas...

 

meu choro não é triste

nem sentido,

é injustiçado...

vou chorar minhas gotas

e

molhar as águas do atlântico

e

os seixos rolados.

 

- tenho que chorar, ora!

o choro insiste em brotar

pela abertura dos olhos

e

correr livremente

rosto afora

 

choro?

quem foi que disse

que homem não chora

?

não esparrama líquidos pela fresta dos olhos

e

geme balbucios incompreensíveis

?

 

vou chorar, ora

!

se homem

mulher

...

um dia, todos

todos choram

 

 

CHEIRO DE PÊSSEGOS

 

Sinto cheiro suave de pêssegos

penetrando minhas narinas,

cheiro de fruta madura aberta

e

semente fresquinha

dura, tenra

dentro de fruto.

Cheiro agridoce

desperta minha gula

de abrir a boca

e

devorá-la inteira.

Sinto cheiro suave de pêssegos

assanhando minha libido.

 

 

AMOR SEM CENSURA

 

O que é meu amor, se não consumo

irracional de gotas de suor

hidratando pele

e

desidratando corpo

?

 

Meu amor

:

Raimunda no país das maravilhas

casamento de véu e ramalhete de flores secas

carruagem com pneu furado

guiada por chofer

embriagado.

 

Quem disse que o amor ultrapassa sinal

em via única e sobrevive

a voltas e idas

?

 

Meu amor

:

pio de coruja

choro de gata em cio,

pedra pontiaguda

no

início

meio

e

fim

 

Meu amor

:

proibido,vagabundo, velhaco,

repressão de sentimentos

e sensações censuradas. 

 

 

 

LEAL, Andreia Donadon.BICALHO, Gabriel, organizadores.  O LIVRO II DAS ALDRAVIAS / EL LIBRO II DE LAS ALDRAVIAS.  Tradução e adaptação para o Español: Begoña Montes Zofío e Andreia Donadon Leal.  Marina, MG: Aldrava Letras e Artes, 2013.  344 p.  15x122 cm.  Arte da capa: Deia Leal. ISBN 978-85-89269-65-0  Antologia bilíngue.  Col. Bibl. Antonio Miranda

 

 

 

 

 

HAICAIS ao Sol.  II Antologia de Haicais 2008. Org. Débora Novaes de Castro.  São Paulo:         Editora VIP, 2008.  112 p  14 X 21 cm.  ISBN  978-85-60287-02-04  “Homenagem aos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil”.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Flor desabrochada:
rompem-se por entre as pétalas
pérolas de mel.

 

*

 

Reclama o sanhaço:
que espinhenta araucária
sem feira de frutas!

 

*

 

 

Duas sapatilhas,
farfalhar de saia de filó
salto de bailarina.

 

*

 

Meio século
por um dia
com minha mãe.

 

*

 

Tapete de esmeralda

adorno de haná:
estação primavera.

*

Um louco agitado,
longos cabelos no espaço...
Dança dos bambus.

 

*

 

Intrigante lua
amarela como um sol
queimadas de agosto.

 

*

 

Paredão de pedra no costado do Caraça: broto de bromélia

 

***

 

 

Notas (da autora): 1. haná: flor ou flores Serra localizada na Estrada Real, Município de Catas Altas, Minas Gerais, onde está o histórico Colégio Caraça.

 

 

 

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

FLOR DE NARANJO

 

no recojo

matorral

hierva

y

capín

en el fondo del patio

destrozaron

verde

rosa

lila

y

mi flor de naranjo

mis ojos tristes

miran

las hojas secas

del matorral

de la hierva

de la flor de naranjo

verde deslustró/

rosa desapareció

restó:

sepia mesclado

con rojo ocre

solo al fondo del patio

una ramita tímida

de flor de naranjo

camuflada.

 

 

ESQUIZO

 

tereza

tico

tuca

limpia salón

mamá lava la ropa

papá arrastra neumático cuadrado

coche de lata amasada

dos hombres se matan

tránsito cogestionado

línea roja

línea amarilla

¡arreeeeee!

pito paciente

cara de político

coche en el medio del capín

agujero

señalización divergente

en la fila

banco de sus vacíos

dulce de membrillo-postre

queso suizo

detergente con fragancia de ordenador

armario oliendo a nevera

ratón vuela

caballo rastrea

serpiente galopa

maleta en la cabeza

pájaros comiendo árboles

buitres eructando perfume

contenedores de basura

boca de cucaracha

punta de asa de avispa

alambre de ropas sucias

risa amarilla

enfado

tornillo suelto

literal

diccionario

puntas de tiza

esculpo en el suelo

postal sucio

diseño en nube

escenario telúrico

plaga vestidas de blanco

comadre debajo del culo

almohada babeada

dos cartelas y medias de pastillas

tranquiliza hasta a un león:

esquizofrenia

 

 

PORTAL DE AFRODITE

 

mi voz de mujer

versos no leídos

conoce la gama

y

las vibraciones sonoras

de múltiples voces

arrancadas del fondo del alma

 

mi voz de mujer

reversos sombríos

irrumpe

las tinieblas del frío inmenso

o

de las ondas de calor

que sudan y vierten

deshidratación del cuerpo

 

rompo barreras

resurjo de las tinieblas

toque tenue en el color lila

sobre puntos oscuros del amor

para yuxtaponer

múltiples voces

que se enmarañan

dentro de mi ser

arma da garganta

vocea al mundo:

- tristes palabras

si no hablan de amor

 

 

LLORO

 

tengo que llorar

hay muchas aguas

inundando mi alma…

 

un mar se agiganta

en el piélago del ser

y

derrama

dulces aguas amargas

mi lloro no es triste

ni sentido,

es injustificado

voy a llorar mis gotas

y

mojar

las aguas del atlántico

guijas roladas

-¡tengo que llorar, ora!

el lloro insiste en brotar

por la apertura de los ojos

y

correr libremente

cara afuera

¿lloro?

¿quien fue que dije

que hombre no llora?

¿no desparrama líquidos en la rendija de los ojos

gime balbucíos incomprensibles?

¡Voy a llorar, ora!

Si hombre o mujer

un día,

todos lloran

 

 

AROMA

 

siento aroma de melocotón

penetrando mis narinas

aroma de fruta madura

y semilla fresquita

dura, tierna

dentro del fruto

despierta mi gula

de abrir la boca

y

la devora  entera

siento aroma de melocotón

inflamando mi libido.

 

 

AMOR SIN CENSURA

 

¿lo que es mi amor, si no consumo

irracional de gotas de sudor

hidratando la piel

y

deshidratando el cuerpo?

mi amor:

raimunda en el país de las maravillas

bodas de velo y ramillete de flores secas

carruaje con neumático perforado

conducido por chofer

emborrachado.

¿quién dije que el amor ultrapasa señal

en vía única y sobrevive

a vueltas y idas?

 

mi amor:

pío de coruja

lloro de gata en celo

piedra puntiaguda

en el

inicio

medio

y

fin

 

mi amor

prohibido, vagabundo, bellaco

represión de sentimientos

y sensaciones censuradas.

 

 

 

 Página publicada em maio de 2008; p�gina ampliada em janeiro de 2020.



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