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OLIVERIO GIRONDO
(1891-1967)

VEJA TRADUÇÕES DE ANTONIO MIRANDA DE POEMAS

DE OLIVÉRIO GIRONDO:
 (textos bilingües: Português e Español)

[Vea también: POESÍA VISUAL]

Tradução e apresentação de Antonio Miranda

Girondo é paradoxal, instigante, desconcertante. Seu conterrâneo Jorge Luis Borges reconhecia publicamente não apreciar a sua poesia: "Girondo es un violento. Mira largamente las cosas y de golpe les tira un manotón. Luego, las estruja, las guarda. No hay aventura en ello, pues el golpe nunca se frustra".

Aliás, muito pelo contrário. Girondo se aventura aos limites de uma poesia encarnada, denunciadora, demolidora de mitos e valores. Um vanguardista.

Girondo estréia em 1922 com um livro incomum: Veinte poemas para ser leídos en el tranvía. Ainda havia bonde. Ele assustava um público cultor de crenças e estilos literários edificantes, românticos, bem comportados, próprios para os saraus literários. Girondo vomitava... Nâo era para ser lido no salão, preferia o bonde, a rua. Como explica seu antologista Aníbal Jarkowsky: "Sin que resulte contradictorio, de la poesía de Girondo puede decirse que es moderna porque es sincera pero autobiográfica; porque es sensual pero insensible; porque es extraña pero espontánea. Acaso como Dante, que percibió y lamentó la pérdida de un mundo e imaginó detenerla con un simulacro de eternidad, es probable que Borges no apreciara la poesía de Girondo porque en ella advertía, no sin espanto, que el siglo XX había comenzado." 

Poeta considerado materialista, iconoclasta, maldito. Das palavras dessimbolizadas, sem muita ou nenhuma metafísica, palavras-objetos, diretas, anunciando e denunciando sentidos e sem-sentidos. Tem a liberdade e a naturalidade dos surrealistas no ato de produzir, de sonhar, sem barreiras psicológicas ou morais, mas não ficou no automatismo do subconsciente. Ao contrário, é lúcido, objetivo e preciso, numa linguagem lavada e até mesmo despoetizada. Mergulha no eu intranscendente, sem esperanças, sem remissão.

Tem muito do esperpentismo, de grotesco e até de escatológico, sobretudo nos livros seguintes - Calcomanías (1925) e Espantapájaros (1932), culminando com Persuasión de los días (1946) e com o desconcertante En la mesmédula (1956). Girondo era também artista plástico - a la Goya, esperpêntico...- e sua poesia reflete muito das imagens que vão deixando de refletir o mundo exterior, do concreto para o abstrato, criando poemas-quadros, pinturas verbais desfigurantes.

Andei por Buenos Aires em minha juventude (1962) e cheguei a ter uma breve entrevista com Jorge Luís Borges, levado pelo meu amigo Manuel Mujica Láinez. Borges já era a figura máxima das letras argentinas - Manuel Mujica Láinez também vivia a sua glória literária - mas Girondo devia ser um autor de minorias, uma espécie de marginal das letras mas com seu público certo, minoritário. Não tive - ou não me lembro... - de ler ou ter ouvido falar de sua obra. Certamente que ela teria causado em mim o mesmo (ou ainda maior) impacto do que causaram os versos de César Vallejo, de Ernesto Cardenal, de Nicanor Parra.

Só descobri a obra de Girondo em 2002 quando caiu em minhas mãos um exemplar da excelente revista brasilense de literatura Gárgula, no único número - infelizmente!!! - de sua existência. O texto "Oliverio Girondo - a palavra no fio da navalha" com poemas nas versões originais e traduzidas ao português por Antônio Máximo Ferraz. O ensaio de Ferraz que antecede a seleção dos versos de Girondo merece ser lido por sua amplitude e capacidade analítica e parece sugerir que Girondo influenciou alguns de nossos poetas modernistas.

Na penúltima viagem (2002) que fiz à capital argentina, com meus amigos Victor Alegria, Anderson Braga Horta, José Jeronymo Rivera e Santiago Naud - íamos todos os dias - ávidos! - às livrarias, mas eu ainda não conhecia o poeta Girondo. No ano passado (2003), saí à busca de sua obra, por sorte toda ela disponível em edições recentes.

Desse encontro com a obra extraordinária de Oliverio Girondo veio a idéia de divulgá-lo entre os leitores de poesia no mundo lusofônico. Em edições futuras desta página pretendemos revelar outros poemas mesmo sabendo que Girondo é para uma leitura reservada, longe dos grandes holofotes, para iniciados, para um público especial.

 

FERRAZ, Antonio Máximo. Oliverio Girondo - A Palavra no Fio na Navalha. Gárgula - Revista de Literatura, Brasília, N. 1, 1997, p. 24-35.

GIRONDO, Oliverio. Textos selectos. Selección y prólogo de Aníabl Jarkowski. Buenos Airtes: Corrregidor, 2001. 125 p.


POEMAS DE OLIVERIO GIRONDO
tradução de
AUGUSTO DE CAMPOS
extraídos da revista
QORPO ESTRANHO - CRIAÇÃO INTERSEMIÓTICA
N. 2   SET-OUT-NOV-DEZ 1976


O PURO NÃO

o não

o não inóvulo

o não innão

o não pósiodocosmos de impuros zeros que nãoam nãoam

o nãoãoam

o pluriano nãoão ao morbo amorfo innão

não dêmono

não deo

sem som sem sexo nem órbita

o hirto inósseo innão no uníssolo amódulo

sem poros já sem nódulo

nem eu nem cova nem fosso

o macro não nem polvo

o não mais nada tudo

o não mais nada tudo

o puro não

sem não


PLEXÍLIO

egofluido
                       éter vago
                                               ecocida
                                                                           ergonada
no plespaço
                            prófugo
fluxo fátulo
                                      não sopro
sem nexo anexo ao êxodo
                                            no coespaço
                                                                              afluido
nubífago
                            prépseudo
                                                     heliomito
                                                                             subzero
párialapso de exíio
                                     no não espaço
                                                                                      ido

GIRONDO, Oliverio.  20 poemas para ler no bonde   com fotografias de Horacio Coppola. Tradução de Fabrício Corsaletti & Samuel Titan Jr.  São Paulo, SP: Editora 34, 2014.  112 p.  (Coleção Fábula)  15x22 cm.  ISBN 978-85-7356-565-1. Inclui  10 ilustrações em cores de Oliverio Girondo, da 1ª. edição do livro publicada em Paris, em 1922. Tiragem: 2000 exs. Com o apoio do Programa Sur de Apoio a Traduções do Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da República Argentina. 

BELA SURPRESA: uma edição bilingue dos “20 POEMAS PARA LER NO BONDE”  de OLIVERIO GIRONDO (1891-1967), poeta vanguardista argentino, em traduções de Fabricio Corsoletti e Samuel Titan Jr. Ele era uma figura polêmica, frequentador dos movimentos dadaístas, cubistas  e surrealistas na Europa e simpatizante do Ultraismo hispânico, na época das entreguerras do século 20. Jorge Luis Borges e Oliverio Girondo eram figuras populares e opostas. Borges  -dizem — sentia ojeriza por ele e por sua poesia. Borges era olímpico e Girondo, dinonisíaco.  “Girondo é paradoxal, instigante, desconcertante”, escrevi sobre ele, tempos atrás.  Dois gênios em direções opostas. Girondo era um surrealista subtropical, experimentava as novidades estilísticas (vivia em viagens de navio entre a Argentina e a Europa, tendo passado pelo Rio de Janeiro, tema de um de seus poemas do livro).

Em 2004 criei esta página sobre ele, com um texto meu de apresentação. Agora, tentando contornar a rigidez dos “direitos autorais”, atrevo-me a publicar — valendo-me do conceito internacional do “fair use” para efeitos culturais — dois poemas para recomendar o livro editado —enhorabuena!!! — pela Editora 34, disponível nas livrarias.

 

EXVOTO
          Buenos Aires, octubre, 1920

 

A las chicas de Flores

 

Las chicas de Flores, tienen los ojos dulces, como las almendras azu-

caradas de la Confitería del Molino, y usan monos de seda que les liban

las nalgas en un aleteo de mariposa.

 

Las chicas de Flores, se pasean tomadas de los brazos, para transmi-

tirse sus estremecimientos, y si alguien las mira en las pupilas, apretan

las piernas, de miedo de que el sexo se les caiga en la vereda.

 

Al atardecer, todas ellas cuelgan sus pechos sin madurar del ramaje

de hierro de los balcones, para que sus vestidos se empurpuren al sen-

tirlas desnudas, y de noche, a remolque de sus mamas—empavesadas

como fragatas— van a pasearse por la plaza, para que los hombres les

eyaculen palabras al oído, y sus pezones fosforescentes se enciendan y se

apaguen como luciérnagas.

 

Las chicas de Flores, viven en la angustia de que las nalgas se les pu-

dran, como manzanas que se han dejado pasar, y el deseo de los hombres

las sofoca tanto, que a veces quisieran desembarazarse de él como de un

corsé, ya que no tienen el coraje de cortarse el cuerpo.

 

EX-VOTO
             Buenos Aires, outubro, 1920

 

Às moças de Flores

 

As moças de Flores têm os olhos doces como as amêndoas açucaradas da Confitería del Molino e usam ligas de seda que sorvem seus traseiros num esvoaçar de mariposa.

 

As moças de Flores passeiam de braços dados para transmitir seus arrepios umas às outras e, se alguém olha para elas direto na pupila, apertam as pernas, de medo que o sexo caia na calçada.

 

De tarde, todas elas penduram os peitos ainda verdes na galharia de ferro das sacadas, para que seus vestidos fiquem roxos ao senti-las nuas, e à noite, a reboque das mamães—empavesadas feito fragatas—, vão passear na praça, para que os homens ejaculem palavras em seus ouvidos

e seus mamilos fosforescentes se acendam e apaguem como vaga-lumes.

 

As moças de Flores vivem na angústia de que seus traseiros apodreçam feito maçãs que acabaram passando, e o desejo dos homens sufoca-as tanto que às vezes bem gostariam de se livrar dele como de um corselete, já que não têm coragem de cortar o corpo em pedacinhos e atirá-lo a quem passa pela calçada.

 

 

 

 

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